terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Primeira Carta

Amado, tentei, mas não consigo dormir. Sinto-me ansiosa. Deve ser pela nossa viagem de amanhã. A Itália sempre foi meu sonho de férias. E agora... tão perto! E já que o sono foi embora, resolvi escrever, escrever pra você. Desde que nos conhecemos (fazem 03 anos!?) nunca trocamos palavras escritas. E eu que sempre me expressei bem com caneta e papel, aderi 100% aos olhares, gestos, presentes cheios de significados e sussurros. E adorei! Mas sinto falta do papel, fico mais leve quando escrevo. Acho que é a primeira carta de amor que escrevo. Já ofereci várias poesias, mas uma carta de amor, não. Talvez esteja inspirada pelo que vejo agora: você dormindo profundo, lindo!

O amor é, mesmo, cheio de surpresas. Não pensei que amaria alguém sem sofrer, pelo menos um tantinho. Mar de rosas não, claro! A surpresa é que sempre conseguimos resolver todas as questões polêmicas sem brigar porque nosso pensamento parece conectado. Na mesma sintonia. O que um pensa, o outro sabe no olhar. E tivemos tantas evidências dessa sintonia...

Quando começamos a nos encontrar e declaramos nossa predileção pelo mar (você) e pelo céu (eu), sentimos uma vontade mútua de conhecer o prazer que o outro sentia. Aí, eu te levei pra saltar de pára-quedas e você me levou para o curso de mergulho. E hoje somos pára-quedistas e mergulhadores, após algumas dificuldades de ambos os lados. E conseguimos conhecer o prazer um do outro.

E, entre mergulhos e saltos, a paixão veio, galopante. Todos aqueles que conviviam conosco notaram, afinal os apaixonados perdem a noção da discrição. O sentimento era nítido nos gestos, nos olhares, nas conversas (eu só falava em você... kkk). E tudo que vivemos sempre foi tão intenso e natural que o Amor não tardou a juntar-se à paixão. Minha admiração por você veio antes do primeiro beijo, já era um ingrediente indispensável ao amor.

E os presentes!? Em total sintonia, pra variar... Nos primeiros seis meses de namoro, fomos convidados para uma festa especial, poderíamos solicitar, antecipadamente, que o músico da festa ensaiasse uma música para que nós cantássemos em homenagem a alguém. Eu pedi “Quando a gente ama”, lindamente interpretada por Oswaldo Montenegro, e cantei para você. E você pediu “Fly me to the moon”. Quando ouvi você cantar, nem me importei com as notas desafinadas, afinal era pra mim aquela declaração de amor. E chorei muito, de felicidade. E tudo isso foi surpresa pra nós dois. E naquele dia fizemos amor em silêncio, não havia necessidade de sons além do prazer. Tudo havia sido declarado nas canções.

Em nosso primeiro aniversário de namoro, passei quase quatro meses preparando o presente. Queria que você entendesse a minha vontade de união, casamento, juntamento, o que fosse... Mal sabia eu que você já pensava o mesmo. Comprei os palitos de picolé e passei meses construindo a maquete da nossa casa. Na verdade, minha mãe me ajudou bastante nisso. Ela fez duas casas com esses palitos quando eu era criança. E a nossa casa fictícia ficou perfeita, tinha até os bonequinhos representando eu, você e o Mário (o cachorro que já sonhávamos em ter). Pra completar, você chega com as alianças. Ah, como eu te amo! Te amo a cada olhar, a cada lembrança, a cada sonho para o futuro!

Cinco meses depois, nosso casamento. No mar e no céu. Não sei qual foi mais emocionante. Sei que se morresse em qualquer desses momentos, teria amado mais do que sonhei.

E agora, rumo à Itália... Roma, Veneza, Florença, Milão, Sicília (origem de minha bisavó)... Não vejo a hora! E com você, esse sonho terá o melhor sabor.
Agora vou preparar nosso café, já me sinto mais leve...

Te amo inteiro, imperfeito, homem, amante, companheiro... e nosso amor é tudo de melhor que eu nunca pensei que fosse viver. Bom Dia!Amada.



A Primeira Carta não tem destinatário real. É fictícia. Foi um sonho... Sonho meu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alguém q (des)escreve um amor de forma tão linda, com certeza merece vivê-lo e ele virá! ainda mais lindo do q suas palavras...

Anônimo disse...

Qualquer realização passa antes por um sonho...
Oswaldo Montenegro disse muito bem: "Quando a gente ama, simplesmente ama." (veja clip no Youtube)
Para escrever assim, a pessoa tem que estar em "estado de amor", o seu caso.
E assim não será surpresa se alguém neste mesmo estado te "enxergar"...
A estória pode ser fictícia, o seu estado amoroso, não mesmo!
Continue assim... Nunca abra mão de amar.
Um abraço para você!!!

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