domingo, 3 de outubro de 2010

Você usufrui de sua própria companhia?

Percebi que, com o tempo, tenho me tornado mais e mais seletiva com relação àqueles com quem desejo compartilhar meu tempo...

Sábias foram as palavras de Nietzsche, quando disse: "Odeio que me roubem a solidão sem, em troca, me oferecer verdadeira companhia".

Tenho me sentido assim.
Ando intolerante com pessoas invasivas, verborrágicas, que parecem sentir necessidade de impor sua companhia e de se fazer notar a qualquer custo... Pessoas que, em geral, procuram as demais porque precisam sempre estar perto de alguém, porque precisam falar de seus problemas, de seus medos, de seus anseios e só. Nada acrescentam de positivo àquele a quem "roubaram a solidão".

Aliás, me pergunto o motivo pelo qual a maior parte das pessoas sente uma necessidade quase que incontrolável de falar, falar, falar sem, contudo, ter nada a dizer...
Às vezes me parece uma certa fuga de si mesmo, de seus próprios medos, fantasmas, ansiedades... Conheço pessoas que simplesmente têm pavor de ficar algumas horas em sua própria companhia. Ligam logo o computador, a TV e procuram alguém para conversar, seja por telefone, orkut, twitter, msn ou seja lá o que for...
Acho isso muito curioso... E triste também.

Pode parecer bobagem, mas tenho apreciado mais e mais a "solidão" de minha própria companhia...
Acho maravilhoso estar a sós com meus próprios pensamentos, num momento só meu, sem ter ninguém por perto...

E, por favor, não pensem que sou um "bicho do mato", completamente arredio e arisco.
Pelo contrário. Sou bastante sociável.
Apenas estou, como já disse anteriormente, mais seletiva com relação às pessoas com quem quero dividir o tempo...

Existem, por exemplo, pessoas com as quais eu poderia passar um dia inteiro sem a obrigatoriedade de uma conversa banal a qualquer custo, sem silencios constrangedores, apenas compartilhando o momento presente...Pessoas que conseguem comunicar-se apenas com um olhar... e que dizem tanto!
São aquelas que sabem quando falar e quando calar, que sabem quando chegar e quando partir, quando sorrir e quando ficar sério... São pessoas que realmente desejam usufriur de momentos ao seu lado e não apenas impor sua presença.
Essas pessoas eu aprecio demais...

Para mim, contudo, é impagável a oportunidade de usufruir de momentos da mais pura solidão, sem ninguém por perto, sem poluição sonora ou visual... É como se eu entrasse em contato com o mais profundo de mim e me renovasse...

Já me disseram que sou esquisita.
Bem, pode ser que eu seja mesmo...

Déia escreve aos domingos e gostaria de dispor de mais tempo para ficar em sua própria companhia...

3 comentários:

Anônimo disse...

Cara Déia,

Levando para um lado mais íntimo, outra de Nietzsche: “case com uma pessoa que terá o que conversar até o fim de suas vidas”.

Mas, trazendo este pensamento mesmo que seja para uma ‘simples’ amizade, esta indicação do pensador, para mim, demonstra a grande chance de ser feliz a dois, a pedra angular seletiva para qualquer relação - a afinidade intelectual!

A afinidade intelectual não é forçada, acontece, flui e é uma delícia, prazerosa, eterna! Daí percebe-se que a beleza da relação se constrói temporariamente, ou desconstrói-se, pois de admirável, de atrativo, o monstro interior prevalece sobre o todo. Basta ao acaso!

No mais, aprender ser só sem ser solitário!

Um abraço,
Sérgio

Lila disse...

Adorei.. e acho que esquisito e aquele que nao sabe curtir a propria companhia... :-)

Andréia B. Borba disse...

Sérgio e Lila, obrigada pelo carinho!
Um beijo!
Déia

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