quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Lobotomia em série

Não sou fã de aplastar em frente à TV, nem tenho TV paga em casa, mas veio a acontecer de eu ficar super fã de um seriado: Heroes. Ta eu sei, é meio retrô para os dias de hoje, assim como não ter Twitter, bluetooth ou alguma nano-engenhoquinha que toca música e filme. Essa sou eu, fazer o quê?

Passei este carnaval lobotomizando com trabalho ou com as duas últimas temporadas inteiras de Heroes. Delícia. O personagem que eu mais gosto é um japinha chamado Hiro que consegue parar o tempo, ou se teletransportar para o passado e o futuro, é super ingênuo e vive se ferrando.

Eu queria viver neste seriado. Pra começar que, como nas novelas, ninguém trabalha e todo mundo mora num casão bem bonito que está sempre limpo e arrumado, ou é destruído por alguma explosão, incêndio, alagamento, mas não tem problema, no próximo episódio, como num passe de mágica, lá está o belo casão de pé.

Todo mundo tem algum poder especial. Antes eu queria ser este Hiro, e me interesso particularmente na possibilidade de parar o tempo. Já pensou, que delícia? Poder parar o tempo para fazer tudo o que é chato e ter todo o resto pra curtir? Só que na última temporada apareceu uma moça com a habilidade de ver o verdadeiro eu das pessoas, seu interior e seus anseios. Já pensou? Meu coração ficou dividido, mas como não tenho tido muitas pessoas ao redor acho que ainda prefiro o Hiro.

Nestas séries as pessoas são boas ou são más, sem meio-termos (que seríamos todos nós os reles mortais mais ou menos pra tudo). Aspectos emocionais ridículos são responsabilizados por comportamentos heróicos ou catastróficos, então, eventualmente os personagens viram a casaca completamente, tornando-se maus ou bons por motivos quase banais, como não ter tido a atenção de alguém. Daqui a pouco mudam de idéia e voltam a ser o que eram, sem muitos rancores. Já pensou? Que fácil!

A briga-mor está em impedir que o segredo destes poderes seja revelado ao mundo para preservar os especiais, ou divulgá-lo, para pesquisá-los e beneficiar os humanos comuns. Ao menos isso se parece com nossa reles vidinha, onde decidir entre seguir tentando se encaixar ou mandar tudo às favas é o que passa pela cabeça na maior parte do dia. Pena que quando sai da cabeça, geralmente não tem volta, como num seriado de televisão.

Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras. Ultimamente possui o incrível poder de pintar os dias de cinza.

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