domingo, 14 de agosto de 2011

Impermanência...

Dia desses me pus a pensar em quantas vezes reclamamos da total e absoluta impermanência a que estamos submetidos.

Por vezes desejamos que certas pessoas, coisas e sentimentos nunca se modifiquem, desejamos que permaneçam sempre da mesma maneira ou com a mesma intensidade. Desejamos, por exemplo, que o amor que estamos vivenciando dure para sempre, que a alegria que estamos sentindo não tenha jamais um fim, que a sensação de plenitude e realização que sentimos em determinados momentos permaneça sempre conosco...

Reclamamos constantemente da impermanência a que estamos submetidos e não nos questionamos jamais como seria nossa vida se tudo, absolutamente TUDO, o que nos acontecesse (ou que sentíssemos) fosse permanente...

Imagine tais sentenças:

- Um acesso de riso em momento inoportuno: PERMANENTE.

- Uma crise de enxaqueca: PERMANENTE.

- Uma cólica tenebrosa: PERMANENTE.

- Uma emoção disparatada: PERMANENTE.

- Uma alegria inusitada: PERMANENTE.

- Uma sensação opressora de perda: PERMANENTE.

- Um orgasmo (!!!): PERMANENTE.

- Uma crise de choro: PERMANENTE.

- Uma sensação de orgulho por alguma conquista: PERMANENTE.

- Uma paixão desenfreada: PERMANENTE.

- Uma descarga súbita de adrenalina: PERMANENTE.

...

O que faríamos nós se, de fato, a impermanência não fizesse parte de nossas vidas?

Como abrigaríamos, ao mesmo tempo, tantas emoções, sentimentos, pessoas, atitudes e escolhas?

...

Déia escreve aos domingos e apesar de, às vezes, desejar que certas pessoas, sentimentos e situações permaneçam para sempre em sua vida, segue acreditando que a transitoriedade é, de fato, uma benção...

4 comentários:

Isa Martins disse...

Oi Déia, muito bom teu texto, uma ótima reflexão!
Beijos á todas por aqui e uma ótima semana!

Selma disse...

Maravilha de texto.
Beijos!

Sérgio Silva disse...

Olá Déia!
No Zen Budismo temos o 'Caminho do Meio'. Penso que o bom da vida é quando temos equilíbrio nas coisas (o treco é simples mas não é fácil, morremos vidas e vidas tentando isso). Um dos motivos das nossas doenças (físicas e mentais) é, justamente, esse desiquilíbrio. No ocidente temos o costume (racionalismo) de separar (decompor) as coisas e os fenômenos. Mas a permanência e a impermanência é o ritmo próprio da vida...rs. Por isso é bom curtimos as pequenas permanências (nossos amores, amigos do peito, pessoas que gostamos, vitórias, sucessos, gozos, etc)porque elas não são eternas e é assim o movimento do círculo da vida.
Um bj,
S.

Andréia B. Borba disse...

Olá amigos!
Isa, querida, obrigada! :-) Bjs!

Selma, fico muito feliz que você tenha gostado, querida! Bjs!

Sérgio, querido, admiro muito o zen budismo e acredito que aqueles que conseguem, pelo menos um pouquinho, seguir o "caminho do meio" conseguem, também, ter uma vida melhor, mais plena e equilibrada.
Concordo com você. temos que curtir as pequenas permanências sempre, embora eu acredite que elas só são permanentes em nossos coraçãos. Creio que o coração é o lugar de acesso mais difícil para a transitoriedade e, por vezes, quando ela não consegue chegar até ele, o esquecimento chega...
Bjs querido!

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