sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Respeito



Mesmo que eu quisesse eu nunca a esqueceria.


Naquela época chamava-se Professora de Primeiro Grau. De matemática e Ciências. Era um colégio de irmãs e como tal, preocupava-se muito com a formação moral de seus alunos. Neste, estudei da 1a. série até a 7a.


Muito aprendi com esta professora, não tanto Matemática, pois nunca fomos amigas e até hoje a coisa segue da mesma maneira. Na época éramos inimigas, agora eu e a Matemática preferimos nos tratar com indiferença, como se nunca tivéssemos nos conhecido. Bendita seja a calculadora!!!!


Eu era uma daquelas crianças que prestava muita atenção, era de muitas orelhas e poucas palavras.


E assim ela chegava. Muito perfumada, cabelos curtos, encaracolados, com certa calvície e ainda molhados. Estava bem acima do peso e tinha mais de trinta anos, mas não havia casado (ainda). Idade suficiente para pensarmos que ela era muito velha e tinha ficado pra tia (era apenas uma mera balzaca como nós hoje somos e velhas??? Nuuuuunca!). Idade é mesmo algo relativo. Dizem que consideramos velho aquele que tem 15 anos ou mais acima da nossa própria idade. Bota relativo nisso!


Então, ela dava aula do primeiro período na segunda-feira de manhã e invariavelmente trazia novidades do seu final de semana, o que tomava de 10 a 15 minutos da aula. Não se ouvia um barulho na classe, um suspiro pois todos ficavam mais que atentos as palavras da contadora de histórias (ao contrário de quando ela tentava explicar problemas matemáticos). E eis então que ela proferia aquela frase que nunca mais saiu da minha mente “a tua liberdade vai até onde começa a liberdade do teu vizinho”. O que significava isso para uma criança de 10 anos? NADA!


Sério, por mais que eu tentasse, não conseguia apreender o sentido daquilo, talvez por isso tenha guardado a frase na minha memória, pois somente assim eu teria em mente quando então tivesse a capacidade de compreendê-la.


E sim, hoje a compreendo muito bem e com a maturidade passei a compreender mais ainda, tanto que a estabeleci como uma lei para mim mesma. Não recriminar e não criticar o que não é da minha alçada. Respeitar as pessoas como são e admirá-las pelas coisas boas que têm, pois mesmo que às vezes não pareça, TODOS tem boas qualidades, basta vermos o copo meio cheio ao invés de meio vazio.


Por tudo isso tenho dificuldades em entender os críticos, os cobradores e os incompreensivos. Aqueles que jogam a primeira pedra, que acham que tem o direito de dizer o que está certo e o que está errado, os chamados donos da razão. Passam do limite da sua própria liberdade e portanto,deveriam escutar: none of your business!


O mundo é mais simples e colorido se souber respeitar o diferente e mais do que isso, passa a ser até mais divertido se permitir conviver com isso, pois só o diferente vai mostra um ponto de vista diverso e que leva a buscar coisas mais interessantes. Muito chato é viver confinado em um cubículo virtual onde não há relação com os outros em conseqüência do excesso de intransigência, com receio de se expor a algo diferente do seu eu.


Abaixo ao criticismo e VIVA AS DIFERENÇAS!


Lil escreve aqui esporadicamente e hoje sente pena de quem não aceita os outros.

5 comentários:

Nanda disse...

Viva a professora Arlete Busetti! hehehe (pela descrição só pode ser ela)

Lila disse...

Sim Fer, e ela ;-) bom saber que andas por aqui. Adorei!
Beijos ...

George Cunha disse...

Saudosa Professora Arlete Busetti, falecida em 30 de agosto de 2010.

Lila disse...

Faleceu??? E eu escrevi esse texto antes do falecimento dela...
O que houve com ela George?
Bjs

Eduardo, tá bom, Peewee disse...

E desculpa só se dá aos porteiros. Eu gravei essa frase dela.

Muito estranho, cheguei em casa, me lembrei da professora e fiz uma busca pra encontrar vocês aqui. Quanta saudade, quanta vontade de ver e conversar com vocês.

E saudade também da minha professora que foi a preferida e ainda me fazia pagar mico lá na frente, na entrega das provas, assumindo o papel de ditadora perguntando aos demais alunos (que tiraram menos de 9): - Eles são anormais!?

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