Andei tendo uma overdose de filmes esquisitos. Começou com a 24ª reprise de Amélie Pouland (meu filme favorito, que tenho em VHS!) e terminou com tal de “Simplesmente Feliz” que o Sr Puko me trouxe esta semana.
Imagino que o Sr Puko anda me achando meio melancólica, então, tenta dar um jeito de me alegrar (para ilustrar a profundidade deste gesto dele, eu diria que ele me trazer super empolgado, um filme tipo iraniano, é o mesmo que eu chegar em casa super empolgada com a assinatura de uma TV com 450 canais e um controle remoto só para ele, com pilhas novinhass). Se bem que também pode ser apenas uma campanha frustrada pró-Playstation na residência.
De Amélie Pouland, sem comentários. Sr Puko diz que ela só não é igual à mim porque ela não faz listas e planilhas pra tudo (tenho certeza que faz, mas não coube no filme).
De “Simplesmente Feliz”, pai do céu... O filme se passa em Londres, o que já era pra ser garantia de que eu vou gostar. Conta a história de uma doida de trinta anos, professora primária e destrambelhada, com a família também destrambelhada, que resolve ter aulas de direção com um nazista maluco. A guria tem por princípio básico ser feliz como algo inerente, como uma escolha, não importando a M ou o paraíso que se encontrar a vida dela. O filme pode ter um Globo de Ouro (= o Oscar de filmes esquisitos, meus preferidos), mas é uma bosta.
Detesto filme, novela, músicas e afins que retratam o cotidiano de um modo real demais. Destes que querem te provar que todo mundo é meio perdido, meio maluco, meio sem rumo, que anda meio que tateando no escuro, sem ter certeza do que quer ou do que é certo. De realidade já basta a de cada um. Será que o roteirista deste tipo de filme imagina que observar a desgraça ou a bagunça alheias faz alguém se sentir mais aliviado por encarar sua própria bagunça como algo mais “normal”? Ou mais culpado porque não vê o mundo como a Polianna, quando tem gente passando por situações piores que as tuas? Eu heim?
Só sei que surpreendentemente estas drogas de filme funcionam. Andei capturando alguns momentos que não combinam com minha eterna melancolia, como pensar imediatamente que “eu sou maior que isso” quando alguma porcaria acontece. Ou ainda, depois de uma grande porcaria que aconteceu no trabalho, largar essa: “olha gente, temos duas chances com esta M do cão: usá-la pra valorizar tempos melhores que vamos ter, aqui ou em outro lugar, ou aproveitá-la pra nos fazer mais casca-grossa, para agüentar coisas piores que podem vir, aqui ou em outro lugar.”
Eeeeeuuuuuu falando Polianamente no trabalho? CARALEO (parafraseando Laeticia) eu achava que era só eu, mas o mundo tá perdido! Filme ruim servindo de auto-ajuda é o Ó! Mas bem que funcionou.
Gisele Lins escreve aqui às quartas-feiras.
2 comentários:
Hehehe! Adorei o texto! Tb odeio a ditadura da Polliana, embora ocasionalmente faça uso de suas regras... E por incrível que pareça, vi Simplesmente feliz no cinema (aaaaaa) e me incomodei com a extrema insensatez da personagem. Me fez sentir mal por ela, mas não bem por mim...
Acredito que haja filmes que servem, sim, como auto-ajuda, mas não os que são feitos de propósito pra isso...
Beijos de auto ajuda!!!!!
Hehehe! Adorei o texto! Tb odeio a ditadura da Polliana, embora ocasionalmente faça uso de suas regras... E por incrível que pareça, vi Simplesmente feliz no cinema (aaaaaa) e me incomodei com a extrema insensatez da personagem. Me fez sentir mal por ela, mas não bem por mim...
Acredito que haja filmes que servem, sim, como auto-ajuda, mas não os que são feitos de propósito pra isso...
Beijos de auto ajuda!!!!!
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