Sempre tive uma dificuldade muito grande em acreditar na inveja. Afinal, parece-me bastante absurdo que alguém gaste sua energia invejando os outros ao invés de cuidar da própria vida e correr atrás de atingir seus objetivos. Mas definitivamente não é todo mundo que pensa assim.
Tem uma menina cujo nome não vou revelar que realmente se sente muito incomodada com a minha existência. Antes eu achava que era loucura minha. Pior, achava que era muita pretensão me achar “digna” de ser alvo da inveja alheia (se é que há motivos que nos “dignifiquem” a ser invejados). Mas já tem um tempo que fico observando a forma como esta infeliz se manifesta a cada palavra ou gesto meu e agora não tem mais jeito de eu pensar outra coisa: a menina só pode ter inveja de mim!
Quem me conhece, sabe que eu sou uma matraca, falo pelos cotovelos e dificilmente demoro mais do que cinco minutos pra começar a bater papo na fila do banco, no ponto de ônibus, no caixa do supermercado, etc. Aí acaba que sempre meio que “sobrou” pra mim a tarefa de organizar eventos entre os amigos. Vamos organizar um churrasco? “Laeticia, você manda um e mail pra galera?” E lá ia eu mandar o e mail feliz da vida. Eu e um amigo chegamos ao ponto de assinar os emails brincando, tipo “Laeticia, advogada, promotora de eventos e gata”! Rsrs Bom humor não faz mal a ninguém, né? E afinal, há eventos que são um fumo de organizar, ninguém quer pegar o boi pelo chifre e eu sempre me candidatei ao posto junto com mais uma ou duas pessoas.
Pois foi durante uma reunião botecal para organizar um evento que ficou claro pra mim que esta menina sempre, invariavelmente, se opunha às minhas idéias. Nem sempre direta e explicitamente, mas a oposição era evidente. Sempre havia “mas”, “poréns”, “só quês” para contrapor as minhas idéias que, normalmente, eram bem vindas pelo restante do grupo e colocadas em pauta. O tempo foi passando e esta situação foi enchendo o meu saco, sabe? Pôxa, a menina é uma chata de galocha, fica pondo defeito em tudo e querendo mandar mesmo de longe, eu fico emputecida e me estressando... mas a troco de quê? Larguei de mão este negócio de organizar eventos e passei a bola.
Mesmo assim minhas manifestações não passavam em branco. Se eu mandava um e mail chamando pro cinema, a dita cuja falava mal do filme, do cinema e da pipoca. Se eu chamava pra ir ao boteco x, a dita cuja falava mal do lugar, do garçon e da comida. Se eu convidava pra bazar, a loja era sempre “de patricinha”, “muito cara”. E sempre num tom que Deus me livre. Até que eu parei de mandar e mails e comecei a chamar as pessoas com quem eu realmente queria sair por telefone. Não estava afim de stress. De gente recalcada eu sempre quis distância.
Aí teve uma vez que tive que mandar o famigerado e mail e começaram encheção de saco e provocação públicas. Desta vez, cansei de me calar e foi uma verborréia. Affe, que stress. Parei definitivamente com a organização de eventos. Outras pessoas assumiram o posto e sempre me pediam opinião. Muitas vezes eu mesma tinha a idéia e falava: olha, mas manda o e mail você, fulana, porque tudo que vem de mim é motivo praquela outra por defeito. Aí outra pessoa mandava o e mail com a minha idéia sem falar que era minha e a menina era só elogios. Que coisa curiosa!
Cheguei à conclusão que o problema dela era comigo mesmo. E, como a companhia dela nunca me interessou (eu só mantinha contato porque gostava demais de pessoas que convivem com ela), decidi ligar o foda-se de vez. Alguns amigos insistiam comigo que era impressão minha, que ela era implicante com todo mundo, que era meio ranzinza, meio mal humorada, que eu deixasse pra lá. Mas desta vez até a turma do deixa-disso teve que concordar comigo: não é que pediram pra mim uma informação por e mail e, diante da minha resposta educadinha de que eu não sabia, pois eram outras pessoas que estavam organizando o evento, não veio uma resposta mal criada da tal menina, com direito a palavras em negrito e sublinhadas?!!! Só faltaram as maiúsculas!!! Deletei. Li, reli e deletei. Não valia a pena responder aquilo.
O telefone tocou. “Laeticia, estou com vontade de matar a fulana de tal! Você manda um e mail todo educadinho e recebe aquela patada de volta!” Pois é, amiga, a vida tem destas coisas. Só que, se antes eu fazia de conta que esta menina não tinha motivo nenhum pra me invejar, agora pelo menos um reconheço que ela tem: ela é pobre de espírito de dar dó e eu, como alvo, vou acabar me tornando um espírito mais elevado!! Tem que ter muito bom humor nesta vida, mesmo, viu?
Laeticia acha barraco virtual muito trash, quase tão trash quanto perder tempo invejando os outros.
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