segunda-feira, 21 de abril de 2008

Quando não vale a pena fazer parte do grupo

Sempre me recordo de uma pergunta que meu pai me fez há alguns anos atrás. Estava fazendo minha segunda graduação e não me sentia realmente incluída no grupo. Alem de meus colegas terem se assustado comigo quando souberam que já havia concluído um curso, era, ainda, um curso que provavelmente eles nunca escolheriam. Senti-me num misto de curiosidade, preconceito e medo. Por vezes parecia que eu já havia vivido toda uma vida, que estava com meus 70 anos tentando viver no meio de adolescentes. E, o pior, provavelmente, percebi que comecei a me fazer de burra para que fosse aceita. Não que eles não tivessem suas qualidades, as tinham, eram alegres, entusiásticos, gostavam de farra e cerveja. Mas no geral nossos interesses não combinavam, uma vez que não gostavam de ler, nem de estudar e muito menos de MPB. - Como assim né? - Também não estou dizendo que eu sou cem por cento gente boa, legal e que só tenho bom gosto. Era simplesmente incompatibilidade. Nua e crua.

Foi um sentimento muito ruim quando percebi o que estava fazendo comigo mesma. E o pior, não era feliz onde estava. Não gostava do curso no geral e percebi que o melhor mesmo seria continuar estudando Filosofia, elevando meu nível de conhecimento, do que continuar com mais uma graduação que só me deixaria no mesmo lugar. Apos essas reflexões conversei com meu pai sobre o que estava pensando, sobre me diminuir para me encaixar num grupo que nem estava gostando realmente e se continuaria o curso ou não. E ele me fez uma pergunta que nunca me esquecerei: "Mas você quer mesmo fazer parte desse grupo?" A resposta foi clara e imediata, não, na verdade não. Adeus, boa viagem, vou sair pra comprar fósforo e não volto mais. Não preciso nem dizer que não voltei depois das ferias, mas ao contrario, fui estudar o que eu já sabia que gostava, com pessoas que me entendiam e que, usualmente, tinham o gosto parecido com o meu.


Ate hoje uso esse ocorrido pra me guiar nas minhas escolhas e definitivamente procuro sempre seguir o sábio provérbio: "Antes só do que mal acompanhado". Hoje posso dizer com certeza que eu me guio, eu sou meu senhor e que tudo que eu sei e todos que eu considero amigos são minhas maiores preciosidades.

4 comentários:

Angel disse...

Sei como você se sentiu, me sinto assim hoje. Estou na segunda graduação e a incompatibilidade com minhas colegas de curso (a maioria delas) é evidente. Não me faço de burra para ser aceita, porém me calo. Talvez seja pior... Porque se eu falar, provavelmente direi algo agressivo e que expressa uma realidade que elas não entenderiam. Enfim, está quase no fim e preciso desse curo para me firmar na profissão que sigo agora. Espero que a Pós não seja tão sofrida.

Beijos!

Advokete disse...

Ah, Sílvia, mas aquele pessoal era punk mesmo... Mesmo que você se fizesse de burra, ainda estaria num nível muito mais elevado porque a mediocridade - em sentido pejorativo - imperava.

Angel, sinto de te informar que mesmo na pós nem todo mundo leva a sério como a gente. Tive um choque. Um curso tão caro, que exige tanto sacrifício, e o pessoal jogando fora o tempo deles e, pior, o meu.

Incompatibilidades, sempre há. O bom é que não somos mesmo obrigadas a nos adaptar pra fazer parte de um mundo que sequer tem a ver conosco.

Sejamos nós mesmas e seremos sempre muito mais felizes.

Beijos, meninas.

Advokete disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rosi disse...

Eu me senti assim na pós. Por incrível que pareça, em um grupo de 25 pessoas, apenas 2 vinham da área do curso e eram as mais discriminadas por saberem um pouco mais.
Tenho também esse receio ao pensar que terei que enfrentar a mesma situação se decidir fazer a segunda graduação.
Força sempre.

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