Houve momentos em minha vida em que minha prioridade eram as roupas. Roupas em sentido amplo. Roupas, sapatos, brincos, anéis, bolsas e por aí vai. Eu queria ficar bonita e pronto. Foi quando descobri que a gente tem é que trabalhar pra poder decidir o quão importante aquela blusinha é pra nossa vida. Eu devia ter aí uns 17, 18 anos e a feira hippie era um templo.
Nem meu intercâmbio me fez deixar de lado a idéia das roupas. Ainda mais no Oriente, lugar exótico – pelo menos na época era; hoje todo mundo quer ir pra Tailândia – cheio de coisas raras, únicas. Eu continuava querendo roupas, sapatos, brincos, anéis, bolsas. Continuava querendo ficar bonita e pronto. Só que eu descobri o mundo das grifes e aí foi a minha perdição. Surgiu minha dúvida cruel. O que é pior: ser pobre de mau gosto ou pobre de bom gosto?! Passei a sonhar em vestir Prada com P maiúsculo.
Aí que eu rachei de trabalhar meeeeesmo. E de estudar. Estudava, trabalhava, estudava, trabalhava. Tá, tá, tá, tá, tá! Caí na farra também e comprei roupa em sentido amplo, mas não muita porque o orçamento era bem curto e praticamente só dava pra pagar a faculdade. Mas quando eu terminasse o curso, eu sabia, tudo ia ficar melhor e eu ia poder comprar muuuuuuuuiiiiiita roupa em sentido amplo. Eu queria ficar bonita e pronto. Prada ainda povoava meus sonhos, mas quem reinava, absoluta, era Chanel.
Hoje eu ainda trabalho muito. A vida tem sido extremamente generosa comigo. Há meses de vaca magra, há meses de vaca gorda. Os períodos se compensam e hoje eu posso me dar a alguns luxinhos que antes realmente só ficavam na esfera dos sonhos, como Prada e Chanel mesmo. É claro que eu também quero ter a minha casa, meu carro e viajar. Mas eu também quero roupa em sentido amplo. Estes dias eu surtei e comprei muuuuuuuuuuuiiiiiiita roupa. Tive um ataque e fiz palhaçada. A palhaçada me fez extremamente bem. Quer saber? Ninguém tem nada com isso! Eu quero é ficar bonita e pronto!