Mais um excelente filme brasileiro está em cartaz nos cinemas, mas deve ficar por pouco tempo. Trata-se de “Tempos de Paz”, baseado na peça de teatro “Novas Diretrizes em Tempos de Paz”. O filme, com Dan Stulback, e Tony Ramos, é intenso, com poucos cenários, pouca cão, mas muito diálogo. A linguagem do filme segue a da peça de teatro, e é complementada com imagens do Rio de Janeiro modificadas por computador, para mostrarem o Rio de 1945, no final do primeiro governo Vargas.
A história traz um polonês, fugido da II Guerra Mundial, que tenta vir morar no Brasil, como tantos outros que aqui chegaram naquele período. O homem é um ator de teatro, que tanta chegar ao país como agricultor, devido à necessidade do Brasil de “mãos para a lavoura”. Entretanto, fascinado pela Língua Portuguesa desde jovem, aprende sozinho o idioma e, ao chegar ao Brasil, fala fluentemente o Português. Seu comportamento gera suspeitas, e ele é levado a interrogatório com o fiscal da alfândega, que havia sido torturador no período mais violento da Era Vargas.
Assim, o diálogo entre os dois toma um rumo além do político, que expõe a ambos, uma vez que a vítima, o polonês vindo da guerra, nunca lutou por ideal algum e viu parentes e amigos morrerem na guerra, em torturas, e nada fez; e o fiscal, ex-torturador, nunca questionou uma ordem, e sempre torturou porque assim o mandaram fazer. A dor dos dois é igual, e mostra a frágil condição humana, independente de sua posição, como algoz ou vítima. O problema era o fato de não terem vivido, mas sim, existido enquanto os outros, que lutavam, resistiam, ou morriam, haviam vivido verdadeiramente.
É um filme maravilhoso e questionador, com uma linguagem tão bonita e densa, que não precisou se esconder atrás de efeitos especiais e ação em excesso, como tantos que temos visto em nosso tempo!
Tania adora cinema, de quase todo tipo de filme. Mas vê a produção brasileira crescer e melhorar em ritmo acelerado, e acredita que todos devem prestigiar esta arte, pois, em matéria de qualidade e beleza, não deve nada a nenhum cinema estrangeiro!
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