terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cifrão

Sim, é sobre dinheiro que vou escrever. Precisamos dele para sobreviver em nossa sociedade mercantilista. Porém, vejo algumas distorções quando o assunto é remuneração.

Em recente reportagem na revista Exame, foram apresentados alguns casos de executivos brasileiros com altos salários, chegando à remuneração de R$1.000.000,00 (1 milhão de reais) por ano. Ótimo! Pra eles, claro. E como acréscimo, a reportagem ainda afirmou que os empregados infiéis (aqueles que trocam um emprego por outro que lhes remunere melhor) ganham mais. Resumindo, aquela velha história de trabalhar em uma empresa por muito tempo acreditando que o fato enriqueceria o currículo caiu por terra.

Questiono, diante dessa realidade, os motivos que levaram e levam os jovens (da década de 90 para cá) a escolherem suas profissões. Seria por afinidade? Prazer? Ou simplesmente porque aquela profissão está em ascensão e a remuneração em alta?

Apesar de conservar, ainda, uma visão romântica do mundo, não sou inocente a ponto de pensar e defender que todos devem escolher suas profissões apenas por afinidade e prazer. Não. É preciso pensar, sim, em remuneração. Mas quando o cifrão transforma-se o único motivo das escolhas de uma pessoa, chego a duvidar que haja alguma alegria nessas escolhas.

Parece que já estamos na cultura do “quem dá mais?”. Viramos mercadoria, ainda que cara.

Creio que não chegarei a receber um salário altíssimo, como os ditos executivos da reportagem. E nem almejo isso. Teria de renunciar a muitos prazeres e alegrias em busca do cifrão. Sinceramente, certos momentos não têm preço. Talvez precisasse nascer novamente sem essa visão romântica do mundo.

Por outro lado, sei que parte das pessoas ainda escolhe fazer o que gosta mesmo consciente de que nunca chegará a acumular muitos zeros na conta bancária. Os professores, por exemplo. Em sua maioria, ensinam porque gostam e ponto. E esse gostar é a grande vantagem para os alunos. Um professor que leciona por prazer encanta e educa realmente.

A verdade é que ainda que existam pessoas sendo tão bem remuneradas, elas são e serão a minoria durante um bom tempo. Não temos mercado de trabalho suficientemente aquecido para que esses executivos milionários se multipliquem em curto prazo. Ainda assim vejo o cifrão nos olhos dos jovens no momento da escolha da profissão. E isso me preocupa.

Angélica crê que é possível conciliar o gosto pelo próprio trabalho com a busca de uma boa remuneração, principalmente respeitando os próprios sentimentos e limites.

Um comentário:

Anônimo disse...

Escolhi minha profissão por prazer, afinidade e remuneração (nesta ordem mesmo), só que de tanto ficar vendo pessoas da área que estão muito bem financeiramente, está subindo para a minha cabeça e tem momentos que esta seqüência que me ajudou a escolher muda. Há pessoas que se sentem realizadas profissionalmente por prazer, mas acho que a sociedade preocupa-se em mostrar mais as que se sentem realizadas quando estão bem remuneradas.

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