Tenho passado por situações nos últimos tempos que me fazem pensar que estou deixando de ser interessante.
A frase acima parece de quem está deprimida, em crise, mas já adianto que não é esse o caso.
A questão é que nossa sociedade se tornou totalmente dependente da internet, e as relações estão, em grande parte, virtualizadas. Se você não reparou, provavelmente está tão bem incluído nesse processo que não sente.
Eu, como não me acostumo, me incomodo de ir a bares e ver, a cada mesa, pessoas conversando, vendo vídeos, ou acessando suas redes sociais pelo celular, para se relacionarem com seus amigos virtuais, e deixando os amigos reais, presentes à mesa, de lado. Isso acontece em todos os lugares aonde vou, e acho uma falta de educação e respeito!
Também me incomodo de ficar sabendo, dias depois, que o filho de uma amiga nasceu, só porque não tenho perfil no Facebook, onde a família postou fotos e informou a todos de seu grupo de relacionamento. Eu tenho celular, telefone fixo, e-mail, e sou amiga de quase duas décadas! Não merecia nem um sinal de fumaça? Ou era eu que tinha que ficar contando as semanas de gravidez da amiga, para saber quando o rebento viria ao mundo?!
Há ainda muitas coisas que me incomodam nessa vida virtual que a sociedade escolheu viver. Todos querem postar as fotos de onde estiveram, para onde viajaram, os restaurantes que frequentam, os pratos que comem, a enorme quantidade de amigos que compartilham suas vidas pela rede social. Todos estão sempre lindos; todos estão sempre bem; todos são pessoas de sucesso pessoal e profissional; vivem a melhor das vidas; são sempre felizes! E precisam mostrar tudo isso para o mundo todo!
Que me desculpem todos os que fazem parte dessas redes sociais virtuais, e adoram fazer tudo isso que, com pavor, descrevi! Mas eu não gosto de falar de minha vida para o mundo. Eu gosto de falar para alguns amigos, com quem encontro, tomo uma bebida, converso por horas, conto coisas boas, coisas ruins, piadas, desabafo, dou gargalhadas! Mas eu gosto de gente de verdade. Eu gosto de ter minha privacidade, e só me abrir para quem eu quero, e para quem eu gosto. E não sinto vontade de contar para o mundo inteiro para onde fui, com quem fui, o que vesti, o que comi, onde trabalho, com quem trabalho, com quem saí.
E é por tudo isso que não sou interessante. Afinal, as pessoas interessantes estão nas redes sociais, mostrando tudo de interessante que fazem, tentando ser tudo ao mesmo tempo. Estão ali, exercendo uma enorme pressão sobre elas mesmas para serem tudo o que os outros esperam que elas sejam.
Pareço antiquada? Parece que não quero me adequar à modernidade? Pode ser, se modernidade for isso aí. Meus amigos me xingam porque tenho um celular de quase quatro anos, de teclas, que quase não tem recursos. Gente; ele fala! E manda mensagens! E é só disso que preciso! Não tenho necessidade de mais do que isso.
Eu considero que a internet é ótima! Podemos resolver muitos problemas que demoraríamos horas, ou dias para resolver se precisássemos ir ao local, ou mandar carta pelo Correio. Também podemos consultar tudo, desde locais para viagens, até significados de palavras. Podemos comprar coisas úteis, ou bons livros e CDs, que não encontramos em lojas próximas aos nossos lares. Podemos, sim, encontrar amigos que vivem longe, ou que não vemos há tempos, e isso é um ponto positivo para as redes sociais. E tem muitas outras coisas boas da internet. Entretanto, o mau uso, o exagero, a dependência do mundo virtual me incomoda, e a isso eu não pretendo me adaptar.
Mini-resumo: Tania reconhece as coisas boas da internet, e não descarta a possibilidade de um dia, quem sabe, criar um perfil numa rede social. Mas, por enquanto, não sente necessidade, ou vontade de pertencer a esse mundo virtual, porque vê muitos exageros cometidos nesses espaços.