sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

E você? Vive a vida de quem?

Vocês já tiveram a sensação de estar vivendo a vida de outra pessoa? Quero dizer, não de estar repetindo uma vida que já passou, mas sim deixando de viver a própria vida, simplesmente se deixando levar? Eu já.

Houve uma época em que eu me sentia vivendo a vida que minha mãe viveria caso ela pudesse começar de novo. Quero dizer, a vida que eu achava que ela gostaria de ter se pudesse recomeçar. Isto só porque uma vez a ouvi dizendo que se fosse escolher outro curso superior, teria feito Direito. E eu, muito antes de saber disto, já estava cursando Direito. Confesso que isto não me incomodou nem um pouquinho! Na época simplesmente não passava pela minha cabeça viver a vida de outra pessoa. Isto me soava estranho, tamanha a estupidez de se desperdiçar a vida vivendo o que outras pessoas queriam viver, mas achavam que o tempo já não era suficiente ou não tinham coragem de mudar, de recomeçar, de sair da inércia.

Naquela época não me ocorreu que muitas vezes as pessoas podem viver a história de outras por toda a sua vida sem sequer se dar conta! Simplesmente não percebem que seus desejos são outros, que o que os move não necessariamente move outras pessoas. Não percebem que o tempo está passando e que continuam esperando a sua vez de viver seu próprio sonho, sua própria vida. Não percebem que seu tempo acabou ou quando percebem, já era! Nem sempre têm coragem de tentar.

Tentar exige muitos sacrifícios, é preciso abrir mão de muita coisa. Por experiência própria eu digo a vocês que tentar dói pra burro. Quebrar padrões, arriscar-se a ser feliz, a transformar sonhos em realidade, a fazer da sua vida a sua própria história não é coisa pra qualquer um! Nem todos têm tão pouco (ou quase nenhum, eu me arriscaria a dizer) instinto de sobrevivência!

Eu me orgulho de tentar fazer da minha vida a realização dos meus sonhos. O grande problema é que meus sonhos são megalomaníacos. Eu sonho com paz, harmonia, solidariedade, saúde, alegria. Sonho com viagens pelo mundo para conhecer culturas, pessoas, sentimentos. Sonho em viver um pouco do diverso. Quem sabe assim não consigo compreender melhor as pessoas, o que as move, o que as torna humanas (ou desumanas em muitos casos)? Descobri que gosto muito de ouvir a história das pessoas e gosto de contar a minha também. Acho que a troca de experiências de vida é o que nos faz pensar, nos faz refletir e, por conseguinte, agir! Viver a própria vida! Sim, eu sonho com grandes encontros.

Mas o fato é que estou com quase 33 anos e não viajei nem um milionésimo do que gostaria, nem um décimo do que poderia. Perdi tempo indo aos mesmos lugares. Poderia conhecer muito mais do mundo a esta altura da vida. Certamente minha noção de compreensão do ser humano seria outra. Mas, sem perceber, fui levando a vida. Quanta ironia! Justo eu, a que sempre impulsionou todos a seguir seu próprio caminho, a viver seus sonhos, escrever a própria história estou sendo coadjuvante nem sei ao certo de quê!!!

E novamente cá estou eu em busca de mim mesma. Querendo escrever a minha história, viver a minha vida, sem saber por onde ou como começar. Serão necessárias rupturas. Mas será que estou realmente disposta a romper com a vida que tenho, mesmo me sentindo coadjuvante na minha história? Serão realmente necessárias rupturas? Serei eu realmente coadjuvante da minha própria vida? Será que não sonhei demais, que não quis demais? Será que não foi só imaginação minha achar que nasci pra ser feliz e não pra morrer de fome? Será que esta não é realmente a minha vida e meu papel simplesmente não é tão grandiloqüente assim?

Estou fazendo a minha parte. Estou tentando encontrar meu papel. Escrever a minha história. Estou correndo desesperadamente atrás dos meus sonhos. Se estou vivendo a vida de outra pessoa? Não sei. E sei lá se vou saber um dia. Mas não vou desistir de viajar o mundo, de conhecer o diferente, de fazer parte dele, apesar de todas as dificuldades que tenho tido. Os obstáculos que tenho encontrado no caminho para realizar meus sonhos têm sido duros. Mas esta é a minha vida. E se minha vida for tentar, eu vou viver tentando. Não serei coadjuvante de mim mesma. Vou viver a minha vida!

Um dia disseram pra Laeticia que é dúvida que se cresce. Ela vem tentando duramente acreditar.

2 comentários:

Júlia disse...

Nossa..belo post!
Uma reflexão muito boa da vida.
Eu? Tô procurando um jeito de começar viver a minha!!rsr

Um abraço e num some naum heim?
Júlia

Mayara R. disse...

Eu simplesmente adorei. De uma certa maneira pareceu muito comigo. Tudo de bom Laeticia! =*

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