Não sei se vocês já ouviram que, às vezes, o
melhor jeito de continuar andando é dar um passo para trás. Essa é uma dessas
frases feitas, que normalmente vem acompanhada de uma imagem de alguém na beira
do precipício.
Hoje eu entendo completamente. Não que eu tenha
chegado na beirinha do precipício (e se cheguei eu estava com a cara tão
enfiada no computador que nem percebi). Mas eu tomei uma decisão de dar um
passo para trás para continuar andando.
Eu sempre quis manter ao menos um pé na
academia, mesmo trabalhando desde sempre em outras áreas. Antes com educação,
agora em uma ONG socioambientalista. Fiz mestrado sem bolsa e trabalhando 40
horas. Contei com apoio de muita gente, mas não posso dizer que foi fácil e nem
que meu trabalho foi plenamente satisfatório. Agora estava fazendo doutorado:
seleção, proficiência, créditos, passei por tudo isso. Mas estando longe de
todos, sem financiamento, sem tempo e sem paixão pelo tema trabalhado, estava
muito difícil. Tentei ir levando, passei noites trabalhando, importunei mil
pessoas com perguntas, li, li, li.
E desisti.
Não desisti de fazer doutorado! Mas desisti de
ficar dando murro em ponta de faca. Optei por me afastar um pouco e melhorar a
perspectiva, tipo gente que depois de certa idade precisa afastar o material de
leitura para focar melhor as letras. Estou nessa fase de olhar pros lados
focando nas letras, para encontrar uma nova oportunidade, que seja mais
favorável academicamente e com a qual eu esteja mais envolvida.
Deu medo de perder (o pouco) que já fiz. Deu
medo do julgamento dos outros (e pior de todos, do meu mesmo!). Deu medo de
estar me precipitando. Mas eu fiz. E sabem o quê? Me sinto bem confortável com
essa decisão.
Renata está no modo prospecção, e está gostando!