Maquiar-me para uma balada vá lá.
Maquiar-me para alguém também.
Mas maquiar-me para o trabalho é cruel demais.
E só piora.
Muitas das mulheres que trabalham comigo – direta ou indiretamente – ainda tem o agravante de terem que lidar com a tríade trabalho-casa-família.
Sinceramente, não sei como elas conseguem. Com filhos então, só tendo muito rebolado.
O problema com isso tudo é que esse tipo de vida nos deixa beirando a neurose.
Hoje não vivo mais um dia sem checar meus emails. Sem entrar no MSN. Sem resolver problemas inerentes ao trabalho. Sem pensar no que encontrarei na minha geladeira. Sem lembrar que tenho que lavar a roupa e levar para passar. Sem anotar tudo que tenho que fazer para não esquecer de nada importante.
Sim, porque eu esqueço coisas importantes. Aniversários de pessoas queridas, compromissos que acontecerão em breve, onde eu estive na semana passada e o que eu comi ontem no almoço são
A rotina nos consome. Isso é fato.
Mas como eu não sei a solução para isso, pelo menos ocupo meus pensamentos colocando a culpa na primeira mulher que achou que seria legal queimar o sutiã e exigir direitos iguais.
Será que ela sabia que ao fazê-lo estaria privando nós mulheres dos prazeres de passar a tarde inteira trocando receitas e técnicas de ponto cruz com as comadres?
Será que ela sabia que a competitividade nos consumiria a ponto de realmente acreditarmos que nossos filhos são mais bem educados pela escola do que por nós mesmas?
Será que ela sabia que uma horda de homens amedrontados por uma mudança tão repentina surgiria nas mais diversas sociedades?
Será que ela sabia que enquanto eu escrevo esse texto dezenas de emails pipocam na minha caixa de entrada e todos querem saber se eu consegui marcar a reunião importante da próxima terça-feira?
Será que dá pra voltar atrás? Será que eu ficaria bem de espartilho, duas saias com saiote e um leque na mão?
Será que tem cura para a minha neurose? Será que esse texto fez sentido?
Milena pede socorro. Escreve aqui às quintas.
8 comentários:
Milena
Também tô sufocada, parece que fui eu que escrevi esse texto.
Menina, vamos tomar uma cerveja e deixar a vida prá lá?!!!
Bjs
Hahahaha!
Adorei, adorei, adorei, Mí!
Abaixo as FDP que queimavam sutiãs...
(Pior é que lembra da muvuca do texto sobre vegetarianos que aconteceu naquele blog que tu curte? Este teu texto dá margem para isso, heim... Cuidado que sutiãs queimados são capazes de começar a aparecer na frente da tua casa, hahaha).
Um beijão e "No Stress".
Acho que as amélias eram mesmo felizes!!!!
Esse cantinho aqui é 1000000!!
Amo!!!
Eu não troco minha vida neurótica com MSN, e-mail, trabalho e afins por tardes em casa e uma vida de Amélia. Essa dinâmica me alimenta, não conseguiria viver sem ela.
Que pena q vc pense assim! =/
Mi!
Passado o desabafo, lembra q tu é a miss tecnologia e que não viveria de espartilho e sem celular! Rsrsrs! O problema não é o sutiã queimado ou não, nem a busca de igualdade entre os sexos. Acho que é mais pela tendência das mulheres de quererem resolver tudo, de forma perfeita e rápida, sem sobrecarregar os outros. Tendemos a carregar o mundo nas costas ou no ventre e muitas vezes não nos permitimos avaliar a nossa situação no meio do turbilhão de urgências q surgem.
Tomara que tu consiga respirar um pouquinho. E sim, teu texto faz sentido!
Beijo!
Dos pontos de cruz eu tô fora. Mas adorei a idéia do espartilho, mil saias e menos concorrência diária.
Ótimo texto! bjo!
Milena,
Adorei o texto! Continuo achando que Amélias somos nós, porque Amélia é que era companheira, dona-de-casa, batalhadora, e mulher de verdade.
E essa história de revolução sexual foi mesmo um tiro no pé!!!!
Beijinhos,
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