Dia desses, em
um momento nostalgia, fiquei pensando como agiria se tivesse novamente 18 anos,
mas com a maturidade que tenho hoje. Sei que esse pensamento é absurdamente
clichê, e que passa pela cabeça de todas as pessoas em algum momento de suas
vidas mas, ainda assim, ele estava lá, latente em minha mente e não havia como
ignorá-lo.
Pensei, então,
no que diria a mim mesma, caso pudesse ficar frente a frente com minha versão
mais jovem e, bem, aqui estão minhas palavras para essa Déia-jovenzinha:
- Experimente todas
as possibilidades que a vida lhe oferecer, mas não de maneira afoita, e sim degustando
prazerosamente.
- Não se
subestime jamais. Acredite em sua capacidade, mas levante a bunda do sofá e vá
à luta. As coisas não cairão do céu no seu colo, menina!
- Não faça as
coisas com pressa. Há tempo para tudo. Aprecie os pequenos prazeres e as
pequenas bênçãos do dia-a-dia.
- Não deixe de
fazer o que lhe dá prazer apenas por medo do que as pessoas irão dizer. Se
alguém resolver falar de você, fará isso de qualquer maneira, independentemente
da maneira como você aja.
- Aliás, seja
menos desconfiada! Afinal, cada pessoa está ocupada com sua própria vida e,
portanto, suas preocupações não giram em torno de você.
- Aprenda a
lidar com seus medos e, principalmente, com seus fantasmas. Não finja que eles
não são importantes. Enfrente-os! Afinal, eles não deixarão de existir
simplesmente por você tentar ignorá-los.
- A vida não é
aquela visão cor-de-rosa que pintaram a você quando era criança. A vida é dura
e, na maioria das vezes, bastante difícil. Aprenda a lidar com essa
multiplicidade de cores e tons que a vida tem e, com eles, pinte a sua própria
tela.
- E só crie
altas expectativas se souber como lidar com altas quedas. Caso contrário, viva
um dia de cada vez e faça sempre seu melhor.
- Aliás, esteja
preparada, pois você vai quebrar a cara, vai cair e se machucar feio
incontáveis vezes. Aprenda, pois, a se reerguer a cada queda, a juntar os
caquinhos e a seguir em frente.
- Aprenda que
ninguém morre por sentir dor. E, muito importante, saiba que cada um carrega
dentro de si suas próprias dores e enfrenta suas próprias batalhas, portanto,
só se lamente com alguém quando for absolutamente imprescindível.
- Não deixe
jamais de fazer alguma coisa porque está com medo. O medo é bom na medida em
que nos dá um certo senso de autopreservação. Mas não deixe que ele lhe impeça
de alguma coisa. Faça-a, apesar do medo!
- E se tiver
que se arrepender de algo, não fique choramingando pelos cantos. O
arrependimento é bom porque nos aponta novos rumos. Não o confunda com culpa
desnecessária e inútil
- Não se torne
dependente de substância alguma. E, mais importante ainda, de PESSOA alguma.
- Nunca,
jamais, em hipótese alguma, permaneça ao lado de alguém simplesmente por
comodidade ou, pior, por medo de não encontrar outra pessoa. Você certamente
estará perdendo preciosas oportunidades de novas vivências.
- Não deixe de
vivenciar coisas novas por ter alguém ciumento e inseguro ao seu lado. Aliás,
melhor ainda, não namore cedo. Você lamentará em seu íntimo os anos perdidos,
mas usará para si mesma desculpas como: “Bem, valeu pela experiência...”, ou “pelo
menos aprendi como NÃO agir em uma próxima relação”... Então só namore quando
estiver realmente certa de ter aproveitado muito sua vida e sua própria
companhia.
- Não se curve
facilmente frente às derrotas. Tente de novo e de novo e de novo. Afinal, já
dizia Thomas Edison: “Quando você tiver esgotado todas as possibilidades,
lembre-se disso: você não as esgotou!”.
- Trate todas
as pessoas com gentileza sempre e não somente quando lhe convém.
- Sorria mais,
viva mais leve, guarde menos mágoas, se irrite menos, se apegue menos a coisas pequenas
e sem sentido.
- Não brigue
com seus pais por motivos banais. Acredite-me, eles farão muita falta quando se
forem e você se recriminará por não os ter abraçado ao invés de ter saído batendo
porta.
- Aliás,
errou, peça desculpas. Não há vergonha alguma em voltar atrás e reconhecer o
erro. Orgulho em demasia é sempre um mau conselheiro.
- Reflita bem
antes de seguir a opinião da maioria. Já dizia Nelson Rodrigues (e não sem certa
razão!): “Toda unanimidade é burra.”. Portanto, seja cuidadosa nesse aspecto.
-- Se alimente
adequadamente. Se exercite constantemente e nunca, jamais, deixe de ler bons
livros, de estudar e de se aperfeiçoar.
Você tem todo o direito de dizer o que pensa
às pessoas, mas não tem o direito de feri-las com sua grosseria. Portanto, seja
cuidadosa na escolha das palavras.
- Se você ama
muito alguém, nunca saia de sua presença sem dizer-lhe isso. Pode parecer uma “banalização
da frase ‘eu te amo’” mas, acredite, isso evitará dolorosos arrependimentos
futuros.
- E por falar
em amor, quando amar alguém, ame com toda a intensidade, ame por inteiro. Você
provavelmente irá se machucar e doerá terrivelmente, mas ainda assim você
estará efetivamente vivendo e não apenas existindo amorfamente.
- E, sobretudo, seja sempre fiel aos seus sentimentos. Sempre!
Déia escreve
aos domingos e gostaria realmente de ter recebido essa carta quando tinha 18
anos...