É triste e doído, meu Kazinho vermelho, mas é chegada a hora de dizermos adeus.
Oficialmente você passou tão pouco tempo sendo meu, dois aninhos, apesar de eu te conhecer desde que você nasceu. Por seis anos antes você me levou por aí, mas como o carro da mamãe, e não o meu.
No dia em que eu fui te buscar, para uma mudança de 1600km, no entanto, nos vimos como se fosse a primeira vez. Eu me apaixonei de novo, e logo tu pudeste sentir o que te esperava. Já tínhamos feito duas mudanças, e outras viriam. Até hoje ninguém acredita no que tu foste capaz de carregar quando viemos para cá, incluindo eu e Sr Puko. Tu representas muito para mim, meu Moranguinho, minha Joaninha. Foste uma grande conquista, um sonho realizado, um grito de independência, um rito de passagem para minha nova vida, além da libertação das lombas infernais desta cidade onde hoje moramos. Juntos conhecemos praias, cachoeiras, canaviais, novas cidades, pavorosas ou interessantes. Tu me levaste por aí com meus amigos, meu amor e me abraçaste em momentos de alegria e de dor. Tu foste castigado num sábado chuvoso quando não vimos o sinal vermelho, mas logo voltaste são e salvo para casa, nos ensinando a valorizar a vida. Choramos juntos quando teu irmão, filho do Sr Puko, faleceu no ano passado, salvando nossas vidas no acidente em BH.
Não, não penses que estou te abandonando. Apenas te respeito e quero te dar um descanso. Outras duas mudanças e mais de trinta mil quilômetros vieram nestes dois anos que estivemos juntos, e ainda muito há por vir. Tu mereces ser de uma adolescente que só vai te levar para a balada com as amigas e passear com o cachorrinho, mas vai te dar um pouco de sossego. Além disso eu e o Sr Puko precisamos agora de um carro maior, que vai ser nosso carro, o carro da família, e não mais só meu ou só dele.
Estás de sapatos novos, e lindo como sempre, e eu vejo teu esforço para me convencer de que tu és bom: quase dezessete quilômetros por litro na estrada? Eu sei que tu és maravilhoso, meu querido, mas pode descansar um pouco agora. Pensa no lado bom: na tua casa nova tu não poderás mais ser um estrangeiro, vão te naturalizar deste lugar e tu vais fazer muito mais amigos! Tá bom, tá bom, eu não conto pra ninguém que teu coração sempre vai ser gaúcho, e estará comigo. Você irá por toda a vida no meu coração. Adeus querido, obrigada por tudo, seja muito feliz.
Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras (ok, ok, quase todas as quartas-feiras). Vende sua tetéia, seu primeiro carro, um Ka vermelho 2001 maravilhoso e inesquecível =(.
2 comentários:
Sr Puko é novidade... kkk
mas eu gostei.
e torço pra Jô encontrar mesmo uma adolescente que a chame de "minha"...
rs
beijos
Hey, voces ja compraram o carro novo entao?
To por fora das novis... manda ai...
Postar um comentário