Participei de um processo seletivo uma vez em que havia uma pergunta bastante complexa em minha humilde opinião: “quanto tempo o candidato acha que se leva para alfabetizar uma pessoa?” Estranhamente, a pergunta era de múltipla escolha. Eu deveria marcar com um X na opção que eu julgava correta: 1, 2, 3, 5 ou 10 anos. Sem pensar muito, assinalei a letra E, equivalente a 10 anos. E se houvesse uma alternativa com 20 anos, eu a assinalaria.
Professores de plantão, corrijam-me, se eu estiver enganada. Tenho para mim que ser alfabetizado não é simplesmente o ato de decifrar signos e desenhar símbolos. Ser alfabetizado, para mim, é saber escrever, expressar-se, ler, compreender, analisar e, principalmente, ser capaz de criticar o que se lê ou se escreve, de forma que, acredito, boa parcela da população brasileira seja, de fato, analfabeta de pai e mãe!!
E sequer mostra-se necessário tomar minha definição de analfabetos para lembrar que dentre nossos digníssimos parlamentares há um cuja alfabetização teve que ser judicialmente provada após sua eleição, o que, por si só, já é motivo de chacota. Convenhamos: o cidadão ter que se valer de prazos processuais para provar que é alfabetizado é vexamoso, ainda que de Direito. Qualquer uma de nós, balzacas, teria convocado a imprensa e escrito um post ao vivo e a cores para dirimir a celeuma de uma denúncia questionando nossa capacidade de ler e escrever. Se é que alguém teria esta audácia.
Enfim, fato é que este cidadão foi indicado para a Comissão de EDUCAÇÃO E CULTURA da Câmara Federal pelo PR-SP. Sim, o palhaço Tiririca, que teve sua condição de alfabetizado questionada, será membro permanente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal do nosso País. 1,3 milhões de paulistas imbecis votaram num imbecil maior ainda que sabe desenhar o nome dele num pedaço de papel que foi vergonhosamente reconhecido pela Justiça como alfabetizado. É piada de mau gosto!!
Laeticia marca sua volta ao blog já babando fel.
7 comentários:
Laetícia, se vc estava sumida nao sei, mas adorei teu retorno... rsrs
Sabe que esses dias eu preocupada com os posts que ando escrevendo, se estão com boa qualidade, se falt informação e coisa e tal me peguei pensando nisso?
Conheço pessoas que não conseguem ler um livro porque não entendem uma história grande, dividida em capitulos, se perde no meio da história que vira uma grande bagunca!!!!
Como alguém que se perde em uma história "Grande" se diz alfabetizado?
Será que o Tiririca ja leu algum livro na
Bom, alfabetizar é ensinar a decodificação... agora, letramento é a pessoa saber interpretar, compreender o que ler.
Temos analfabetos funcionais até dentro da faculdade, quanto mais na política !
Laeticia, vc vai me perdoar, mas você promove um falso debate... Se de um lado estou completamente d'accord com sua definiçao de alfabetização, do outro lado acho que você é completamente analfabeta em termos de representação democrática... que não tem nada a ver com o fato de se eleger doutores, mas sim representantes do que é o Brasil. Mas acho que você tera uns 20 anos para reconhecer que a democracia precisa de uma verdadeira representação da realidade do país e não somente de alfabetizados que representam uma minoria de previligiados como você ou eu. Boa alfabetização democrática àvocê ;)
Laeticia! Adorei seu retorno! e concordo plenamente com o conteúdo!
E acrescento que democracia é REPRESENTAR a todos, mas não que TODOS, indiscriminadamente de pré-requisitos, estejam no poder. Grande diferença. Não é só porque eu dirijo que posso ser técnica numa comissão sobre engenharia de tráfego, por exemplo. Há a representação do interesse de todos, e há a contribuição técnica que pode levar à melhorias para todos. Quem sabe até visando que cada vez menos analfabetos funcionais cheguem à idade adulta nesta condição.
Abração!
Quanta ingenuidade einh Renata... Uma comissao tecnica DEVE ser formada por uma equipe pluridisciplinar et des usuarios e PRINCIPALMENTE por aqueles que representam uma grande parte do perfil brasileiro. Sera nessa plataforma que vai ser colocada em evidencia as dificuldades dessa grande parte da populaçao e a consideracao dessa condicao representada é que vai alertar para uma acao coherente e de base. Num piscar de olhos, mesmo as comissoes sobre engenharia de trafego nunca vao resolver, por exemplo, a questao do congestionamento sem considerar a demanda social por uma mobilidade mais equitavel. Falsa analise que mostra a sociedade brasileira em duas velocidades de desenvolvimento. Sem solidariedade, inclusive intelectual, vamos ser eternamente o pais da diferenca social. E eu que botava fé nas mulheres de 30 :)
Marco, primeiramente, desculpe-me pela demora em lhe responder. Gostaria, ainda, antes de mais nada, de lhe fazer um pedido: me exclua deste grupo que escreve "priviligiados", por gentileza. Se há uma característica da qual me orgulho é a de escrever escorreitamente. Enfim, respeito sua opinião, embora discorde absolutamente quando você diz que eu promovo um "falso debate". Pelo contrário, exatamente por suas palavras acredito ser o tema extremamente rico para a discussão. Veja bem, concordamos sobre a questão da alfabetização, porém, discordamos acerca da representatividade democrática. E note-se que em momento algum fiz apologia à eleição de doutores. Apenas considero uma piada de mau gosto ter como representante um cidadão cuja alfabetização teve que ser provada em juízo. Ele exerceu um direito dele e eu, ao me manifestar, exerço um direito meu, concorda? Entretanto, tenho para mim que a base para o desenvolvimento social é a educação e somente os cidadãos que tiveram tal oportunidade têm condições de lutar para que esta oportunidade se extenda a todos. Somente pessoas formalmente educadas possuem condições de avaliar as benesses do conhecimento técnico e a diferença que tal conhecimento faz em nossas vidas. Lado outro, não digo que uma pessoa simples, sem um alto nível de educação formal, não seja capaz de representar seus pares exercendo sua cidadania. De forma alguma. Mas o cidadão deve ser minimamente capaz de se expressar de forma oral e escrita, o que não me parece ser o caso do palhaço Tiririca. O ex presidente Lula sim parece ser um bom exemplo de ascensão política. E faço questão de frisar que não fui eleitora dele. Votei em FHC e nas últimas eleições votei em Marina Silva e depois votei contra a Dilma. Você me diz, em forma de lástima, que botava fé nas mulheres de 30. E que com uns 20 anos eu talvez reconheça que a democracia precisa de representatividade de todas as classes sociais do país. Pois eu também tenho minhas lástimas. Eu esperava herdar muito mais da geração que viveu a contracultura. Esperava ter muito menos sujeira pra limpar.
ERRATA: Onde se lê "[...] que esta oportunidade se EXTENDA a todos [...]", leia-se "[...] que esta oportunidade se ESTENDA a todos [...]". Erro de digitação. Corrigido a tempo.
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