Naquela manhã acordei de conchinha, não sabia ao certo onde estava. Antes de abrir os olhos, pelo cheiro sabia que não estava entre estranhos. Mas pelo barulho do vento lá fora parecia que fazia frio através dos cobertores. Não queria me mover temendo o frio. Descobri a cabeça e vi belas paredes de adobe, janelas grandes, baixas, daquelas que foram feitas pra sentar muita gente. Havia pouca luz, mas certamente já era dia lá fora.
De pé, na sala da linda casa de paredes de adobe me deparei um uma imensa janela de vidro que dava vista pra um paredão de pedra de beleza indescritível! Ainda meio sonolenta, abismada com tanta beleza, não sabia se tudo aquilo era real. Minhas costas se aqueciam com o calor que vinha do fogão de lenha aceso no centro da sala-cozinha. Nele sempre tinha um bule com água quente pro chimarrão (sim, alguns mineiros gostam de chimarrão!). Rodeada de poucos novos e velhos amigos saboreava o chimarrão contemplando o mar de montanhas a perder de vista. Enquanto isso o café era coado em coador de pano, o pão-de-queijo feito por uma legítima mineira (euzinha) começava a cheirar no forno e laranjas frescas colhidas a pouco do pé perfumavam a linda casa de paredes de abobe. Parecia o cheiro do paraíso (embora nunca tenha estado lá). Na mesa queijo branco bem mole, morangos e bolo. Ao fundo, sempre musica de bom gosto, faziam a trilha sonora perfeita para cada momento.
Não dava pra contemplar aquela beleza só de longe. Era preciso sentir a energia que vinha daquele chão. Depois de algum tempo caminhando pelo mar de montanhas, enfim as cachoeiras. Muitas, para todos os gostos. Mas só os corajosos e as piscianas teriam coragem de entrar naquelas águas geladas, como um banho de descarrego, revigorante! O sol dessa época do ano não queima, abraça.
De volta à bela casa de paredes de adobe, banho quente e todos a postos para ver o espetáculo do sol se pôr e o nascer das estrelas. A noite não tinha lua, mas pra compensar as estrelas eram muitas, milhares! Não imaginava que existiam tantas! Parecia que estava mais perto do céu do que de costume. Cinco estrelas cadentes, duas garrafas de vinho, alguns chocolates e muitas gargalhadas pra celebrar aquele momento tão especial! No dia seguinte, pé na estrada e de volta a vida real.
A tudo isso retribui com uma muda de jequitibá.
Mariana escreve aqui às vezes e tem achado a vida chata ultimamente. Mas é surpreendida com momentos de perfeição, que faz ela ter certeza que a vida vale a pena.
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