sábado, 26 de abril de 2014

Milena. Mulher. Mãe.

Gerar uma vida é um estado milagroso. 
Pensar em um ser humano crescendo dentro de mim me faz sorrir, e me ocupa de um amor que já não tem tamanho.
Me dá poder. Me dá medo. Me dá curiosidade.
Meu pequeno milagre está crescendo a olhos vistos. Já dá pra ver pelo lado de fora o efeito da sua movimentação na minha barriga.
Eu, que olhava para outras mulheres gerando outras vidas com certa inveja, pois nunca acreditei que este estado estivesse reservado para mim.
Eu, que sempre me imaginei mãe, mas nunca me imaginei grávida.
Eu, que agora carrego comigo um pequeno grande milagre.
Um milagre que era para ser meu. Sempre foi.
Um milagre que driblou todas as estatísticas e desafiou todas as improbabilidades.
Um milagre disposto a me mostrar, desde o comecinho, que a vida não é aquilo que eu planejei pra mim.
Um milagre-menino, que nem nasceu ainda, mas que já me faz uma pessoa mais feliz. Mais forte. Mais completa.
Por ele mudei (e continuarei a mudar) meus planos, minhas roupas, meu vocabulário, minhas convicções e meus dogmas.
Por ele mudei meu rumo. Já sou mais compreensiva. Mais paciente. Mais quieta. Mais planejadora. Mais mãe. Mais mulher. Mais Milena.
Para ele vou cantar a música que minha mãe cantava pra mim:

O Filho Que Eu Quero Ter
Toquinho/Vinícius de Moraes

É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho
Dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem

De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde vim
Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim
Dorme, menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus
Dorme, meu pai, sem cuidado
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter

Milena não escrevia a décadas e, de repente, pariu um texto.

2 comentários:

Mulheres de 30 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andréia B. Borba disse...

Me emocionei profundamente com o texto, Mi!
Felicidades para você e para o pequeno ser que está vindo! <3
Bjs!
Déia

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