sexta-feira, 6 de junho de 2014

A marvada


Beber cachaça pra mim sempre foi uma coisa tão natural que eu até hoje estranho quando alguém me olha torto ao ouvir “eu adoooooro cachaça” saindo da minha boca. Cachaça na minha família sempre significou comemoração, coisa boa, alegria. Venho de uma família de homens e mulheres fortes. À exceção do meu avô (surpresos?!), todo o resto da família bebe, mesmo que seja uma dose pra acompanhar os mais cachaceiros – eu incluída, claro.

Cachaceiro. A palavra costuma vir carregada de preconceito. Não é só a palavra. Quando me casei, decidimos que não serviríamos whiskey, mas sim uma cachaça de primeira. Vocês não imaginam a cara da mulher do buffet quando ouviu isso. E ainda se negou a me alugar um vasilhame pra minha valiosa cachaça. Fiquei puta. Mas tava chegando a hora e resolvi não me estressar com isso. Levei a licoreira da minha mãe e foi um sucesso! Tem uma foto minha também fumando charuto e bebendo uma cachaça, vestida de noiva. Não me lembro quem viu, não me reconheceu e perguntou quem era a vagabunda. Fiquei com dó. A foto é linda!

Enfim, isto já há quase nove anos e de lá pra cá ficou cool beber cachaça. A Expocachaça assumiu proporções grandiosas! Agora tem até show. E não é que mais um monte de gente apareceu dizendo que sempre gostou da marvada?!

Enfim, quem sou eu pra julgar, né? Fato é acabei virando meio que uma referência sobre cachaça entre meus amigos e conhecidos. Não que eu seja uma entendida da fabricação de cachaça, não sou. Não me lembro de ter ido a algum alambique nos últimos x anos (não, não vou denunciar desde quando eu bebo rs). O que eu sei sobre cachaça aprendi ouvindo e bebendo. 

Há cachaças e cachaças. Cachaça branca, nova, amarela, envelhecida, mais seca, mais suave, adocicada, amarguinha. Mas o mais importante saber é que há cachaças boas e cachaças tão ruins que só o cheiro já dá ressaca! Fica a dica: antes de beber, cheire! Arrepiou? Ardeu lá dentro do nariz? Bebe não! Provavelmente você estará diante de metanol com cara de cachaça. Ou a cachaça de cabeça, como se diz. É a primeira que sai no alambique no momento da fabricação. É forte pra burro. Se você não estiver acostumado com bebida forte, vai cair pra trás. Particularmente eu não gosto.

Enfim, cheirou? Gostou? Então pode se servir. Observe o líquido. A cachaça não pode ser turva. Ela deve ser cristalina, brilhante. Se for nova, será bem fluida, como água. Se for mais antiga, será meio licorosa. Basta girar o copo, deixando subir um pouco pelas laterais e observar como as gotas descem. Você vai perceber a diferença. Principalmente quando provar.

Cachaça nova é boa pra fazer caipirinha. E branca. Não sei por que não acho que cachaça amarela faça uma boa caipirinha. Já uma amarelinha envelhecida tem o seu lugar! Muito melhor que muito whiskey! E cachaça verde não é muito minha praia não. Nem aquelas cachaças aromatizadas. Cachaça boa, pra mim, é cachaça envelhecida em tonel de madeira por pelo menos 5 anos. É uma delícia!

Mas cada um tem um gosto, né? Respeitemos. Há quem goste de cachaça industrializada. Feio eu ficar citando nomes aqui, mas aquela Vale Verde que vendem nos supermercados é ruim de lascar! E o pior é que saiu na Playboy um monte de elogios e tals. Como diriam minhas amigas gaúchas: bah! 

E já que falei de uma que eu não gosto, então vou falar das que gosto, né? A Áurea Custódio é uma cachaça que gosto bem. Tem dela de 1 ano, 3 anos e 5 anos. Não preciso dizer que gosto mais da de 5 anos. A Bodocó também me agrada bastante. Agora se você estiver a fim de gastar algumas centenas de reais, a melhor de todas é a Havana. Não tem como negar. 

Calma, meninas! Não estou querendo levar ninguém à falência! Há uma excelente alternativa. Não baratinha, mas que não custa mais de 300 reais. A Anísio Santiago é exatamente a mesma cachaça da Havana. Mesmo fabricante, mesmo alambique. 


Laeticia é cachaceira há muito tempo. E nunca se acanhou em admitir isso.

(e dedica este post à balzaca Deia)



3 comentários:

andreia disse...

Adoro tuas fotos com charuto!
Transborda estilo!

Deu vontade de fazer uma degustação cachaceira! (fica para um outro findi, nesse será quentão, o gaúcho, com vinho... coisa boa!)

;)

Andréia B. Borba disse...

Lae, sinceramente, amei o post!!!
Salivei do início ao fim!!
E, além disso, é uma utilidade pública!!!
Agradeço a gentileza e disposição em escrever isso a meu pedido! Amei milhões de vezes e já estou louca para beber uma marvada! ;)
Bjs querida!

Carlinha disse...

Estou aprendendo a gostar da Marvada. E olha que tenho gostado bem! Tanto dela pura quanto da caipirinha tradicional! Tenho me fartado! Precisamos encontrar prá bebermos juntas! Saudade!

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