sábado, 29 de dezembro de 2012

Entardecer


Eu não gosto nada
De jogo de truco,
De sol muito forte,
De gente pedante,
De falta de pulso.

Mas eu gosto muito
De casa arrumada,
De boa conversa,
De dias chuvosos,
De amigos e amores.

Me causa desânimo
Conversa fiada,
Direitos sem deveres,
Excesso de tudo,
Falta de caráter.

Mas me admiro
Com casais de idosos
Caminhando nas tardes
Com seus cachorros
Na tranquilidade.

E então não me canso
De ver essas cenas
De vida vivida,
Pois é o que eu quero
Pra quando eu crescer!


Mini-resumo: Tania está na fase de reflexão.... Isso demora, mas acontece de vez em quando... rs....

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Grrrrr...


Amiga: - Oi, tá boa?

Mari: - Não!

Amiga: - ...



Mariana escreve esporadicamente, hoje mais azeda do que nunca. Pretende retomar a doçura, mas por hora tá difícil. Anda se cansada, triste, está com cólica e tem se sentido sozinha na multidão. Tudo está irritante – de pernilongos a seres humanos. Promete que vai se esconder debaixo da cama até essa nuvem sair da sua cabeça, pois como está representa um mal pra humanidade. Não tem planos algum pro ano que vem e essa semana não tem sido uma menina boa. Tem tratado mal as pessoas e respondendo ao mundo com intolerância e impaciência. Apesar de tudo, espera que aqui dentro bata um coração, mas hoje só acredita no amor do seu cão. (Tomara que tudo não passe de uma TPM, se for pra ser esse monstrinho que sou hoje, melhor o mundo acabar mesmo!)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Momentos transformadores

Há momentos na vida de cada um nós que nos mudam para sempre. Nos deixam mais fortes, mais sensíveis, mais auto-confiantes ou mais descrentes. Fato é que nos transformam.

Vou contar o mais recente, mas preciso antes contextualizar: sempre (e friso o SEMPRE) que vou ao banheiro de noite para fazer xixi eu olho dentro do vaso sanitário. Acendo a luz, levanto a tampa (eu moro sozinha e ela vive abaixada \o/), confiro tudo. Se estiver fora de casa, ou se não vou acender a luz, levo o celular, ligo a lanterna e confiro também. Pode parecer paranoia (e antes de me julgarem lembrem que todos vocês têm alguma), mas eu tenho medo de uma coisa: pererecas.

Não em geral, só medo de que possa haver uma dentro do vaso sanitário. Aí eu vou sentar, toda exposta e aimeudeus...nem quero pensar. Anos de ritual para o xixi noturno, e isso nunca aconteceu. Até a última quinta-feira.

Olhei bem distraída, só aquela olhadinha padrão para o vaso e lá estava ela, com um olhar malicioso, planejando pular em mim a qualquer aproximação!

Aí foi a hora que tive vontade de fechar a tampa e dar descarga! Mas minha consciência não deixou. Droga!

E foi a hora que odiei morar sozinha e não poder chamar ninguém! Foi a hora que desejei ter um namorado e pagar de mulherzinha: "amor, eu PRECISO de ajuda"!

Foi a hora que pensei em trancar o banheiro e ir dormir sem fazer xixi...

Foi a hora em que meu coração disparou e perdi a coragem.

Mas a vida continua, com ou sem pererecas ameaçadoras! Juntei toda a minha coragem que tinha pulado como uma perereca, uma sacola plástica (porque eu tenho nojinho, sim) e fui á luta. Literalmente. Ela pulava e eu corria, pulava e corria pulava e corria, até que peguei. Foi tão ruim a sensação que quase soltei!

Joguei ela pra fora, fechei bem rápido e janela e voltei pro banheiro ver se ela tinha deixado alguma comparsa. Não tinha.

Esse momento foi transformador! Não que eu tenha parado de conferir se há pererecas no vaso sanitário. Mas na noite seguinte, quando a dita-cuja estava lá DE NOVO (audácia) não fiz drama, peguei, joguei pra fora e pronto!

Já fiz tanta coisa sozinha na vida, já me convenci e aceitei de que a gente nasce e morre só. E agora eu sei que posso me defender de uma perereca sozinha! =)

Renata entrando no inferno astral, e levando lição de moral até dos anfíbios!




terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ditados


Na minha terra se costuma dizer: a pessoa sai da colônia, mas a colônia não sai da pessoa. Como muitos ditados, esse é super verdadeiro. Exemplo: vim a BH a trabalho. Cheguei no hotel, e me deram o quarto 1106. Subi ao décimo primeiro andar, e vi os quartos 1101, 1102, 1103 e 1104. E só. Contei de novo, como se pudesse ter contado errado...
Voltei à recepção, que estava cheia de gente, e fiquei com vergonha de dizer: não achei meu quarto! Então optei por: você poderia confirmar o número do meu quarto?
Claro, disse a moça, 1106. 
Cri cri cri...deve ter ficado na minha cara a questão!
Então ela disse: a senhora pegou o elevador para os quartos com final de 5 a 10, certo?
Errado. Óbvio que não! E eu ia ler aquela mini plaquinha? E ia saber que ao invés de pegar o elevador logo em frente, eu teria que dobrar à esquerda, direita e voilá: elevador certo!

Renata saiu da colônia, mas a colônia não saiu dela.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Da série Coisas que me irritam (3 de infinitas): invasores de bolhas


Essa séria seria mais do que infinita, se isso fosse possível. Tenho tido dificuldade em escolher temas para escrever, são tantas as opções! Ainda mais na TPM, as coisas irritantes surgem de todos os lados, sob formas variadas!!
Mas hoje o tema escolhido foi: os invasores de bolhas!
Todos nós temos uma bolha ao redor de nós, invisível, mas ela está lá. O meu corpo e o espaço ao redor dele me pertencem, estão na minha bolha. Algumas pessoas fazem de tudo para deixá-la bem visível, mudam a expressão e até rosnam quando algum atrevido invade essa área tão pessoal. Outros tentam esquecer que ela existe e buscam o contato mais próximo possível com outros seres. São aqueles que tocam na gente o tempo todo e falam bem de pertinho. Aproveito pra dizer: não é legal. Se estiver tão perto que posso sentir teu hálito e o calorzinho que vem da tua boca, não é legal. Salvo exceções, claro.
Minha bolha é relativamente grande, e dentro dela entra quem eu quero, quando eu quero. Me incomodam essas pessoas sem a menor sensibilidade para a bolha alheia. Se a pessoa se aproxima e eu recuo, cruzo os braços, ou até troco de lugar, hello!! Sinais de que avançou demais e ficou invadindo minha bolha.
Já houve casos de eu educadamente dar uma desculpa, tipo: vou ali e volto já. E a pessoa me segurar! Me segurar pelo braço é o fim da picada! Aliás, essa é a prova de que o Roberto Carlos não entende de mulher: O cara que pega você pelo braço! Desse cara quero distância. Não só fora da minha bolha, como fora da minha vida!
Não peço demais, só queria que as pessoas tivessem a sensibilidade e a preocupação com o espaço dos outros. Intimidade e confiança são as chaves pra poder entrar na minha bolha, e como é melhor dar dinheiro do que intimidade, são poucas pessoas com as quais me sinto confortável nesse espaço que é meu.

Renata espera comentários desse texto, até para saber qual a tolerância de vocês aos invasores de bolhas. Até lá, sonha com essa aqui:


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mais Sobre Conceito de Amizade


Já escrevi algumas vezes sobre amizade, mas o tema não se esgota. Tenho passado por um período em que antigas amizades retornaram, fiz novas amizades, e percebi que me afastei de outras amizades. Entretanto, não é a primeira vez que isso acontece, e acredito que aconteça a muita gente. Eu não acredito que distanciamento prejudique as amizades. Às vezes, ele é necessário, e, outras vezes, é inevitável. Seja por motivo de mudança de localidade, ou por mudança de comportamento, ou de trabalho, ou de mentalidade, a gente acaba se aproximando, ou reaproximando, de umas pessoas, e se afastando de outras. Algumas pessoas são somente conhecidas, ou boas companhias, mas outras são amigas de verdade.

As amigas não deixam de ser amigas por motivo de uma separação física, temporal ou ideológica. Tenho amigas antigas, que, por vários motivos, só encontro de vez em quando. E, mesmo assim, são amigas maravilhosas, que sei que posso contar com elas, e que elas podem sempre contar comigo. Não há cobranças por atenção, ou por estar mais perto. A gente se vê quando pode, e cada encontro é ótimo; é uma festa!

Outro dia tive uma notícia ruim, e mandei uma mensagem para uma amiga minha, dizendo que estava chateada (bendita tecnologia que nos aproxima!). Essa minha amiga me telefonou na mesma hora, somente para fazer graça, para alegrar meu dia! E alegrou! E sei que também já fiz isso.

E acredito que amizade está mesmo nesses gestos simples, sutis, que não exigem que se movimentem céus e terras, mas que acalentam a alma da gente.



Mini-resumo: Tania vai continuar escrevendo sobre amizade, porque sempre surge esse assunto em sua vida. E porque acredita em amizade acima de tempo, espaço e pensamento.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Da série: Coisas que me irritam (2 de infinitas) : O monólogo coletivo


Para as raríssimas pessoas que têm algum bom senso e/ou conhecem os radicais da língua mãe, um monólogo é algo que envolve uma pessoa. Não duas, não três, não quatro (como diriam os “repetidores”).

Mas eis que surgem, sempre nas horas mais inoportunas e de muito mau humor, os monologueiros coletivos. Aqueles que acham que é possível e aceitável fazer um monólogo no meio de uma conversa com outros seres humanos. Ressalto a espécie porque talvez o seu cachorrinho não se importe se só você falar, mas isso não acontece com outros seres humanos. E não, não importa quão boa é sua retórica, quão fascinante é a história que vocês está contando, ou quão importante é sua contribuição: quando você toma a palavra para si, e corta as tentativas de interação, não é mais uma conversa. É um monólogo. Não parece que é por causa das outras pessoas ali ao redor. Mas é. Para quem vê de fora por um curto período de tempo, parece uma conversa. Só que não.

Acho que pode haver alguns eventos raríssimos em que as outras pessoas calam e só ouvem, com prazer e voluntariamente, porque o relato é magnetizante. Mas esses momentos são raros. E pode apostar que nunca aconteceu com a maioria dos monologueiros.

O fim da picada ao fazer um monólogo às custas do tempo e paciência das outras pessoas, é reforçar que a palavra ( como se ela pudesse ser possuída), é só sua: cortar os mortais que se aventuram a fazer um comentariozinho naquela pequena e breve pausa para respirar. Ah, ainda bem que as pessoas têm que respirar, de outra forma haveria gente que começaria a falar com um ano de idade, e terminaria só no fim da vida. Mesmo surdo, sem nem poder ouvir sua voz, falaria só pelo hábito. Não porque alguém perguntou. Nem porque alguém se importa. Nem mesmo porque alguém escuta. Só por falar.

Falta de educação falar como se fosse o espetáculo que mais vale a pena no mundo de assistir. Só falta esperar que as pessoas agradeçam e deem flores no final. Falta de educação cortar os outros que estão falando. Se um não está escutando o outro, não é conversa. Na melhor das hipóteses são dois monólogos que acontecem nas pausas de respiração de ambas as partes.

Já experimentei deixar beeeem claro que não estou prestando atenção, como, por exemplo, lixar as unhas durante um episódio desses. E já experimentei falar: não leva a mal, mas você percebeu que me corta enquanto estou falando? Se quiserem fazer experiências assim, eu super encorajo, e espero que sejam melhores sucedidas que as minhas. Muito melhor sucedidas.

E um viva para as pessoas educadas, o poder de síntese, a autoestima que não depende de autoafirmação! Viva a conversa generosa, a troca, o ouvir atento!

Renata muitas vezes prefere o silêncio a monólogos egoístas que ela nem consegue entender, nem que queira.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Praticando a gratidão na dissertação


Nos últimos meses toda minha energia criativa estava dedicada a uma só coisa, ou melhor, três: dissertar, dissertar e dissertar. Só quem já passou por uma experiência do tipo sabe o quanto você se aliena da vida e não consegue falar, nem pensar em outra coisa. Deve saber também da culpa eterna que se cria: a culpa que habita dentro de si enquanto namora e não escreve, enquanto vê um filme, sai pra jantar, viaja ou vai pra festa e não se produz ciência. Resumindo: nem se vive, nem se adianta o trabalho. Mas enfim, sobrevivi, obstáculo vencido e superado (mesmo pensando que esse dia nunca chegaria). Benditos sejam os florais californianos!!! Bom, o fato é que não consegui produzir nada que não se relacionasse com esse momento.

Dito isso, numa espécie de justificativa de sumiço versus o desejo em mostrar “serviço” por aqui, decidi compartilhar com vocês o lado “poético” de um trabalho científico: os agradecimentos. Ouvi de uma colega que escrever essa parte era tão difícil quanto escrever a própria dissertação. Não tinha ideia do quanto. Achei por justo mencionar se não todos, grande parte daqueles que, de alguma forma, contribuíram na minha jornada e assim, me ajudaram a chegar até onde cheguei. Me perguntei se era normal escrever 8 páginas de agradecimentos. Como essa parte é livre e nossa, me permiti a quebra de protocolos (cultivo um anseio de querer sempre quebrá-los). No fim, o tiro não saiu pela culatra e os agradecimentos agradaram – e até emocionaram – a banca, especialmente a parte da Dedicatória, feita a meus pais. Numa espécie de ensaio geral adaptado do que foi essa prática de gratidão, me questiono:

Como não dedicar este trabalho a meus pais, meus maiores benfeitores nessa vida? Aqueles que sempre me incentivaram ao estudo e apoiaram minhas escolhas. Certamente sem esse patrocínio positivo amorosamente infinito, eu não chegaria até aqui. Por nunca medirem esforços para me ajudar, em todos os sentidos que um ser humano possa ser ajudado. Por, ao me ensinarem, terem feito essencialmente por meio do exemplo, deixando sua marca em meu coração, alma e intelecto. Por terem o dom de sempre me estimular, incentivando a sair da zona de conforto. Por sempre acreditarem em mim e no que eu era capaz, apostando no meu potencial de ser, estar e lutar nesse mundo. Por sempre torcerem com sinceridade pelas minhas vitórias, por serem gentis nas minhas derrotas, por serem justos nos meus tropeços. Por, mesmo nas maiores distâncias, se fazerem presentes em minha vida. Por simplesmente ser o que são, guerreiros, trabalhadores, honestos, amados e bondosos, me fazendo ter fé e esperança na vida e num presente e futuro bons.



“Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente."
(Ana Jácomo) 



Como não me render ao protocolo e não agradecer especialmente a Deus? Afinal, foi Ele que me oportunizou (pelo menos é no que creio) uma das coisas que mais amo nessa existência: a dádiva da vida. Por Ele ser meu grande inspirador, pelas qualidades infinitas. Pelas bênçãos que derrama sobre mim, ao longo de minha existência. Por me segurar a mão e acalmar meu coração nos momentos nebulosos. Por alegrar meu coração nos dias ensolarados. Por me fazer companhia nos dias solitários. Por ter me abençoado com as maravilhosas pessoas que me cercam. Por nunca permitir que a minha fé acabe. Por fazer morada no meu coração. Por servir de porto seguro na jornada da minha alma. Por me fazer crer que a vida é boa.

E depois de Deus e meus pais, como não mencionar meus avós, pelo exemplo de luta e fé, por serem minha inspiração, por me fazerem sentir o tanto de amor e admiração que recebo deles? E meus irmãos queridos, de quem cuidei, quem tanto amo e por quem enfrento qualquer luta? Como não mencionar e agradecer à minha grande família de tios e primos que fazem parte de minha vida (graças a Deus!)? Afinal, sou tão feliz em tê-los sempre perto de mim. Como não agradecê-los pela força, torcida, amizade, cumplicidade, pelo seu amor?

Falando em amor, como atrever-me não mencioná-lo, esse que já faz parte de minha família, que me “aguentou” durante esses dois anos e meio, mesmos nos momentos menos aturáveis? Por ser meu amigo, meu companheiro e minha inspiração. Por acreditar em mim, nos meus sonhos, e por sonhá-los comigo. E claro, pela ajuda prática e objetiva na revisão e formatação do trabalho. Como esquecer isso tudo?

Pode parecer brincadeira, mas para mim seria impossível fazer uma lista de agradecimentos e não incluir minha querida “filhota”. Pretinha me fez abrir as portas da casa em Bauru (interior de SP, onde fiz o mestrado) e, assim, me abriu as portas ao maravilhoso mundo animal. Só tenho a agradecê-la por me tornar uma pessoa melhor e pedir que esteja presente alegrando a minha vida por muitos anos. E seria injusto não falar do Chico, o mais novo filhote da casa, por ter feito a “família” crescer e ser o vira-lata mais fofinho de todos os tempos!

Acredito que somos mestres uns dos outros nesta vida, e que ninguém aparece nela por acaso. Mesmo que não seja para sempre, mesmo que não dure eternamente, cada pessoa que passa deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. E aí, continuo me questionando: como não agradecer os bons amigos, aqueles que são a família que escolhemos? Como não lembrar das amigas de infância que me “sequestraram” para seu sonho acadêmico em Curitiba, e com as quais dividi momentos essenciais no meu processo de aprendizagem da vida, a dor e a delícia de “começar a ser gente grande”? Como não agradecer pelo seu acolhimento e de sua família, sendo que sem essa oportunidade, certamente não descobriria esse curso no qual me encaixo tão bem, como a Fonoaudiologia, uma de minhas grandes paixões?

E é claro que tive que recair no protocolo e agradecer aos professores e colegas da turma da graduação e pós-graduação. Com esses últimos, nosso dia-a-dia se torna mais leve. E sempre tem aquelas três ou quatro amigas especiais, com que a gente divide tantos momentos, bons e ruins, e com temos “devaneios” coletivos, viagens alucinantes pelo mundo complexo de Saussure que as professoras de linguagem insistiam em nos imergir!

Têm aqueles amigos também com que você divide a vida, a casa, o apartamento, as contas, alegria, tristezas e dificuldades, partes do processo de evolução e aprendizagem. Agradecer pela rotina agradável (ora nem sempre), pelas risadas e cantorias, pela amizade e companheirismo. Aqueles que hoje você vê e sente orgulho das pessoas que se tornaram, pelos profissionais que são e pelas famílias que constituíram. E você percebe que você fez parte disso e eles fizeram parte de você. Como não lembrar dos outros amigos acreanos que também compartilharam o momento de estar – tão – longe de casa (em Curitiba, Bauru, São Paulo, cidades que me acolheram nessa vida acadêmica)? E claro, como não agradecer ao povo que te acolhe, que de fato é tão acolhedor (mesmo em Curitiba, apesar das controvérsias), com quem muitos se mantém amizade, mesmo depois do tempo e da distância? Aos amigos que também são de longe, que se conhece ao longo da jornada, nada mais justo senão agradecer e torcer que se encontre sempre, em qualquer lugar do mundo.

E como não agradecer em especial àquela colega que se fez anjo em sua vida nas temporadas difíceis, por toda ajuda, por ter sempre uma palavra positiva, por te socorrer nos momentos que você mais precisou? Aquela que você agradece principalmente por ser mais que uma verdadeira amiga, mas por ser uma irmã de alma. Aquela cuja convivência se faz um aprendizado constante, principalmente de vida, e que você leva no coração para sempre.

E claro, como não agradecer aos queridos amigos de minha terra, Rio Branco, AC, que fazem parte de minha história e alegram meus dias? E àquela turma especial, a turma do curso de Coaching, com quem tive a oportunidade de dividir momentos únicos, mágicos e maravilhosos? Que compartilharam de meus sonhos, felicidades, medos, angústias, e que fizeram uma “torcida organizada” para que eu conseguisse chegar até aqui. A família que se ganha de presente da vida, amigos de alma, pessoas especiais e inesquecíveis.

Retornando ao protocolo, tive que agradecer ao estatístico que se prontificou a acudir minhas dúvidas mais esdrúxulas. Agradecer às Secretarias de trabalho que me apoiaram. Aos colegas de trabalho, pela convivência agradável e pelas trocas de saberes contínuas (especialmente às amigas “psi”), pelas trocas e possibilidade de aprendizado diário e por me fazerem acreditar num SUS que dá certo! Às colegas fonoaudiólogas, com quem junto comigo lutam, brigam, dividem anseios e também conquistas. Agradecer à banca honrosa de doutores, especialmente ao médico otorrino, pelo espaço e oportunidade de aprendizados mútuos e por ter me permitido fazer parte desse sonho, me fazendo acreditar que um trabalho transdisciplinar seja possível.

Sem dúvidas, agradecer de maneira muito especial a minha querida orientadora, pela oportunidade de ser sua orientanda. Por ser um exemplo de profissional, pesquisadora e, principalmente, ser humano. Por ser uma pessoa realmente admirável. Pelo seu acolhimento, carinho, suas orientações, “puxões de orelha”, lições de vida... por ter me aberto às portas do instituto e também de sua casa, quando mais precisei. Essas coisas a gente nunca esquece.

E para finalizar, como não mencionar e agradecer a todos os pacientes e suas famílias, os maiores motivadores de minha capacitação permanente, as maiores razões do meu aprimoramento profissional? Todo carinho e voto de confiança, todo o aprendizado? Por me ensinarem tanto: a valorizar a vida, a ter humildade, a ter garra para superar obstáculos, a ter gratidão e a nunca perder a fé? Eles fazem parte disso e seria impossível não lembrar.


Gabriela continua agradecendo e criando cada vez mais gosto nisso. E percebe que demora para escrever, mas quando escreve... não consegue mais parar! Para não perder o costume, agradece pela paciência e atenção até o fim.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Da série: Coisas que me irritam (1 de infinitas)

Andei uns dias meio irritada. TPM. Esses dias se estenderam por semanas e então: TPM de novo. Até que decidi deixar de usá-la como desculpa, embora ela tenha parte nisso, e aceitar. Sou ranzinza. Impaciente. Me irrito com muitas coisas. A Poliana sempre sussurrando no meu lado. um dia dei um tapão nela, que caiu de boca no chão e sumiu. E assim começa essa série, falando sobre as infinitas coisas que me irritam.
Foi difícil decidir por onde começar. Pensei em fazer listas: por ordem de irritação, por ordem alfabética, por ordem cronológica no decorrer do dia, sem ordem alguma.
Mas decidi falando de algo que me irrita demais e que me dá vontade de pular na garganta de quem faz: as repetições.
Eu mesma uso esse subterfúgio, principalmente na escrita, quando quero enfatizar. Por exemplo, para descrever algo que me irrita muito muito mesmo. Mas mais de duas repetições já é exagero. Mais de cinco é loucura! Ainda mais quando a pessoa está falando, pois ela tem TODOS os recursos para mostrar ênfase; pode gesticular, erguer uma sobrancelha só (bem, nem todos podem...), erguer o tom de voz, pular, sei lá! Muitos muitos muitos recursos. Mas não. Elas falam infinitamente a mesma palavra como se isso fosse fazer mais efeito do que dizer uma vez só. O único efeito que dá é fazer a gente querer dizer:  eu não sou surda.
Uma variação é aumentar a extensão dos exemplos: tinha dessa blusa em vermelho, rosa, azul, bege, laranja, verde, amarelo...quando podia dizer: várias cores. Por que falar palavras demais quando se pode falar a mesma coisa com menos palavras? Só pra ouvir sua voz? Pra ter tempo de pensar no que vai dizer depois? Por total esquecimento de que há outras pessoas ao redor e só querer ficar divagando? Por medo de que surja o silêncio? Tudo bem ficar em silêncio!
Então, se você tem essa mania horripilante de repetir a mesma palavra muitas e muitas e muitas vezes, e acha que esse texto é para você, é mesmo.
Se você não tem, não faça isso nunca!

Renata assumindo seu lado ranzinza.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Abrindo Caminho


Depois de meu completo desaparecimento, acho que agora finalmente estou de volta. Nesse período esbocei inúmeros textos, tinha vários prontinhos na cabeça, mas cadê forças e tempo pra escrever? A vida andou me pregando muitas peças nos últimos meses! Quebrei dedo, perdi dente. Desapeguei do trabalho, decidi cuidar mais de mim e dedico um tico do meu tempo todo dia a minha horta-jardim (aliás, alguém aí sabe como combater lagartas num pé de maracujá?). Fui do hospital com a mãe ao alto da montanha meditar. Meditar uma ova, me coloquei de castigo isso sim. Sabe quando a gente é criança e colocam a gente num cantinho pra pensar sobre nossas atitudes? Foi exatamente isso que eu fiz. Troquei a miniférias pelo castigo e não me arrependo nadinha. Pois bem, pode sair do castigo nêga. Saia do castigo e recomece, reinvente, se dê uma nova chance.

Nesse processo tenho um balancete parcial: acredito cada vez menos no que diz a TV e no que está escrito no jornal; pela primeira vez na vida me acho bonita; ainda me chateio com a ignorância e egoísmo do mundo (Funai, demarque de maneira digna as terras indígenas? Era tudo deles, tá tudo errado!).



  • Mariana andou perdida entre dentes, lagartas, hospital, montanhas e pensamentos, mas tem aberto seu próprio caminho, sem muita certeza do destino.
  • terça-feira, 30 de outubro de 2012

    Soneca

    Sabe quando a gente vê a mesma palavra várias e várias vezes seguidas, até o ponto de ela soar completamente estrangeira? Não sei se acontece com todo mundo, mas comigo acontece muito. E a palavra hoje é “soneca”. Não só porque passei o dia querendo parar uns minutos e tirar uma soneca. 

    Fui dormir tarde, e de manhã fiz uso do artifício mais vezes do que deveria. A cada 5 minutos, uma soneca. E eu realmente dormia, com sonhos incluídos! 


    No trabalho, muito por fazer e pouca concentração, apliquei  a técnica do Pomodoro e a cada 25 minutos, lá estava ela, a soneca, encompridando meu Pomodoro em mais 5 minutos. 


    De tanto ler, ver, pensar e falar essa palavra, ela parece totalmente estranha: SONECA. Uma palavra fofa, mas seca. Soneca. Se fosse ao diminutivo, talvez soasse mais familiar: sonequinha... Mesmo assim, estranha. Como o nome daquela prima em terceiro grau que você não vê desde as bodas daqueles tios avós que...bem, como alguém que você deveria reconhecer, mas não reconhece. Soa vagamente familiar, mas presentemente estranha. E lembra um pouco boneca, mas não é. Como quando alguma coisa quase cabe em algum lugar ou na sua vida, quase, quase, mas não cabe. 


    Daqui a um minutinho meu celular vai despertar e eu vou voltar ao meu Pomodoro, sem SONECA. Dessa vez. 




    Renata espera poder acabar a terça com uma boa...adivinhem!

    sábado, 27 de outubro de 2012

    Beleza Cansa!


    Não, eu não estou me gabando de ser bela. Nem pensem isso! O título acima é uma referência à famosa frase “Isso cansa a minha beleza!”. Quem já ouviu essa frase sabe que se trata de uma brincadeira, para algo chateia a pessoa em determinado momento. Entretanto, atualmente ocorre o oposto, e não é brincadeira. Nos dias de hoje é preciso se esforçar, se martirizar, se cansar para ser bela.

    É isso mesmo! No conceito de beleza de nossa sociedade não existe uma beleza natural, algo que nasce com a pessoa. Nós, mulheres, temos que nos fazer belas, e cada vez mais e mais, e já não nos contentamos com uma beleza simples. Sempre precisamos lavar os cabelos com o xampu quinhentos cuidados para os fios, usar o condicionador com óleo de qualquer coisa para o cabelo ficar mais liso, ou mais cacheado, secar com secador, arrumar, pintar os cabelos, depilar o corpo, fazer as unhas, usar maquiagem para o dia, trocar a maquiagem para noite, passar base com protetor solar, passar creme anti-idade para o dia e outro para a noite, passar hidratante corporal, usar desodorante para clarear as axilas, pinçar as sobrancelhas, ente outros cuidados diários. Meu Deus! E ainda temos que cuidar do físico, fazer caminhada, musculação, praticar algum esporte para ficar magra, com a aparência das celebridades!

    E isso acaba? Não. Se não alcançarmos o sonhado corpo da atriz da novela, há ainda os procedimentos mais invasivos, como lipoaspiração, lipoescultura, cirurgias plásticas para modificar o rosto todo, o corpo todo, silicones nos seios, nas nádegas, nas coxas, etc. Tem o botox, o preenchimento, a drenagem linfática... Tudo isso pra ficar bela? Que beleza é essa que cansa, que causa stress, que provoca transtornos alimentares, transtornos comportamentais. Pra quê tanta exigência? (Parece a outra da música “Amélia”, justo a que não era mulher de verdade!) Pra quê tanta tortura com a própria imagem?

    Cuidados com o corpo são bons e necessários. É preciso cuidar para envelhecer de bem com a vida e com a saúde! Para evitar problemas com a saúde é que devemos praticar exercícios físicos, ou usar cremes protetores para a pele, etc. Mas não é preciso virar uma mulher fatal. Será que essa mulher fatal é feliz? Porque não acho que pessoas que precisem modificar tanto sua imagem estejam felizes. Se você não gosta de você a ponto de praticamente se mutilar em nome de uma beleza estética ditada pela mídia, então você está doente. E não está se cuidando como devia. Essa escravidão pela beleza precisa acabar.

    Também não estou fazendo apologia da feiúra, e não pensem isso. Não acho legal ver pessoas descuidadas, desmazeladas, que não têm vaidades. Acho que é preciso um pouco de vaidade, de cuidados, para a gente se sentir bem. E cuidados com o corpo melhoram nossa mente, pois ficamos mais confiantes. Mas é preciso saber dosar essa preocupação com a beleza, para evitar excessos! Vivemos numa sociedade que produz e consome os melhores cosméticos, mas onde as mulheres estão cada vez menos contentes com a própria imagem, e ficam obcecadas por atingir uma beleza divina! Por isso é preciso cuidado, pois a beleza cansa!

    Mini-resumo: Tania se preocupa com os excessos da sociedade de consumo, pois é uma sociedade que consome os próprios seres humanos!

    terça-feira, 23 de outubro de 2012

    Vento no litoral

    O vento trazido pelo mar 
    acordou as fadinhas espanholas 
    que moram nas folhas dos coqueiros, 
    e elas ficaram tocando 
    suas minúsculas castanholas.



    Renata ouve essa música todos os dias. Para quem é bom de trocadilho: as duas.

    terça-feira, 16 de outubro de 2012

    Acabou o gás


    Em qualquer situação, ficar sem gás de cozinha é chato. Primeiro, porque sempre acaba quando a gente está cozinhando, perceberam? Depois, porque quebra o “timing”: a massa empapa, o molho esfria, o bolo murcha; e pode ser ainda pior se a fome é grande e a pressa também.

    Estou eu, num bairro distante de uma pequena cidade, numa noite chuvosa, cozinhando e eis que acaba o gás. Sem metáforas, acabou o gás mesmo.

    O que fazer? Ligar para a tele-entrega, óbvio. Não, nada é assim tão óbvio aqui. Por causa do mau tempo, o entregador foi para casa mais cedo. Como assim?!

    Segunda tentativa: falei com o proprietário do lugar, que repetia: mas está chovendo. Sim, eu percebi. E não vejo a relação entre eu precisar de gás e estar chovendo. Me ofereci para ir buscar o botijão de gás. E ele: mas está chovendo. E eu: mas eu vou buscar. E ele: mas está chovendo.

    Desisti. Eu ia perder a compostura se continuasse nesse diálogo.

    Muito mais fácil foi sair de casa na chuva, com a panela na mão, e terminar de cozinhar na casa do vizinho.

    No dia seguinte, chego em casa mais cedo de propósito para pedir o famigerado gás; não estava chovendo nem nada e ouço um: mas o entregador não está...

    Renata tenta valorizar o lado bom das coisas, sempre. 
    E escreve aqui quase toda semana.

    terça-feira, 9 de outubro de 2012

    Ilha deserta


    Não, eu não morri. Nem ganhei na loteria e joguei tudo pro alto. Nem estou de férias num lugar paradisíaco. Nem encontrei o amor da minha vida e fugi em lua de mel. Nem consegui um estágio na Antártida. Nem me envolvi na campanha eleitoral. Nem estava em alto mar, pirando o cabeção vendo baleias (ok, eu fiz isso por um dia, mas fica pra outro post).


    Não, nada disso. Eu sumi nas últimas semanas, pois estive me dedicando 101% ao trabalho. Resultado: aprendi muito. Muito, mesmo. E descuidei da saúde, e de outras coisas importantes, como o blog, onde adoro escrever!
    Fase encerrada, uma nova começando. Retomando o que ficou de lado, aos poucos.


    Renata esteve numa ilha deserta por essas semanas, rodeada de trabalho por todos os lados. Quase se afogou, encontrou suporte em algumas boias, e desenvolveu novas habilidades de sobrevivência. 

    quarta-feira, 19 de setembro de 2012

    Um novo tempo verbal: Futuro do Impossível


    Todos nós estamos reaprendendo a Língua Portuguesa após a Reforma Ortográfica. E, o que antes parecia muito difícil, agora parece ainda mais!

    Entretanto, há pessoas que insistem em não aprender o próprio idioma. E, se isso não bastasse, há pessoas que desaprendem, e ainda ensinam errado. Exemplo disso é o linguajar de operador de telemarketing (me desculpem os profissionais do ramo), sofrível, que abusa de erros de concordância, além de tentarem vender produtos, e de não resolverem problemas, quando necessitamos de auxílio. Esse típico linguajar tomou as ruas, e hoje muita gente o usa, como se fosse correto.

    Foi criado, assim, um novo tempo verbal: o Futuro do Impossível. Esse tempo verbal, que não existe, assim como as ações conjugadas nele, consegue a façanha de utilizar três verbos, em tempos verbais diferentes, para não dizer coisa nenhuma! Observe, pois você já se deparou com ele: “vamos estar solicitando”, “vou estar providenciando”. E isso existe?! Não! Foi diretamente traduzido de manuais de instrução de aparelhos, em Inglês, e não houve preocupação em se adequar à estrutura gramatical da Língua Portuguesa. Começou assim, e foi se disseminando entre as pessoas.

    Agora, pense bem, pois, se você “vai estar fazendo” alguma coisa, em que tempo essa ação ocorre? Quando ela vai se encerrar? Se utilizamos, ao mesmo tempo, um verbo no futuro do presente, um verbo no infinitivo, e um verbo no gerúndio, é óbvio que essa ação é mais do que o que se poderia traduzir como presente contínuo, isso é o Futuro do Impossível! A ação nunca será concluída! E ainda está errado!

    Parece linguajar de malandro, que sabe que não fazer o que lhe foi pedido, e joga com as palavras, dizendo exatamente que vai fazer, mas não tem data para isso. Assim, se eu não quero, ou não posso fazer alguma tarefa que me foi dada, mas não desejo me indispor com a pessoa que a ordenou, posso simplesmente utilizar o novo tempo verbal Futuro do Impossível, e dizer que “vou estar providenciando”. Automaticamente, a pessoa que escuta entende que a tarefa será feita, e eu disse, na verdade, que não vou concluí-la.

    Ironias à parte, é uma forma de falar e de escrever equivocada, que não deve ser usada, pois nossa língua é maravilhosa, difícil, sim, mas deve ser respeitada.


    Mini-resumo: Tania tem dificuldades com a Língua Portuguesa, como quase todas as pessoas, mas acredita que é preciso mais cuidado ao escrever, e mais consideração com nosso idioma!

    domingo, 16 de setembro de 2012

    Epitáfio

    "[...] Devia ter arriscado mais e até errado mais... ter feito o que eu queria fazer [...]"
    (Epitáfio - Titãs)







    Cada vez que escuto essa música dos Titãs, me ponho a pensar na infinidade de momentos prazerosos que as pessoas simplesmente acabam deixando para trás...Há tantas coisas que gostariam de ter dito, tantas coisas que gostariam de ter feito e, no entanto, seguem vida afora como se tivessem mil vidas para viver, como se o tempo jamais fosse lhes escapar pelos dedos, como se todas as oportunidades pudessem, de alguma forma, retornar sempre...

    Tenho uma curiosidade quase insana em saber o que as impele a essa falsa ilusão de que ser uma pessoa comedida é o caminho mais adequado para a suposta felicidade...

    “Ah! Mas se eu for uma pessoa comedida sofrerei menos”, alguns poderão me dizer.

    “Bem, sendo uma pessoa comedida evitarei muitos percalços e perigos da jornada”, outros afirmarão categoricamente.

    E tantos outros blábláblás...

    Ok, até pode ser que muitos sofrimentos, decepções e dores serão evitados... Até pode ser que supostos percalços e perigosos sejam, em certa medida, evitados... mas... e daí?

    Ao mesmo tempo em que evitam supostos sofrimentos, deixam de vivenciar muitas emoções, ao mesmo tempo em que sentem essa falsa segurança, vão deixando a vida se esvair.

    E, curiosamente, essas mesmas pessoas que passaram a vida toda “pisando em ovos” e evitando arroubos, são as mesmas que, ao ouvir essa canção, ficam com os olhos cheios d’água e um semblante melancólico...


    Déia escreve aos domingos e segue mergulhando de cabeça em tudo o que a vida oferece...

    domingo, 9 de setembro de 2012


    Não sou tão ácida quanto pareço e nem tão meiga quanto gostaria.
    Sou sensível, curiosa, teimosa, impaciente, gentil e temperamental.
    Não tenho "papas na língua" e nem medo de me mostrar como sou.
    Tenho o coração mais mole do mundo e um sangue que ferve em um minuto.
    E tenho, acima de tudo, mania de amar incondicionalmente e de acreditar no imenso poder de um sorriso.


    Déia escreve aos domingos e, aos pouquinhos, está reencontrando em si a inspiração para voltar a escrever...

    domingo, 2 de setembro de 2012

    ... o tipo de pessoa...


    Não sou o tipo de pessoa que coloca um sorriso nos lábios com o intuito de disfarçar as lágrimas...
    Não sou o tipo de pessoa que tolera relações superficiais, pessoas fúteis e sorrisos vazios...
    Não sou o tipo de pessoa que age de acordo com aquilo que os outros esperam de mim...
    Eu sou, sim, o tipo de pessoa que sente as coisas com intensidade, que mergulha de cabeça naquilo que acredita e que vive sua vida com paixão...
    Sou o tipo de pessoa que sorve cada momento (bom ou ruim) como se fosse o último instante a ser vivido...
    Sou, enfim, o tipo de pessoa que ama profundamente e que procura espalhar esse amor...

    Déia escreve aos domingos e segue plantando sorrisos e colhendo corações pelo caminho...

    sábado, 1 de setembro de 2012

    Automóveis e Mulheres


    Se nos compararmos aos automóveis, nós mulheres, de uma maneira geral, queremos ser exatamente opostas aos veículos que desejamos. Nós não queremos pneus no corpo, mas queremos os melhores, às vezes até os maiores para os nossos carros. Queremos muito espaço nos veículos, mas queremos ser magras, e, em muitos casos, vestimos roupas que nos apertam, nos oprimem (de várias formas...), para parecermos ainda mais magras.

    O pior acontece no caso do consumo. Queremos os carros mais econômicos, que consumam pouco combustível. No entanto, o que mais desejamos é podermos comer muito, e gastar a energia, a caloria, rapidamente. Desejamos ter um metabolismo ultra acelerado, que nos permita comer muito, e gastar a energia, para podermos consumir mais. Pelo menos a maioria das mulheres que conheço é assim. Ou seja, elas querem carros que consumam pouco para rodar, mas desejam consumir muito, ou seja, poder comer o que quiser, mas gastar essa energia de forma acelerada e mágica!

    Sim, nós mulheres somos as rainhas das contradições! Está certo que, ultimamente, muitas desejam o air-bag duplo no corpo e no carro! Mas não são todas. E tem ainda uma coisa que também é desejo para o veículo e suas donas: a lataria impecável, sem sinais! Qualquer mulher acha ruim um amassado ou um arranhão em seu carro, e uma tragédia se isso acontece em seu corpo!

    O que é triste mesmo, nessa comparação que deveria ser absurda, é que muitas mulheres querem ser objeto de desejo dos homens, assim como os automóveis são. Nesses casos, elas acabam se desumanizando mesmo, e se transformando, com plásticas, preenchimentos, botox, silicone, extração de costelas, lipo-esculturas, lipo-aspirações, etc, em verdadeiros objetos.

    Assim, o que começa como oposto, se torna semelhante, e quem perde é a mulher, todas as suas conquistas, sua personalidade, suas características. Até quando seremos assim? Até quando seremos escravas de nossa vaidade, que é mais cruel que o espelho da madrasta da Branca de Neve?!



    Mini resumo: Tania sempre brinca, faz analogias estranhas, mas, no fundo, se preocupa muito com a condição humana.

    sexta-feira, 31 de agosto de 2012

    Devaneios


    Eu nunca fui de poesia. Digo, escrever poesia. Porque curtir e apreciar são outros quinhentos: curto muito, até deliro. Mas meu papo é prosa. Quando criança rascunhava uns textos, uns pensamentos... Até peça de teatro eu já inventei de escrever no ginásio! Sempre tive o hábito de cultivar agendas, encher de pensamentos, transcrever meus poemas e poesias prediletos... Desses dois últimos, nada meu, tudo copiado (com os devidos créditos, sempre). De uns anos pra cá, não sei se atribuído à maturidade que vem batendo na porta, que vem trazendo mais segurança à criatividade, segurança na própria escrita, na liberdade textual, de ousar e se permitir, venho rabiscando uns devaneios em forma de versos (ou poemas ou poesias, me permitam não entrar no mérito de definição conceitual). Bem, coincidência ou não, percebi, pelas datas que assino esses tais devaneios, que essa “inspiração” costuma emergir justo nos finais de mês. E no meu caso, o fim do mês acaba coincidindo com os inícios do “vermelho” do meu calendário feminino, se é que vocês me entendem. E hoje é 31 de agosto, fim do mês, dia da segunda lua azul. Lua, agosto, ciclos.. Repletos de devaneios! E foi num desses fim de mês, eis que vieram um monte de uma vez...

    ...

    O silêncio da cama. 
    O silêncio da alma. 
    O silêncio dos corpos. 
    O silêncio sem calma. 
    O vazio do peito. 
    O vazio da noite. 
    O vazio da chama. 
    O silêncio vazio. 
    O silêncio do dia. 
    O silêncio no drama. 
    O silêncio sem chama. 
    O silêncio do verso. 
    O silêncio. O silêncio. 




    Maria, onde estão tuas forças?
    Maria, afasta de ti tua forca.
    Mas Maria, quem ria?
    Maria, não chores.
    Não dissabore.
    Que a vida tem sabor, meu amor.
    Que a vida quer teu calor, Maria!
    Agora não rias.
    Apenas venha, que eu te pego a mão. 




    Quem me dera estampar o riso.
    Quem me dera decolar a chama.
    Quem me dera esquentar a cama.
    Quem me dera degolar a lama.
    Quem me dera dar nada mais do que apenas sou.
    Quem me dera ser você e eu, juntos, num verso em prosa.
    Sem cálice. Sem freio. Só meios. 



    Sem devaneios certeiros.
    Sem ego, sem cheio.
    Sem queira ou não queira.
    Sem aperto de mão.
    Só olhar no olhar.
    Só querer sem saber.
    Sem crer para entender
    Sem olhar para crer.
    Sem inferno, sem erro.
    Só pecado no meio.
    Só pecado com cheiro.
    Com sabor, só amor
    Todo amor que guardei pra você.
    Sem começo, sem fim. 



    De dia na cama eu fico pensando
    se você...
    se você...
    Eu fico pensando. 



    Escrevo
    escrevo
    escrevo
    escrevo...
    Escrevo pra mim.
    Escrevo pra você.
    Mas escrevo 'sozin'. 




    Gabriela continua sem saber escrever verso, poema ou poesia. Mas arrisca uns devaneios, sobretudo no fim do mês.

    terça-feira, 28 de agosto de 2012

    A pergunta que não quer calar!

    Vale a pena trabalhar tanto?
    A humanidade tem jeito?
    Estou gorda?
    Vou conseguir dar conta do doutorado?
    Será que vai chover?
    Que horas são?
    Está manchado?
    Qual é o datum?
    Que filme vamos ver?
    O que vou almoçar hoje?
    Por que os dias bonitos passam mais depressa?
    Devo contar tudo pra ela/e?
    De que cor eu levo?
    Levanto ou durmo mais 5 minutinhos?
    Que música é essa?
    Que horas vamos no ver?
    Como se fala greve em inglês?
    Vai dar pizza de novo?
    Como viajar no tempo?
    Você acredita nisso?
    Quando vamos ser levados a sério?
    A culpa do machismo é das mulheres?!
    O que foi que você falou?
    Como fazer coxinha em casa?
    Por que adoçar tanto o café, o suco, se a vida já é tão doce?
    Por que no FB todo mundo é tão legal e inteligente?


    Dentre tantas perguntas, a que mesmo não quer calar é: por que Deoooos as pessoas não trancam a porta quando vão ao banheiro?

    Renata cheia de dúvidas, não só nas terças.

    quarta-feira, 22 de agosto de 2012

    TPM



    TPM é chorar quando uma personagem do livro bobo que você está lendo morre. Sendo que você já sabia que isso ia acontecer.

    Sem mais.
    Renata escreve às terças e tem TPM todo mês.

    sábado, 18 de agosto de 2012

    Perdas


    Perdas dolorosas, perdas que aliviam.
    Temporárias e permanentes
    Súbitas e paliativas.

    Lidar com a perda não é uma habilidade nata, é algo que nos é empurrado goela abaixo e vida afora. Sem escolha, senão enfrentá-la.

    Na minha vida, chegou quando eu beirava os 30. Por certo modo me sentia aliviada por não ter lidado com ela mais cedo. Acho mesmo que não teria raça pra levantar (sou do tipo bem frágil – apesar das aparências). Chegou em um momento em que eu supostamente estaria mais forte para lidar com ela, mas nunca estaria de fato preparada.
    A perda definitiva.

    A perda definitiva de alguém que amamos. De acordo com Elisabeth Klüber-Ross, quando sofremos uma perda catastrófica, passamos por cinco fases diferentes de dor. Começamos pela negação. A perda é tão impensável, que achamos que não pode ser verdade. Depois dela vem a raiva, botamos a culpa em todos, até mesmo em quem atendeu o telefonema recebendo a informação: “por que tu atendeu ao telefone????!!!!!”. Seguindo-se, chega a negociação, negociamos o que sentimos, dá até sentimento de culpa, medo de esquecer quem se foi. Na depressão oferecemos a nossa alma em troca de apenas mais um dia. Até a aceitação... quando aceitamos que fizemos tudo o que podíamos. E deixamos ir.

    Não dá pra ler o parágrafo anterior e achar que tudo passa rapidinho. O tempo se arrasta. O ar nos falta, dá raiva de ver alguém sorrindo – parecendo que o outro não tem direito de ser feliz perante tanta dor. Questionamos até se existe vida depois da perda. É uma dor egoísta, só nossa. Por saber a falta que o ser amado fará na nossa vida. Da sua ausência nos jantares de família, nos aniversários dos nossos filhos, nas bodas dos nossos pais, nas férias na praia, no aconselhamento profissional e até do ciúme que ele tinha – que eu dava risadas e me sentia silenciosamente amada.

    Mais de 5 anos se passaram. Algumas perdas recentes de outras pessoas me fizeram relembrar a maior perda da minha vida. Eu queria poder dizer a eles que passa. Como comumente se diz: com o tempo passa. Poder dizer pra eles que o tempo cura. O tempo não cura. A saudade é perene. O tempo só faz com a saudade se torne mais colorida e menos dolorida.

    A saudade que causa dor hoje é a saudade que amanhã te fará sorrir.




    Lil escreve aqui esporadicamente..

    quarta-feira, 15 de agosto de 2012

    Ampliando a rede

    Estamos felizes em compartilhar com vocês, queridas leitoras e queridos leitores, uma novidade: a nossa página no Facebook: Blog De Repente, 30.. Nossa ideia é que, com este recurso, possamos nos aproximar ainda mais, além de melhor divulgar os posts daqui.

    Curtam, comentem e compartilhem!




    Este post foge aos temas tradicionais e, tem, sim, um caráter informativo.
    Com carinho, das mulheres do De Repente, 30...

    terça-feira, 14 de agosto de 2012

    Autoconhecimento

    Todo aprendizado é um processo, um caminho. Esse caminho pode ser tortuoso, difícil, longo...depende de onde você parte, aonde quer chegar e de que recursos dispõe pra isso.
    Andei e ando por vários caminhos, uns mais solitários, uns leves, uns cujo final ainda não sei exatamente onde é. Outros pelos quais passei na intenção de andar com alguém e que acabaram se tornando meus.
    Eu tenho procurado andar cada vez mais pelo caminho do autoconhecimento.
    Difícil, viu? Muitas surpresas boas, muitas explicações! Muitas fichas que caem e acabam virando dicas para um melhor viver.
    Mas às vezes dá uma vontade de voltar. Um medo de olhar mais atentamente no espelho e ver aquelas falhas que vivem debaixo da franja, cobertas por corretivo. O perfil ruim que nunca é fotografado.
    Mesmo desafiador, o apendizado é cada vez mais cheio de gratificação, cheio de recompensas. Então sigo, não tão firme e nem sempre tão forte, nesse caminho.
    Mesmo sendo de autoconhecimento, e por definição, que só eu posso trilhar, às vezes há companhia em alguns trechos, que o deixam mais divertido, leve ou mesmo desafiador.

    Renata anda por vários caminhos, e nas terças anda por aqui.

    segunda-feira, 13 de agosto de 2012

    PAI

    Homens... será que vou conseguir entendê-los? Sei que a pergunta é clichê, mas chegou a minha hora de fazê-la.

    Tive, e tenho um grande homem na minha vida: meu pai. Que me deixou muito exigente em relação às minhas escolhas de um tempo pra cá.

    Meu pai é um jovem senhor muito correto, digno e com um dom nato para a diplomacia.

    Sempre foi espelho pra mim.

    Mas para ele, e para todo pai, imagino eu, sempre fui sua menininha.

    Esse carinho de pai foi “superprotetor”, mas “supernecessário” para encarar as voltas da vida.

    E numa dessas voltas, pela primeira vez pude me abrir, com toda a minha verdade, com meu paizinho.

    E ele soube escutar, sem julgamentos.

    Conseguiu passar por cima dos diferentes conceitos das décadas que nos separam.

    Entendeu, e deu apoio incondicional à sua menininha. Que sofreu e que cresceu. Que se reergueu e que agora ama ainda mais esse paizão.

    E foi no meio de toda a tormenta, que ganhei o melhor conselho de todos os tempos: “Viva a sua vida sem esperar nada de ninguém. Lute pelo que é direito seu, mas não se exponha.”

    As palavras não foram exatamente essas, mas eu entendi e estou tentando colocar em prática...

    Um pouco atrasado, mas “rasgando uma sedinha” para o meu pai, em homenagem ao dia dos pais.

    Loris, ainda se sentindo a menininha do pai aos trinta e poucos...

    domingo, 12 de agosto de 2012

    As aventuras do transporte coletivo

    O transporte coletivo da cidade onde moro é uma aventura! Os motoristas estão quase sempre apressados, e, algumas vezes, é preciso ir para o meio da rua para tentar para o ônibus no ponto em que ele deveria parar para o usuário. E isso acontece comigo quase todas as manhãs, quando preciso chegar no horário no serviço. Além disso, os usuários deste tipo de transporte também se esqueceram de atitudes educadas e respeitosas, de civilidade, pois não se levantam para dar lugar aos idosos, e até fingem dormir nesses momentos. Abrir as janelas pela manhã, nem pensar. Não sei quem inventou que Belo Horizonte é frio, e toda a população passou a acreditar. Fica aquele abafamento no ônibus, e, se alguém abre a janela, é o vento que incomoda as pessoas, e não a falta de ar das janelas fechadas!

    Mas, se pensam que são esses os problemas do transporte em Beagá, se enganam. Quem vive aqui sabe o motivo da passagem de ônibus se tão cara: temos DJs no coletivo, que são os jovens que usam o celular como rádio, sem fones de ouvido, e obrigam todas as pessoas a ouvirem a música que eles gostam, que geralmente é funk! Temos também porteiros nos ônibus! Sim, se a sua cidade não tem, aguarde, pois isso é a educação que os pais dão as filhos atualmente, e as grandes cidades não estão imunes a isso. Os adolescentes se assentam nos degraus das portas do ônibus, entre eles alguns DJs, e não saem de lá nem que as pessoas implorem para sair do ônibus! É preciso saltar entre eles para descer no ponto desejado.

    Aliás, eu tenho muita vontade de criar um aparelho para ser usado nos degraus das portas de todos os coletivos da capital, que daria pequenos choques elétricos nos traseiros daqueles que se assentassem nestes locais. Não seria problema pisar nesses degraus, pois os sapatos isolariam a eletricidade. Entrentanto, as roupas não teriam tal propriedade, e nossos queridos porteiros de ônibus teriam o incômodo de receber um choque no assento. E não importa o tamanho do assento da pessoa, nem se é “acento agudo ou cincunflexo”, com dois “esses” ou com “cê”, mas, com certeza, não seria comigo!

    Brincadeiras a parte, seria muito bom não ter esses desconfortos no ônibus. Desconfortos que, na verdade, são de atitudes, e não de problemas no sistema de transporte coletivo, que existem, e são muitos, mas que seriam suportáveis se os usuários fossem mais educados.


    Mini-resumo: Tania é usuária guerreira do transporte coletivo! E usa porque precisa, e não pra fazer turismo!

    terça-feira, 7 de agosto de 2012

    Adestramento

    Tenho um cachorro cheio de energia, se é que vocês me entendem, chamado Piá. Talvez eu devesse ter chamado ele de Lorde, ou Gentleman, ou Cavalheiro...mas agora ele incorporou totalmente seu nome. E é um Piá.

    Além de ser muito, mas muito ativo, o Piá é muito criativo - achou formas muitos claras de expressar que quer brincar de lutinha comigo, como morder certas partes e sair correndo...
    Ele também é muito inteligente. Passei um tempo ensinando ele a sair de dentro de casa (algo que ele não se conforma) e a sentar. Quando ele senta, ganha um snack. Sai, senta, snack. A lição dos 3 S.
    Lição aprendida, fui fazer outras coisas (algo que ele também não se conforma, o tempo não é só dele) e o Piá começa a latir DESESPERADAMENTE! Eu penso que deve ser uma cobra, algo que o assustou muito e volto correndo! Ele senta. E espera o snack. Ele estava ME adestrando!
    O Piá também é expert em desafios de lógica: ele acha formas de fugir do pátio que ninguém entende! Cada vez que eu chego em casa vejo que a vizinhança está construindo um forte apache para evitar que ele fuja: toras de coqueiro, tijolos, telhas, peças de concreto, ossos de baleia...tudo e todos contra o mestre da fuga. Por enquanto, ele está ganhando.

    Renata escreve às terças. O Piá foge todos os dias.

    terça-feira, 31 de julho de 2012

    Gente do interior

    A gente pode fingir que não é do interior e que se admira com coisas da capital fazendo um ar blasé quando reclamam dos escandalosos engarrafamentos; bocejando de leve quando falam do preço absurdo da vida. Pode fingir que é normal chamar perigoso de esquisito, só para não enfrentar a dura realidade da violência sem limites.
    Pode andar de ônibus ao invés de metrô "porque gosta de ficar ao ar livre".
    Mas na hora de cruzar uma rua movimentada, não tem como fingir. Todos passam voando, sendo literalmente jogados pro alto pelas motos (isso eu vi hoje), e a gente, que é do interior, fica ali, esperando o sinal verde que nunca chega...a noite caindo...os grilos cantando...cri, cri, cri...e a gente ali.
    Aí não tem como fingir.

    Renata, uma moça do interior, escrevendo de uma capital.

    terça-feira, 17 de julho de 2012

    Nuvem

    Numa nuvem de pensamentos
    vejo rostos
    ouço vozes
    que logo se tornam poeira
    se materializam e somem em instantes
    E a nuvem - universo
    segue
    orbitando ao meu redor.

    Renata está nas nuvens; não no melhor sentido.

    segunda-feira, 16 de julho de 2012

    Sobre Alice e os amigos talentosos


    Ter bons amigos é tudo, ponto. E ter bons amigos talentosos, então... é o êxtase, é viver rodeado de arte, beleza, bom gosto e bom senso, o que seja. Admiro, aprecio, gosto, “curto no facebook”... Além do que, penso que a gente se contamina, sabe? Não tem como sair o mesmo e ileso, nem em 5 minutos de conversa.

    E falando deles - desses amigos - tem uma que eu queria falar hoje especialmente: Anne Glaucy Melo, professora de Língua Portuguesa, mulher de 30 e poucos, conhecida popularmente como a "mulher do Magrão". Magrão é o baixista de uma banda de rock acreana maravilhosa, chamada Los Porongas, que cada vez tem ganhado mais espaço na cena musical do rock nacional. Mas posso ser sincera? Desculpe o querido baixista, mas essa referência é tão limitante... Ela é muito, mas muito mais que isso. AcrEana e ariana (assim como eu, e eu adoro!), desempenha um importante papel de guru na vida de muita gente (inclusive na minha), envolvida na arte das práticas espiritualistas. Ela não gosta desse título, mas fazer o que, "ossos do ofício", né, mana?!

    Além de tudo, e por isso a trago aqui, é aspirante a escritora. Vive prometendo aos amigos que em breve "sai do armário". E enquanto isso não acontece, vou aqui compartilhando seus escritos (com a devida permissão e créditos), numa espécie de, digamos, "amostra grátis". Um trecho de um texto que faz uma releitura do livro "Alice no País das Maravilhas". Segundo ela, as "impressões sobre Alice". Vamos lá:

    "Estou sob o arcano da existência...
    Foi assim, com essa frase, que acordei hoje, sexta, feriado. Não tirei o pijama, não abri a janela e nem vi a chuva que veio e já foi. A única coisa boa essa semana foi um encontro de amigos, onde falamos de livros e da vida. 'Alice no País das Maravilhas'.Já li esse livro outras vezes, mas nunca numa crise de absurdez existencial... isso faz muita diferença.Como tanta coisa passou tão despercebida? Um jogo de caça ao tesouro, onde a gente se perde e se acha... Como um nonsense total pode ser tão prático? A grande charada é a velha pergunta ‘Quem sou eu?’ É onde tudo começa.
    Mas vamos por partes.
    De repente, Alice ficou muito pequena e diz: ‘Não sobrou quase nada de mim para formar uma pessoa respeitável’. Sempre encontraremos um bolo ou cogumelos que nos fazem crescer, mas honestamente, quase nunca temos altura necessária pra pegar as chaves que abrem as portas certas. Choramos um poço e não fica nem bem. Perde-se muito tempo e muita água. A corrida do Caucus, muito interessante, é como a nossa. Corre-se tanto, sem saber pra onde ir...E o gato de Cheschire, indicador do caminho de Alice: ‘é claro que depende do caminho que se quer ir, mas nunca sabemos direito; basta ir em frente que chegamos em algum lugar...’ Não é assim a vida? (...)"
    Anne Melo




    Gabriela ama seus amigos talentosos, pois eles lhe servem como inspiração. Anne é uma mulher de 30 e poucos e assim como muitas, tem talentos preciosos guardados, asas pra voar longe... E agora vem chegando a hora de levantar voo. Gabriela agradece especialmente Anne, por permitir que sua arte se torne comum.




    domingo, 15 de julho de 2012

    Lembranças

    E hoje me pus a pensar se as pessoas se recordam, de vez em quando, daqueles que, porventura, cruzaram seu caminho algum dia...
    São tantas as pessoas que passam por nossas vidas, são tantos os bons e maus momentos vivenciados, são tantos os reencontros e despedidas que vivenciamos que, por vezes, me ponho a pensar se seria possível retermos dentro de nós todas as impressões que nos causam.
    Claro que isso se refere somente a pessoas que, de alguma maneira, nos tocaram fundo, seja positiva ou negativamente.
    Quanto a mim, guardo comigo tantas lembranças e impressões... 
    Algumas pessoas se fizeram de tal maneira presentes em minhas recordações e deixaram marcas tão profundas que penso ser impossível não ter delas lembranças vívidas e constantes (e por vezes dolorosas também). 


    Déia escreve aos domingos e às vezes sente lembranças tão vívidas que sente como se as tivesse vivenciando novamente...

    sábado, 14 de julho de 2012

    Não Gosto de Dinâmicas de Grupo

    Não sei se algum leitor é adepto desse prática, ou se gosta, mas eu detesto dinâmicas de grupo. E não consigo entender como as dinâmicas de grupo conseguem mostrar certas caracterísiticas individuais das pessoas, que quem as organiza teima em afirmar. Primeiro, são práticas de ambiente de trabalho, onde, geralmente as pessoas usam máscaras para sobreviver. E não é exagero dizer assim, pois há muitos lugares onde somente se sobrevive mesmo. E, em ambientes de trabalho, quem está começando, ou tentando uma vaga no local, não vai expôr seus defeitos, e vai exaltar suas qualidades. Assim, como explica a Sociologia, usamos nossas máscaras sociais para o convívio diário. E, se usamos máscaras, para que fazer dinâmica de grupo?

    Outra coisa: geralmente se diz que essas dinâmicas servem para ver como o indivíduo reage em determinadas situações, como ele se socializa, como atua em atividades de grupo. Pode-se realmente perceber essas atitudes dos indivíduos, mas, em muitos casos, até por saber como deve agir para conseguir uma promoção, ou um emprego, o indivíduo realiza as tarefas com perfeição, com espírito de equipe, mas, na verdade, é somente uma pessoa ambiciosa, inteligente e individualista, que agiu para alcançar seu objetivo, e não é realmente assim no cotidiano. Logo, se em me “adestrar” para reagir de acordo com o que esperam de mim, em determinado momento, posso conseguir algum sucesso, mesmo que eu não tenha escrúpulos, certo?! Eis a nossa sociedade. Sempre inventando artifícios para que tudo fique exatamente como sempre foi. E as dinâmicas de grupo, tão defendidas por administradores por aí, é só mais um desses mecanismos, que não provam nada realmente. E, quem participa com sinceridade, muitas vezes se expõe, achando que está fazendo seu melhor, e não consegue nada.

    Mini-resumo: Por mais que defendam a prática, Tania não consegue concordar com a efetiva utilidade das dinâmicas de grupo. 

    terça-feira, 10 de julho de 2012

    Vida de Patroete ou Eu Achava Que Só Acontecia Comigo

    Ultimamente minha maior preocupação tem sido conseguir uma faxineira. Aliás, desde que me casei. Nem precisava ser muito decente, não. Tratando bem da Laila, limpando a casa de forma minimamente razoável, não queimando as roupas e não quebrando a casa inteira já servia. Não fazia questão nenhuma de que a casa ficasse do jeito que mamãe ensinou que deve ficar, já que não sou eu mesma quem arruma, mas presenciei cada coisa nos últimos anos que Deus me livre e guarde!!

    Esta foi até antes de eu me casar. Era véspera de Natal e o primeiro que eu passaria com a família do meu então futuro marido no sul de Minas. Com direito a participar do amigo oculto! Tirei uma das crianças e comprei o presente com o maior cuidado. Era um conjuntinho de fazer bichinhos em gesso, com pincéis e tintas coloridas. Brinquedo não imbecilizante, como diria minha mãe. Deixei o presente, lindamente embrulhado, no apartamento do Bola, bem em cima da mesa, pra não correr o risco da gente se esquecer. Criança magoa, né? Cheguei na casa do Bola no dia 23 de dezembro já de mala e cuia pra viajarmos e dei falta do presente. Liguei pro Bola, que ainda não tinha chegado do trabalho. “Bola, onde foi que você guardou o presente do Lucas?” “EEEEEUUU não guardei em lugar nenhum, está em cima da mesa da sala.” “Não tá, não!” “Bom, deveria estar. Liga pra Luciana e vê com ela onde que ela guardou.” Luciana era a faxineira que eu mesma havia arrumado quando o Bola decidiu morar sozinho. Gente de confiança, filha da ajudante que trabalha na casa da minha vó há anos e que continuou lá mesmo depois que minha vó morreu. “Luciana? Oi, Luciana, é a Laeticia, tudo bem? Aqui, conta pra mim onde que você guardou um presente que estava em cima da mesa da sala. Uma caixa grande.” “Ah? Ah? Ah? É... É... É... Ai... Ai... Ai, Laeticia do céu! Ai, meu Deus! Eu achei que era presente de Natal pros meus filhos e até já dei pra eles brincarem...” Pior é que eu ainda teria que ficar com esta infeliz em casa até encontrar outra. Mas antes que isto acontecesse, a Luciana pediu demissão porque o marido não queria mais que ela trabalhasse em casa de família.

    Aí a Luciana me indicou – ai que medo que me deu – a Daniela, prima dela. Apesar do medo que me dominava, acabei contratando a menina porque pelo menos tudo indicava que ela não ia “limpar” a minha casa enquanto nós estivéssemos trabalhando. Imaginei que uma evangélica não fosse me dar dor de cabeça. Eis que num belo dia chego em casa algumas horas antes do horário costumeiro. Nem se eu der mil chances pra vocês adivinharem a cena vocês adivinham! Primeiro que o som estava tão alto, mas tão alto, que a Daniela não me ouviu chegando!! Era um funk horroroso, daqueles quase pornográficos. A TV estava ligada, sem som, naquela baixaria de Márcia Goldsmith. A bonitona da minha faxineira estava usando um short gi-ne-co-ló-gico e um top que mal tapava os mamilos. A tábua de passar roupa estava entre minha mesa de jantar e a TV. Em cima da mesa, minha petisqueira cheia do grana padano do Bola, regado pelo azeite italiano do Bola, bebendo a Guiness do Bola!!! A infeliz dançava – se é que aquilo pode ser considerado dança e música -, passava as roupas com a mão direita e comia e bebia com a esquerda!! Encostei na parede e fiquei parada observando aquela cena dantesca, esperando que a rapariga pelo menos olhasse pro lado e nada. “Você está precisando de mais alguma coisa, Daniela?!!” Não preciso dizer que esta saiu do posto de trabalho no mesmo dia, né?

    Alguém me indicou a Andréa, faxineira que contratei depois que a Daniela saiu. A Andréa parecia um sonho!! Se a gente ficasse em casa, ela limpava até a gente. Cuidava da casa quase como se fosse dela. Mas falava demais. Ficava comentando na casa da minha amiga o que acontecia na minha casa e vice versa. A gente foi tolerando porque a danada até areava as esquadrias de alumínio das janelas. Até o dia em que peguei a filha de uma marafona de porta aberta conversando ao celular e falando pra amiga “Ah... A Laeticia não merece o marido que tem!! O Alexandre é um maridão!!”. Rua!!! Rua!!! Suma das minhas vistas, olho gordo dos infernos!!

    Esta última que eu tive o desprazer de dispensar quase me enlouqueceu. Na mesma semana ela 1) quebrou o pé da cadeira, tentou colar, deixou a cadeira lá montada pra eu chegar morta de cansada e me esborrachar no chão; 2) jogou fora o café gourmet e o biscoito de chocolate francês do Bola e 3) derreteu meu vestido Calvin Klein com o ferro de passar roupa. Tudo isto somado ao tanto de coisa que ela já havia destruído (arrancou o gancho de segurar a porta da parede, sumiu com todos os parafusos que prendiam os ralos no chão dos banheiros, arrebentou todas as minhas persianas, dentre outras coisas) resultou numa demissão quase sumária.

    Agora estou com outra. Vamos ver no que vai dar. Fiz um roteiro e vou ficar de plantão em casa sexta-feira pra ensinar o quê e como se faz. Eu devia era cobrar pelo treinamento!! Porque embora eu odeie serviço doméstico, aprendi que até pra “mandar” a gente tem que saber fazer. Só não aprendi a cozinhar mesmo. Mas isto é um capítulo à parte.


    Laeticia chegou à conclusão de que, de fato, faxineira boa é espécime em extinção.

    quinta-feira, 5 de julho de 2012

    Acumuladores


    Antagonizando a Renata (sem querer e com peso na consciência, é claro), eu sou o oposto do minimalismo. Já escrevi aqui sobre o meu “problema” com compras.

    Também já escrevi aqui sobre o meu vício criativo. Corte e costura, scrapbooking, caligrafia, forração francesa. Tudo isso me faz muito feliz. E infelizmente me transforma em uma acumuladora.

    Daí que cerca de 3 meses atrás alguém me avisa que teremos que nos mudar temporariamente porque a nossa casa de seis (isso mesmo SEIS) quartos vai passar por uma reforma.

    O destino? Um apartamento de 3 quartos.
    PÂNICO
    TERROR
    AFLIÇÃO

    Minha primeira reação foi escrever para todas as minhas amigas perguntando quem é que tinha um quartinho vazio que eu pudesse alugar como depósito.

    Sério gente. Meu quarto mede 20m². E ele é muito mais um ateliê do que um quarto.

    Três amigas minimalistas (ou quase), mas com casas grandes, ofereceram-me o precioso espaço. A Gisele até disse que eu poderia montar meu ateliê na casa dela, para não correr o risco de entrar em síndrome de abstinência!

    Aí veio a segunda fase trágica... o encaixotamento.

    A idéia era separar tudo em 3 categorias: coisas para levar para o apartamento x coisas para guardar x coisas para me desapegar.

    4 semanas depois o resultado pode ser resumido assim:
    . tenho muita roupa, mas uso a maior parte delas durante 1 ano.
    . tenho muitas bolsas, nécessaires, bags, ecobags, malas e mochilas. Não uso a maior parte delas, mas elas são lindas. O que fazer, José?
    . tenho 6 pares de galochas. Todas lindas e fashion. Me abracem?
    . tenho tecidos para costurar sem intervalo por umas 3 ou 4 aposentadorias. Preciso parar de trabalhar logo.
    . tenho caixinhas, molduras e outras coisinhas de MDF para forrar até enjoar.
    . tenho aviamentos suficientes para montar um pequeno armarinho.
    . tenho material escolar suficiente para montar uma grande papelaria ou loja de scrap.

    Tudo isso me faz feliz.
    E ocupa muito espaço.
    E me faz feliz.

    A terceira fase é viver no apartamento. Dividir quarto me obrigou a exercitar certo minimalismo, mas garanto que não estou nem perto de conseguir me mudar com 2 malas.
    10? Talvez. 2? Nunca.

    Voltar para a casa após a reforma e trazer tudo de volta será o próximo grande desafio.
    Até lá, quem sabe eu não consiga me desapegar de uma ou duas bolsas... um ou dois pares de galochas... uma ou trinta e cinco canetas?

    Ou isso ou vou virar um capítulo de Acumuladores.

    Milena escreve aqui muito, muito esporadicamente. 
    Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...