quarta-feira, 14 de abril de 2010

Plano de Saúde ou Filho de Uma Égua, Ladrão, Sem Vergonha?

Meio por acaso minha mãe descobriu que tem dois pequenos aneurismas na artéria cerebral. Eles podem ter nascido com ela, ter se desenvolvido há muito tempo ou mesmo nunca chegarem a se romper. Porém, a chance de poder prevenir uma cirurgia arriscada no futuro, caso um deles resolva se romper um dia, foi considerada uma bênção pelo médico, pela família e por ela mesma. Digamos que é o equivalente a você ficar sabendo que existe uma chance, pequena, mas bem maior do que o normal, do avião que você pretende viajar amanhã cair e simplesmente você pode escolher não viajar.

Simples, não? Deveria ser, mas não é o que o plano de saúde que ela paga há 38 anos acha. A tal cirurgia preventiva é praticamente uma mágica da medicina moderna e hoje em dia tem um montão de gente que faz. Ela funciona por cateterismo, ou seja, o doutor faz um furinho no seu quadril, coloca um caninho por ali, que vai se deslocando até o cérebro e lá coloca uma “capinha” no aneurisma. Pronto! Anestesia geral, poucas horas de UTI para a recuperação, três dias no hospital, algum desconforto no quadril (mas possivelmente nenhum na cabeça) e pronto! Existem duas outras opções: deixar como está e torcer para as bolinhas de sangue nunca se romperem, ou fazer uma cirurgia tradicional, onde se abre o crânio para grampear os aneurismas, o que resulta em todos os riscos hospitalares e de infecções envolvidos, além do tempo de internação ser, no mínimo, quatro vezes maior. Alguém aí escolheria alguma destas opções? Hã?

Pois sim, o Sr. Plano de Saúde, que não autorizou a cirurgia, que seria feita na semana passada. Ele exigiu, um dia antes do procedimento, que fossem realizadas novas consultas, que um especialista em fazer o procedimento que abre o crânio emitisse um laudo, que fosse comprovada a urgência. Eles alegaram que a cirurgia que abre o crânio era mais em conta, ACREDITA? É lógico, não era a mãe deles, né? Imagine a sua cara, agora, naquele caso do avião, se de repente lhe dissessem que, na verdade, você não pode desistir daquele vôo que tem boas chances de cair, pois para eles garantir um pára-quedas meia boca pra galera é mais barato, sabe? Isso é o cúmulo do absurdo! Não têm vergonha, não? Todos os dias se vêem histórias parecidas, mas infelizmente o bicho pega mesmo quando é com a gente que acontece.

Cirurgia em stand by, passagem aérea cancelada, malas desfeitas e tensão total da minha mãezinha (e da galera lá de casa), com o coração na mão pra resolver logo este perrengue. Sorte que lá em casa o povo entra na fila duas vezes pra nascer raçudo e minha mãe foi atrás de tudo, sozinha, e rebolou pra resolver todos os empecilhos esdrúxulos que eles impuseram, ou convencê-los com jeitinho e sorrisos de que não era necessária tanta parafernália. Enquanto a estressada aqui catava advogado, liminar e muque, pra dar na cara do primeiro Sr Plano de Saúde que aparecesse na frente. Não foi preciso, sete dias depois e cá estamos, malas prontas, passagens aéreas, cirurgia autorizada, mãezinha mais calminha e o papinho aquele com o Cara-Lá-De-Cima em dia.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Nesta, faz uma pausa de sua eterna revolta com o mundo para ficar com sua mãezinha e conversar com Deus.

2 comentários:

Júlia disse...

Noahh..quw sufoco heim?
Absurdo o plano de saúde falar isso..cada coisa que acontece!

Mas enfim, que bom que as malas já estão prontas!
Vai dá tudo certo..torço por isso!

beijos, Júlia!

Maria Helena disse...

Gisele,
Qual é o plano de saúde?
Coloque o nome para boicotarmos!!!!
Vamos lutar com a única arma que temos: o bolso (deles)

Bjs e desejo boa cirurgia para sua mami! Maria

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