Ando refletindo sobre máscaras. Aquelas que usamos para nos beneficiarmos de alguma forma (consciência ou sem ciência) e que acabamos confundindo com aquilo que somos.
Cabe aí a máscara de parecermos fortonas, que esconde nossa enorme vulnerabilidade, ou nossa carência. A máscara de nos exigirmos em tudo à perfeição, que esconde nosso desejo de sermos aceitas e quem sabe até admiradas. A máscara de fechar os olhos para abusos, também para sermos aceitas, ou continuarmos sendo amadas. A máscara da simpatia, do excesso de docilidade ou de disponibilidade, para manipular os outros ou mobilizar sua culpa. A máscara do intelectualismo, para esconder nossa dificuldade de nos relacionarmos. A máscara da super mãe, que pensa que supre sua falta de tempo e atenção sendo muito permissiva e impedindo a dádiva do aprendizado dos limites aos seus filhos. A máscara da vítima, para conseguirmos o que queremos sem pedir. E tantas outras, muito mais vistas por aí e em nossos próprios espelhos do que os rostos de quem somos.
Mas quem somos? Como descobrir quando trocamos mais de máscaras do que de roupas? Esta eu semana descobri uma dica que parecia simples: responda rápido o que você faria se não tivesse ninguém olhando (também vale se “só lhe restasse esse dia”)?
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Escreveria um livro para crianças, tendo meus horríveis desenhos feitos à mão como ilustrações.
Trabalharia em casa, durante as horas que me conviessem, no meu escritório-green-house do jardim, com os cães e a plantas, sob a luz de velas e estrelas (e tenho certeza que renderia muito mais do que hoje).
Faria doces, tortas, bombons. E visitaria os amigos sem motivo algum, sem marcar hora, sem ter o que resolver, o que conversar, apenas para comer meus doces com eles.
Leria livros. Um atrás do outro, por dias a fio. Na long-chaise do escritório-green-house, de maiô, chapéu mexicano e champanhe de dia, e de chambre e vinho à noite.
Faria arte. Sem pincéis. Com tecidos, fios, tintas e agulhas. O que pudesse inventar com eles. Sem pensar se o resultado seria de alguém o agrado. Começando com um enorme pano branco para sapatear com os pés mergulhados na tinta (os meus e os das crianças da minha vida). Passando a escrever poemas nas paredes e, por fim, pintando as telhas de casa uma de cada cor.
Faria teatro. Tendo ou não talento, quebraria a perna. E me envolveria com a confecção de costumes e cenários e ingressos e coquetéis de premier.
Saberia dizer prontamente quais as minhas músicas favoritas e para que momentos. E quem as compôs, onde e quando, quem já as tocou e qual a minha versão predileta. Saberia tocá-las, todas, no Odorico, meu violão.
Passaria todos os dias de chuva nua, debaixo das cobertas, de chamego com o Sr Puko, ignorando a existência do tempo.
Casaria ao ar livre e descalça, com os poucos amigos e família em casa, com a nossa comidinha e os doces da família.
Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Não entendeu quem ela é sem suas máscaras, com a tal dica. Descobriu que já o sabia, mas que não cabe neste mundo sem elas, assim como você.
Um comentário:
O melhor é não usar máscaras e, sim, ser você mesmo.
Se se mascara ninguém enxerga a personalidade que tens. A última é natural, a máscara é artificial.
Nem mesmo ser personagem do teatro sociedade vale a pena, já larguei faz tempo!
Viva, trabalhe, divirta-se, durma e acorde com o que tens e como és; no máximo a máscara do cosmo(cosméticos)!
Seja feliz!
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