“Gabriela… sempre Gabriela… eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim..” Será?! Me conhecendo como hoje me conheço, nesses 41 bons anos, sei que definitivamente não tenho a chamada “síndrome da Gabriela”.
Eu mudei. Não vou dizer que sou uma “Metamorfose Ambulante”, porque minha própria metamorfose me fez gostar da estabilidade e da calmaria. Para sempre será assim? Só o velho tempo poderá dizer.
A ideia de me reapresentar surgiu a partir de reencontros com amigos, primos e conhecidos que falam: “nossa, como você mudou”. Então de repente você está chegando agora. Ou me conhece de outros carnavais. Permita-me.
Decidi reescrever uma auto descrição que fiz há 10 anos, para o blog de (hoje amigas) balzacas, o “De repente 30” que já virou “De repente 30, 40” e está prestes a incluir o 50!
E se você ainda não percebeu, os meus textões aqui denunciam: há uma escritora que habita em mim.
Então hoje, aos 41, posso dizer:
Sou tudo que li, vi, ouvi e vivi. Tudo que experienciei nessa vida. Cada sorriso, cada deserto, cada renascimento, cada cicatriz e cada libertação.
Acreana do “pé rachado”. A sede de me jogar enlouquecidamente no mundo deu lugar a estar em paz com minhas raizes. Aceitando o meu lugar dentro de mim. Claro que ainda quero conhecer uma parte do mundo. Mas não tenho mais pressa. E antes disso, ainda quero dar um mergulho nos rios e florestas que meus ancestrais ajudaram a desbravar.
Aprendi também que na vida de adulto, a gente precisa perder para ganhar. As escolhas nos tornam quem vamos sendo. A gente só precisa banca-las e não olhar com remorso para trás. Faz parte da autorresponsabilidade.
Ariana de sol e lua. Ascendente em gêmeos (comunicadora nata!), mas com Mercúrio em peixes, que traz profundidade, emoção e subjetividade nas palavras ( e muitos atrapalhos!!). Um Marte em libra que me ajuda a ser diplomática. Então não sou a típica ariana explosiva, mas às vezes “briguentinha” (com classe) e tenho meu lado chatilda também (pra quê eu vou mentir!? Haha).
Aliás, pouco a pouco vou me livrando da máscara da certinha-boazinha-perfeita. Aprendi com o tempo a dizer não, antes com mais culpa que hoje. O exercício de limites tem sido lindo! Ainda me exijo e cobro mais do que deveria, mas bemmm menos do que antes. A terapia anda em dia também pra isso.
Já me julguei “empoderada”, uma fachada que hoje sei que só escondia o tamanho das minhas feridas e traumas. A forte por fora, mas tão frágil e carente por dentro.. A dita corajosa, mas no fundo tão medrosa. Um medo de me jogar de verdade como adulta no jogo da vida. Eu brincava de me relacionar.
Declarei muita guerra aos homens, ou por acha-los “maus”, ou por acha-los inferiores, ou por acha-los desnecessários. E quando eu passei a mergulhar no meu poder real, de estar no meu lugar (primeiro de filha, segundo de mulher), uma chave profunda virou dentro de mim. Mergulhei nesse mundo de magia, poesia e leveza do feminino, aprendi a receber da vida e do outro. Aprendi a pedir ajuda, a me vulnerabilizar, a me conectar com meu corpo e meu sentir e sair um pouco do “cabeção” (ainda em processo!). Aprendi o movimento de colocar as setas para mim, a cuidar do meu jardim e me amar. Nem preciso dizer que minha relação com o masculino acabou também mudando profundamente nesse processo. Um processo de quase dois anos de estudo. Mas esse assunto e descobertas podem ser tema de um outro texto.
As lista sem fim de amizades deu lugar aos amigos que se contam nos dedos. Ainda adoro me relacionar, trocar ideias, experiências, aprendizados, carinhos e afetos. Mas tenho aprendido a ser mais criteriosa com as pessoas e espaços que acompanham de perto minha intimidade e minha vida.
Sempre me disseram corajosa (ou doida!), por largar por um tempo os meus empregos públicos, para viver só de empreender. Fracassei, senti vergonha, recalculei a rota. Voltei, ressignifiquei, entendi onde errei e não desisti. Eu sou uma intraempreendedora, não posso negar. Faço isso quanto posso no serviço público.
Aliás, eu amo trabalhar e gosto de trabalhar por produção. Não sou boa com burocracias, mas sou boa em executar, criar, fazer.
Gosto tanto de trabalhar, que se me empolgo, posso adoecer (workaholic em recuperação). Então, ao longo dos anos e Bornouts, aprendi a me respeitar e aprender sobre meus limites.
Hoje o meu maior valor é o de QUALIDADE DE VIDA. Não tem nada na frente disso, além de Deus. Porque entendi na marra que se eu não estiver bem, as pessoas ao meu redor tbm não ficam, meu trabalho não acontece. Essa lição levou anos e anos para ser assimilada.
No campo profissional, me considero fora da caixa. Vejo conexões onde nem todos veem. Fui me especializando na área da educação, na área do desenvolvimento humano e da saúde mental. Me formei em Fonoaudiologia, mas me considero uma profissional da saúde. E da comunicação e do desenvolvimento de pessoas. Adoro os dispositivos de roda, lugar em que posso aprender e servir em espaços coletivos com impactos no individual. Isso me brilha os olhos. Ahhh e amo comunicação, assim como amo música, por isso apresentar um programa de rádio no sistema público me contempla em diversos sentidos.
Continuo sendo curiosa e sonhadora. Não sofro mais de otimismo crônico, a maturidade me trouxe mais pé no chão. Mas continuo tendo uma profunda fé no universo. E nas pessoas. Gosto de gente, da troca. Mesmo sabendo que ninguém é perfeito, tampouco eu. Aliás, o maior aprendizado pra mim foi ABSORVER que não sou perfeita, e assim aceitar mais as falhas alheias. Meu Deus, como isso liberta. Poder dizer “tem algo contra mim? Pois fica contigo, não precisa me dizer não!” Hahaha. Vi isso num vídeo e levei para a vida. Fale o que quiser, pense o que quiser. No final, quem sabe de mim, sou eu.
Eu continuo achando que casar e comprar uma bicicleta seja possível. Falando nisso, nunca disse tão claramente e abertamente: meu maior sonho é casar e construir uma família!!! Sempre foi no fundo, mas por tanto tempo me enganei, focando na carreira, cursos e mestrados da vida. Em festas, viagens, amigos que não eram tão amigos, relações fadadas ao fracasso. Tudo valeu a pena, foi importante. Talvez teria feito menos, bem menos.
No mais, continuo amando cinema (muito), cozinhar ouvindo música em volume máximo (com uma taça na mão dependendo da ocasião).
Dançar continua sendo um exercício de libertação; escrever, um aprendizado constante. Amo viajar (quero ficar rica pra isso! Hahaha). Adoro dias de sol e também banhos de chuva. Gosto (hoje) de cachorro (muito).
Acredito em Deus, e em outros tantos seres iluminados. E escolhi Jesus para ser meu guia (me batizei como cristã no ano passado), já que todos os meus caminhos espirituais sempre acabavam me levando até Ele. E filha de pais Marianos, sigo rezando também por sua Mãe … Nossa Senhora que também cuida do meu coração ❤️
E no fim, continuo aprendendo, sempre.
Gabriela volta a escrever aqui depois de anos. Vai precisar resumir esse texto pra poder atualizar a sua bio do blog. Não sabe quando aparece de novo, mas se sente feliz, por criar ânimo de voltar por aqui .
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