Acordei meio musical hoje, de um jeito esquisito: tive insônia e dormi cantando em pensamento as músicas e histórias cantadas que lembro da minha infância (não de doze ou treze anos, mas bem menos, tenho uma memória incrível).
Quando isso acontece me dá uma sensação de delícia muito maior do que quando eu lembro de fatos legais que aconteceram. Som, cheiro e cor, de alguma forma conseguem trazer de volta as emoções de um momento muito mais do que sua própria lembrança, quer ver?
Zero, zero, zero, zero, zero. Alô? Prima Bolha? Blublublublublublu (do Pluft, o fantasminha).
A menina Maribel-bel-bel, tem os olhos cor do céu-céu-céu e os cabelos cor de mel-mel-mel (também do Pluft).
O sapo não lava o pé, não lava por que não quer, ele mora lá na lagoa e não lava o pé porque não quer, mas que chulé. A sapa na lava pá, na lava parca na ca, ala mara la na laga a na lava a pa parca na ca, mas qua chalá. Ad infinitum (da coleção contada pelo Sílvio Santos na vitrolinha vermelha de montar, junto com o primeiro livro que eu li).
Puuula, sapo, puuula sapo, o jeito é pular, enquanto você pula sapo, a vida vai passar (não me lembro de onde vem isso).
O mal vence o bem, espanta o He-Man, Esqueleto, Esqueleto, osso no espeto (plágio da música do He-Man, inventado pelo meu primo, que me fazia chorar quando ele cantava).
Sassassassassassassassassassa-ci, saci, saci-pererê, ele pula, ele brinca, ele corre atrás de você. Cuidado com a cuca, que a cuca te pega (ai, que medo! Do Sítio). Emília, Emília, Emília, ela é feita de pano, mas se porta como um ser humano, Emília tomou uma pírula, e tagarelou a tagarelou a falar (com a Baby Consuelo, também do Sítio, delícia, delícia!).
Um elefante, se balançava, numa teia de aranha, mas como a teia não arrebentava, foi chamar um companehiro. Dois elefantes... (ad eternum) (das viagens de ônibus intermináveis Porto Alegre-Brasília, quando eu cansava de contar até mil pra chegar logo, como mandava meu irmão).
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo... (Toquinho, eternamente, que nos obrigaram a decorar inteirinha no pré e eu nunca esqueci).
Uéeee-he-he-he-heeeee-uéeee-he-he-he-heeeee-uéeee-he-he-he-rerererere (do episódio do Pato Donald com as abelhas, que eu odiava).
Zip e Zap são dois gêmeos divertidos, Zip e Zap fazem dois igual a um, Zip e Zap lá vem eles sempre unidos (eu sei o resto todo) (do Balão Mágico, que eu amava).
O meu avô é doce como um caramelo, o meu avô é fofo como um algodão, muita graça, muito riso, meu avô sabe brincar, avozinho, avozinho, é meu ahhhhhh, ahhhhhh, avozinho (também do Balão).
Algumas que não precisam de apresentação: Somos amigos, amigos do peito, amigos de uma vez... Super, fantástico amigo, que bom estar contigo, no nosso balão... Vem meu ursinho querido, meu companheirinho, ursinho (o quê? O quê? Há tu sabes, vai...).
E tem as instrumentais também: o Há-hu-hu-há da abertura do Fantástico, o Tchã-ram-tchã-ram do início da Pantera Cor-de-Rosa, o tchu-ru-rutchururu do início da música do Sítio.
É que eu tenho, dois namorados, e todos dois vão, na festa do João. Um é baixinho e fala muito, o outro fala não, um me chama de benzinho, o outro de amor, como eu posso escolher, me ajude por favooooor (Angélica, ai que vergonha, vou fugir das 340 que eu sei da Xuxa, tá?).
Não teve a menor graça? É lógico, as tuas também não teriam para mim, mas eu curti horrores e pensando bem, com este déjà vu, talvez dê para entender o motivo da minha falta de relação musical atual. Espero que cheiros, cores e o som das maritacas salvem minhas memórias no futuro.
Para a agenda: lembrar de ter também uns CDs (se conseguir vinil, mais legal), e não apenas DVDs lobotomizantes para quando eu tiver filhos.
Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras (nesta está beeeem arcaica). Pelado, pelado, nu com a mão no bolso, núuu, núuu, núu, núuu.
Um comentário:
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