É hoje! Não estou nem acreditando. Na verdade, tecnicamente já é amanhã, mas como não haverá uma noite de sono até eu embarcar, considero que é hoje. Depois de tantos anos colocarei novamente minhas patinhas brasileiras, mineiras da roça fora de terras tupiniquins. Visitarei as terras do Tio Sam, Nova York me espera.
Coisa de pobre, né, gente, ficar assim espalhando pra rosa dos ventos que a gente vai passar uma semaninha fora. Mas não deu pra segurar a onda meeeeeeeesmo. Tem muito tempo que eu não viajo pra fora do país. Ainda mais assim, solta, no maior estilo “eu sou xóvem”.
Já me chamaram de tudo quanto é nome: doida, maluca, corajosa, perguntaram de eu tava largando meu marido, se eu não tinha medo dele me largar ou de eu achar o resto das minhas coisas na rua quando eu voltar, tiveram inveja (“branca, viu?”) e vontade de ir comigo. É porque estou indo “sozinha”. Quero dizer, estou indo em excelente companhia: eu mesma, Deus, o grilo falante e meu cartão de crédito!! Pra quê mais?
Estou tão empolgada, tão feliz, tão radiante!! Meu marido disse que eu estou literalmente irradiando alegria, que ele está se remoendo de ciúmes, mas que é muito bom me ver assim. Pronto, renovou o casório por mais dez anos. Quando eu falei que ia ficar num hostel (eu disse que era viagem de gente xóvem!), ele quase surtou. Depois acalmou. Alegria contagia mesmo.
Já montei um monte de roteiros. Quem me vê falando de Nova York acha que eu já fui lá. Gente que foi fala: nossa, mas você tem que ir naquele lugar fora da cidade, de outlets o... e eu: Woodbury! Isso, isso. Ah, você já conhece Nova York, né? Não, colega, mas depois do advento da internet só não tem informação quem não quer!! Mas eu não to indo pra fazer compras. Clichezão esse negócio de compras em Nova York, né? Mas dizem que o negócio lá é enlouquecedor mesmo. Conferirei!
Mas eu to indo pra bater um papo comigo mesma sem interferência externa, sabem? Acho que eu já comentei por aqui que eu nunca consegui ficar sozinha. Ninguém deixa. Eu sou faladeira. Atraio gente, busco gente. É a primeira vez que saio assim sozinha e vou tentar ficar sozinha. Acho que vai dar pra pensar na vida, refletir um pouco num lugar novo.
Imaginem só eu naquele barco, olhando a estátua da Liberdade e me organizando pra ir lá, pensando na vida? Tudo de bom! Aí conheci um senhorzinho sabe tudo de jazz pela internet que me indicou uns lugares daqueles imperdíveis e eu lá curtindo um jazz e pensando na vida? Melhor ainda!! E correndo no Central Park de tênis novo, ouvindo música no meu ipod novo, tentando respirar e pensando na vida? Tudo que eu pedi na vida!
Assistir ao Fantasma da Ópera, cair em prantos, enxugar as lágrimas, cair em prantos novamente, pensar na vida? Lindo de morrer!! Ir ao MoMa, comprar gravuras, apreciar pinturas, tomar um café e pensar na vida? Mais lindo ainda. Visitar o Guggenheim, comprar suvenirs, apreciar mais obras de arte, tomar um chá, comer biscoitos e pensar na vida? Que delícia, gente! Tudo que eu queria poder fazer com mais freqüência.
E depois de sete dias em Nova York, comprinhas feitas, que eu não sou de ferro, city tour completo, muita música e muita arte, coisas que adoro, saber que eu vou voltar pra casa e vai ter muita gente amada e que me ama me esperando de braços abertos é bom demais!!