terça-feira, 5 de abril de 2011

Ainda a sina do ônibus

Semana passada esbocei um pequeno manual de etiqueta no ônibus, baseado nas minhas experiências, principalmente nas más.

Pela repercussão do texto, pude perceber que não sou a única a sofrer com as mazelas de conviver num espaço restrito com gente mau educada. E que nem sou tão intolerante assim.

Acabei lembrando de uma viagem que fiz de Caxias do Sul a Florianópolis. Uma viagem longa, durante uma noite inteira. Sentei bem na frente, já que nem sempre consigo dormir e assim poderia, ao menos, viajar olhando a estrada. O cidadão que sentou ao meu lado, logo que começou a viagem, dormiu.

E logo depois, começou a roncar. Não a ressonar, mas roncar, mesmo! Eu me mexi, na esperança de acordá-lo. Nada.

Tossi. Me alonguei. Passei por cima dele, fui ao banheiro, voltei, passei por cima dele.

Nada.

Se ele não estivesse roncando, eu juraria que ele estava em coma!

Aí, tive que apelar: cutuquei. Cutuquei no ombro e falava:

- Moço! Moço!

Adivinhem? Nada.

Sério, o cara só foi parar de roncar quando acordou, no outro dia, em outro Estado!

Em outro estado já estava eu, possessa da vida!

Mas desembarquei sem dizer palavra. Uns dias depois, na volta, quem senta do meu lado? Com toda a sorte que eu tenho, é óbvio que foi o lenhador!

Olhei pra ele e disse:

- Tu sentou do meu lado no dia tal, vindo pra cá.

O fulano mal teve tempo de dar aquele sorriso convencido de “Ah, tu lembra de mim!” e eu emendei:

- E tu roncou horrores, incomodou o ônibus todo. Eu tentei muito te acordar e tu não acordou!

O cara ficou lívido! Acabou falando que toma remédio pra dormir pois viaja muito e de outra forma não dormiria. Nessa viagem, ao menos, não tomou e ficamos horas conversando. Foi até engraçado.


Renata continua tentando achar engraçados os episódios vividos não só no ônibus, mas na vida. Às vezes, ela não consegue...

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Renata, desculpa o tamanho do comentário, mas não podia deixar de contar mais essa que aconteceu comigo.
Certa vez, voltando da faculdade, entra no ônibus 3 figuras que jamais esquecerei na vida: uma senhora extremamente exaltada, uma mulher quase chorando e um homem irritado. Já entraram no busão brigando (a senhora e o homem) e foi tão maluca a coisa que apesar de perdida em pensamentos, os gritos me chamaram a atenção. A senhorinha entrou tão irritada e passou pela catraca tão louca que rodou a mesma duas vezes. A mulher que acompanhava e tinha lágrimas no olhar (não sei se de raiva ou vergonha) passou em seguida. Quando o homem que também estava com elas e nervoso sabe-se lá motivos foi passar, o cobrador (tadinho) avisou que caso ele quisesse descer e entrar pela porta traseira ele iria permitir, pois quando a senhora que o acompanhava entrou rodou a catraca duas vezes e seria cobrado, portanto 4 passagens caso ele rodasse também. Foi a gota que faltava para inundar minha viagem. O homem não aceitou o que o cobrador falava e começou a maior briga, pagou 3 passagens apenas e a empresa de transporte que se resolvesse com o funcionário. A mulher começou a xingar todos os empresários de transporte públicos, o homem xingava a senhora e a senhora xingava o mundo. A cena estava tão surreal que na hora pensei: poxa, que legal! Um trio de comediantes no ônibus! Mesmo sendo a mais estabanada entre os mortais, não tinha como pensar diferente. Nem Deus duvidaria que aqueles 3 fossem atores simulando um trecho de alguma nova comédia teatral em cartaz. A briga foi se tornando tão intensa que todos os passageiros não conseguiam parar de olhar. Eles reclamavam do calor, falavam nomes de pessoas da relação deles e falavam mal destas pessoas também, a senhora chama o homem de imprestável e ele olhava pra nós e dizia: Ela diz isso, mas conta com meu dinheiro! Isso é uma velha pirangueira (e mordia os dentes sinalizando raiva) e a senhora rebatia e berrava: Ele é quem não presta! Tu devias era levar um chifre! Corno manso! A mulher gritava para o marido não gritar com a mãe e berrava para a mãe calar a boca e olhava pra nós e com ar de desespero gritava: Eu não agüento mais! A esta altura eu não agüentava mais segurar o riso e dei a maior gargalhada da minha vida, dessas escancaradas mesmo e contagiei todos no ônibus. Os 3 me olharam com tanta raiva e começaram a perguntar o motivo da minha risada. Um senhor que estava sentado perto de mim falou pra eles que nunca havia visto 3 pessoas tão empenhadas a se odiarem e que estavam passando dos limites no local público e que eles não tinham o direito de descontar problemas pessoais em quem não tem nada a ver com toda aquela situação. Inclusive estavam por prejudicar o cobrador e o motorista já que não pagaram pela passagem que deviam.Não preciso dizer que o pobre senhor também passou a ser xingado, bem como todo passageiro que olhava para aquele trio de loucos. Acho que somente naquele momento caiu minha ficha que toda aquela confusão era real. Mas isso não foi empecilho para parar de rir. Ria mesmo, com gosto e não tava nem aí. Ora, se eles que estavam pagando mico pouco se lixavam, eu que iria parar? A senhora gritou para o motorista parar o ônibus com entonação vocal de atriz dramática: Motoristaaaaaaaaaa! Paaaaaaaaaaaaaare este ônibuuuuuuuus!!! E a mulher gritou mais alto ainda com desespero! Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaao pare não motorista!!!! E o homem berrou : Paaaaaaaaaare agoooooooora senão eu morro aqui mesmo! O motorista encostou o ônibus, levantou e disse calmamente: Desce os 3! Parecia coisa de novela mexicana. E desceram então as 3 figuras que me proporcionram 40 minutos de muita risada. Quando saíram do ônibus, nós passageiros aplaudimos. Eu particularmente aplaudi a oportunidade de subir naquele ônibus e presenciar tudo isso, pois até hoje esta lembrança me rende boas risadas.
Beijos,
Selma.

Renata disse...

Nossa, Selma! Inacreditável!!!!!!! Hahahahah!
Pelo menos ficou a história! =)
Abraços!
Renata

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