As histórias contadas para as crianças, geração após geração, não apenas
conectam essas gerações umas nas outras, como também passam lições de vida, a
tal " moral da história". Desde criança gosto das palavras...das histórias,
contadas oralmente e das histórias escritas. Hoje em dia ouço podcasts, mas na
infância uma das melhores atividades da escola era, sem sombra de dúvida, a hora
do conto! Lembro que minha professora da pré escola lia diariamente um trechinho
de um livro "enorme" e eu amava esse momento.
Lembro com uma sensação de orgulho
quando a bibliotecária desistiu de tentar me fazer reler os livros "para os
pequenos", e finalmente me liberou para a retirar livros da "ala dos grandes"!
Lembro de algumas histórias que me marcaram, como a da cigarra e da formiga. Eu
oscilava entre achar muito injusto que a cigarra passasse frio e achar que era
resultado de ela não ter se preparado (esse era o enfoque dado quando eu ouvia
essa história, um aviso pra nunca pararmos de trabalhar...). Mesmo assim, eu não
conseguia achar certo que uns tivessem conforto e outros, nada. Porém não
conseguia expressar e discutir sobre esse dilema, assim como tantos dilemas da
infância, e guardei ele.
Quando percebi que a cultura também é importante, e não
apenas o trabalho, eu lembrei muito dessa história da cigarra e da formiga. Será
que a formiga não aproveitava as canções da cigarra? Será que elas não tornaram
a labuta mais leve? Será que ela não poderiam ter cooperado, cada uma fazendo
seu melhor e ajudando-se, mutuamente? Não sei como foi, e nem qual a melhor
solução, mas penso que pelo diálogo entre cigarras e formigas, e pelo
reconhecimento de que trabalho braçal, cultura e lazer são importantes, podemos
escrever uma nova história. Você tem alguma história da infância que te marcou?
Conta pra gente.
Renata escreve esporadicamente por aqui, e tem dias de cigarra e dias de
formiga.