domingo, 14 de novembro de 2010

Evasivas, definitivamente, não são acidentais...


O Sedutor Involuntário

Atirou no ar palavras vazias,

Por distração - e abateu assim uma mulher.

(Friedrich Nietzsche - A Gaia Ciência)

______________________________________________________________________
...
A menina olhou fundo naqueles olhos e, sem uma palavra, muda de paixão, disse-lhe tudo...
Ele, percebendo o sentimento que despertara, armou-se com o verniz de evasivas...
A menina, coração apertado, sabia que o que sentia era loucura...mas sentia mesmo assim...
Ele, sabendo de tudo, fingia que ignorava...
A menina, sem conseguir resistir, queria mais...
Ele, com evasivas, nada deixava entrever...
A menina sentia sua falta e deixava-o saber disso...
Ele fingia não perceber.
A menina, nas entrelinhas, dizia-lhe tudo o que sentia...
Ele preferia nada dizer.
A menina, então, cansou-se de tudo
e, sem nada dizer, afastou-se...
Ele ficou lá, enigmático, tal qual um quadro de da Vinci.
E a vida passou pelos dois...
E os dois, cada qual no seu canto, passaram pela vida...
...

Déia escreve aos domingos e detesta evasivas (a não ser que partam dela própria)...

11 comentários:

Fran Becher disse...

Gostei, Déia. Beijão :)

Anônimo disse...

Assim como você, adoro Nietzsche !
Déia, gosto dos seus escritos também.
Belo post, Parabéns !

Beijo

andreia disse...

Como me identifico com essa história...

E isso que tb não gosto de evasivas...

bj

andreia

Marcos disse...

Ele não sabia como agir. Não queria fazer a menina sofrer. Naquele momento não podia ser o homem que a menina queria. Ele também não gosta de evasivas, mas quem iria lhe entender? Ele erra ao não dizer o que sente e erra também ao dizer. Não existe amparo na involuntariedade da sedução. No fundo, ele é um homem perdido.

Marcos disse...

Na verdade mesmo, ele ainda é um menino.

Andréia B. Borba disse...

Fran, Carla e Andreia, fico muito feliz pela visita, pelo carinho e por terem apreciado o post.

"Marcos"...O que posso dizer após ler suas palavras reveladoras? Talvez eu deva confessar que lágrimas vieram-me aos olhos... Talvez eu possa complementar suas palavras, dizendo que:

"A menina não desistiu, apenas ficou cansada.
Se ele é um homem perdido, a menina deseja que ele se reencontre.
Se ele, como ela, é ainda um menino, tanto melhor...
Assim (quem sabe?), um dia os dois se reencontrem em um inesperado caminho e escolham lutar contra a aparente facticidade de suas vidas...
Não mais menino, mas homem.
Não mais menina, mas mulher.
A menina, com lágrimas nos olhos, sorri."

Obrigada pelas sua palavras, Marcos...

Andréia B. Borba disse...

Aliás, Marcos, apenas complementando:

"A menina não consegue extirpar de si o que sente...Enquanto pensa no homem-perdido-ainda-um-menino, lhe vem à mente a letra de uma canção: 'Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder... deixo assim ficar subentendido... como uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer...'".

Unknown disse...

Tbm me identifico com essa história e tbm detesto evasivas ;)

Andréia B. Borba disse...

Oi Morgana
Obrigada pela visita e pelo comentário! Volte sempre, será um prazer!
Bjs!
Déia

Marcos disse...

Eu sou um homem-perdido-ainda-menino.
Mesmo diante de 3.600Km de distância, identifiquei-me muito com seu texto, que me pareceu merecer uma voz
de um cara que já passou por "sedutor involuntário" e que queria falar alguma coisa ainda que fosse
algo inconclusivo.
Esse estado de incertezas é complicado. Muitas vezes estou me sentindo
cansado também, mas certamente não desistirei de seguir em frente. O importante é estar atento, ter cuidado consigo e com as pessoas da
nossa vida, prestar atenção no caminho para encontrar o que é fundamental. A inquietação vai
suavizar. Sentir-se inteiro será um estado mais presente. Os momentos
de integração plena consigo mesmo e com sua companhia serão mais
freqüentes. Acredito que estou nesse rumo. Pelo que leio dos seus
textos, você também. Obrigado pelas reflexões que você me possibilitou. Fiquei muito feliz
com sua resposta ao meu comentário.

Andréia B. Borba disse...

Marcos, sou eu quem devo agradecer-lhe pela sensibilidade, sinceridade e pelas reflexões que seus comentários suscitaram.
Sinto-me honrada pelo seu acompanhamento aos meus textos.
Sinta-se convidado a comentá-los sempre. Ficarei muito feliz!
E, mais uma vez, obrigada.
Abraços,
Déia

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