sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Não Mais

Eu tava no trânsito, paradinho da silva, como sempre, indo pro centro espírita. Já era noite. Olhei pela janela e comecei a observar as pessoas ao meu redor. De dentro do carro, eu não ouvia a barulhada. As janelas estavam fechadas, ar condicionado ligado, Bebel Gilberto cantando pra mim. Mas do lado de fora o mundo parecia que estava acabando. Pessoas nervosas, estressadas, todos loucos pra chegar em casa. Já eram quase nove horas e era sexta-feira. O complexo Complexo da Lagoinha parecia um mar de faróis vermelhos. Abri um pouco a janela movida por uma curiosidade meio mórbida. Queria ouvir o som da cidade. O barulho era insuportável. As pessoas buzinavam quando o semáforo acendia a luz verde, mas o trânsito estava parado, não adiantava. E o sinal ficava vermelho de novo. Na medida em que esta situação se repetia, as pessoas ficavam mais nervosas, mas estressadas e buzinavam mais ainda. Fechei a janela. Bebel Gilberto é bem melhor. Continuei observando. Algumas pessoas, ou melhor dizendo, muitas pessoas aproveitavam para retornar ligações: quanta gente ao celular! Outras, em menor quantidade, empunhavam Blackbarries. Pelo menos não estavam em movimento. O trânsito deu sinais de melhora, andou um pouco, mas parou rapidinho. Fiquei com medo de não conseguir chegar a tempo ao centro espírita, mas, enfim! O que poderia euzinha fazer, não é mesmo? Continuei aproveitando a serenata que Bebel fazia pra mim e olhando ao redor. Fiquei pensando no meu dia, sabem? Eu estava ali, relaxando no meio do caos! Pensei nas coisas que havia feito, mas principalmente nas que eu havia deixado de fazer. Pensei na correria em que eu estava vivendo novamente, na correria em que o Bola também vive, em que todos nós vivemos, afinal de contas. Lembrei de um tempo em que a gente não tinha celular, que internet não estava ao alcance de todos, que o mundo não era online, nem virtual. Engraçado, né? Tínhamos as mesmas urgências de hoje. Só que estas urgências, antes da velocidade da informação – traduzindo: antes da correria digital, que promoveu a nossa correria – sempre podiam esperar um dia ou dois. E hoje não podem esperar nem minutos!! Todo mundo quer tudo imediatamente. Como é que se fazia no tempo da minha avó? Na época dela era tudo a telex e cavalo! E ela vivia muito bem, viu? Aí fiquei pensando no que o ser humano havia transformado a sua própria vida. Nós começamos a ter pressa de tudo. Primeiro viramos escravos do relógio. Aí, fomos nos deixando escravizar por vários meios de comunicação instantânea: celulares, notebooks, blackberries. Deixamo-nos subjugar por metas, prazos e resultados. Dinheiro, dinheiro, muito dinheiro. Afinal, qual é a mola da sociedade contemporânea auto intitulada civilizada? A verdade nua e crua é que corremos por dinheiro. Corremos muito pra ter ou ser algo que depende de dinheiro. Queremos casas bonitas, carros velozes, roupas de qualidade. Queremos ser bonitos, cheirosos, charmosos. E pra isto, precisamos trabalhar muito, correr o tempo todo, pra bater metas dentro dos prazos e superar os resultados esperados!! Sempre correndo, correndo, correndo!! E foi aí que caiu a minha ficha: a gente corre, corre, corre a vida toda sabem pra quê? Pra um dia poder parar de correr e descansar!!! É. Que coisa. O trânsito andou.

Laeticia hoje fez a besteira de achar que não podia desacelerar e pediu para ser esporádica no blog, mas se arrependeu e, se ainda der, quer continuar como fixa. Não quer nada de correria na sua vida. Não mais.

2 comentários:

Gisele Lins disse...

Fica, fica, fica!!!!!

Mas só se for bem relax, ao som de Bebel.

Beijos!

Dennia disse...

Oi querida!
Tomara que vc continue como fixa...
Sinto falta das suas crônicas... lendo-as me sinto mais próxima de vc...
Estou retomando meu blog, devagar e sem culpa. Escrevo quando sobra um tempinho. Se quiser fazer uma visitinha está aí o endereço, vou colocar o link do blog de vocês que eu adoro!! http://segredosdeumaborboleta.spaces.live.com

Bjos

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