sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Atestado de surtada

Vira e mexe eu passo um atestado de surtada por aí. É assim desde que me dou por gente. Tento lidar com a situação de forma normal, consigo até certo ponto, mas chega uma hora que eu simplesmente não consigo me manter normal e desabo. Já aconteceu várias vezes. Na pior delas, eu estava tão mal que um dia fiz um bolo que deu errado e já estava tão à flor da pele que comecei a chorar desesperadamente, com direito a tremedeira. Claro que o problema não foi o bolo, eu já estava péssima, e aquilo era o mínimo que eu precisava pra desabar. Melhorei um pouco com a terapia, mas quando estava terminando a dissertação do mestrado tive outro grave. Chorava horas seguidas, todos os dias. Teve um dia que o mesmo rapaz chutou sem querer duas vezes a tomada do computador justamente enquanto eu estava escrevendo a maldita, como eu carinhosamente apelidei minha dissertação. Da primeira vez eu o fuzilei com os olhos. Da segunda, eu falei (sem gritar) “Some daqui agora!” e assim que ele saiu, desabei a chorar. Meus surtos sempre são regados a muita lágrima. Quando mamãe viu que eu ligava pra casa todo dia e ficava um tempão chorando no telefone, ela me mandou um remedinho, pra eu tomar meio comprimido por dia. Tomei achando que era placebo, mas funcionava que era uma beleza. Depois a Milena, minha farmacêutica particular na época, me contou que meio comprimidinho já era um sossega leão. Funcionou, e eu consegui terminar tranquila.

Semana passada eu passei por uma situação bastante irritante duas vezes. Depois passei um fim de semana legal passeando com amigos, e na segunda feira fui tirar umas dúvidas com um professor super fera da Universidade do Porto que se dispôs a me ajudar, muito atencioso. Não conseguimos achar o erro do meu trabalho, mas já valeu muito a discussão que tive com ele. De qualquer forma continuei tensa. Faz algumas semanas que estou agarrada no mesmo ponto. Me sinto incompetente, mal preparada, envergonhada por não conseguir me desenrascar. Morro de medo de decepcionar um monte de gente que apostou em mim e me deu oportunidades. Morro de medo de não conseguir terminar o doutorado de forma decente. Meu visto está vencendo, meu prazo está acabando e eu não tenho nem idéia de como vou me virar com isso. A isso junta-se a saudade de casa, dos amigos, do meu habitat natural.

Quando estou assim, fico sensível e à beira de outro surto. Qualquer coisinha já é desculpa para eu desabar. E foi isso que aconteceu esta semana. Eu já estava meio sensível, chorosa, desanimada. E quando a gente está assim parece que atrai mais aborrecimentos. Pronto, um dia que começou normal terminou com um surto meu, com direito a alugar a orelha de vários amigos e amigas pela internet, e-mail surtado pras Mulheres de 30 e lágrimas suficientes pra afogar metade de Portugal. Passei MESMO outro atestado de surtada e louca. Mas não foi por mal, de repente foi juntando um monte de coisa que ficou pesada demais pra eu carregar, e ao invés de fazer como pessoas normais, que lidam com uma coisa de cada vez, novamente eu esperei estar no meu limite e deixei a reação ser desproporcional à situação.

Então eu queria agradecer às pessoas que me suportaram no momento desabafo, pedir desculpas pra quem eu possa ter assustado com meu chilique e pedir pras pessoas que me rodeiam (real e virtualmente) e, principalmente pras que me amam, terem um pouquinho de paciência com minha sensibilidade atual. Isso não vai durar pra sempre, eu vou voltar ao normal, mas até lá eu preciso de muita compreensão e paciência. Este não foi meu primeiro ataque, provavelmente não vai ser o último. Eu sei que passa, mas cada época dessas vem me devastando por dentro, deixando em pedaços muita coisa que eu julgava que era sólida, e depois de tudo eu ainda tenho que pôr ordem na casa de novo. Ainda bem que não faltam amigos e Mulheres de 30 ao meu lado nessas horas, entendendo que atualmente o que tem de mais importante na minha vida é minha tese e me apoiando pra não perder o foco nem desistir, nem durante as tempestades.


Sisa agradece a preocupação de todo mundo que sentiu respingo do último chilique e ao invés de apelar, ficou do lado dela. Vai repetir o mantra “vai passar, vai passar” até que tudo passe mesmo.



7 comentários:

Paula disse...

Sisa...

Nem sempre somos obrigadas a carregar todo o fardo, não dá mesmo. Nestes momentos tensos, o ideal é abdicar de tudo que não for imprescindível e focar no que não dá para abandonar. É uma tática de sobrevivência para momentos assim, porque NINGUÉM pode abraçar o mundo!!!

Não acho que as situações piorem em momentos assim, acho apenas que a sua sensibilidade está maior... (Murphy não é tãããããão monstruoso assim rsrsrs!) E isto é ótimo, porque todos têm um limite. E você precisa respeitar o seu, minha amiga.

Desejo toda a sorte, calma, paciência e perseverança (se for possível uma fórmula assim) para desenrolar seu trabalho e terminá-lo de forma brilhante. Mas não pelos outros, apenas por você. Não tenha medo de decepcionar as pessoas, porque quem te ama de verdade, ama o pacote todo, com sucessos, fracassos, risos e lágrimas, ok?

Amigos estão aqui mais para os momentos difíceis, porque nos agradáveis, é muita fácil ser presente. E só porque você é uma pessoa linda que há pessoas tão dispostas a serem amigas nas horas difíceis! É mérito seu!!!

Beijos.

Anônimo disse...

Eu juro. Queria muito ter um desses 'surtos'. Guardar tudo pra si não é nada bom.
Bjos

Unknown disse...

Oi Cecilia,

Acho que é normal termos os momentos de surtos. É uma forma de colocar o stress pra fora e nos sentirmos um pouco mais leves. Eu sei que é dificil e que é irritante escutar as pessoas falarem "isso passa", mas é assim mesmo, tudo vem e passa, graças a Deus. Nao tenho dúvidas que vc vai conseguir resolver os problemas do doutorado, se vc nao fosse competente nao teria chegado onde chegou. Todos nós passamos por esses momentos de panico no doutorado, acho que isso faz parte dos requisitos para nos formarmos... passar pela prova de resistencia a stress! rs. Bom, como vc já sabe, pode contar comigo para os seus momentos de surtos, meu ombro, meu MSN e meu celular estao sempre disponíveis pra vc!!!
Bjs.
Vi

Advokete disse...

Não vou te dizer pra ficar calma, porque sei que isto não vai te consolar e ainda aumenta a chance de outro surto psicótico. Mas não acho anormal ter estes ataques. Talvez se eu tivesse tido alguns durante a minha vida toda não teria entortado a cara, nem estaria me sentindo uma trouxa agora. Dar ataques tb faz parte. Dê seu ataque, saia da sala, respire ar fresco, tome uma coca zero, coma um chocolate e aí sim você vai ter condições de conseguir desatar esse nó. Vai com fé que você consegue.
Beijos.

Angel disse...

Como já te disse Sisa querida, transcenda! Respire fundo, tente se distrair, penso que sua mente tem de estar leve para te proporcionar pensamentos "solucionáticos".
Gosta de Natureza!? Vá passear, ver o mar, árvores, recarregar as baterias.

E conte conosco, 24h.

Beijos!

Anônimo disse...

Voltei pra te responder melhor. Eu sou péssima com palavras quando estou chateada. E hj foi um dia daqueles. Enfim, vim agradecer por ter me visitado e te desejar forças. Que vc consiga descansar e colocar a cabeça em ordem pra terminar sua tese e tocar seus projetos. E eu continuo achando que surtar normal. Fazer o que eu faço, me calar e me isolar é que não é nada saudável.
Bjos, se cuida e até a volta!
Ah! Não se preocupe em me linkar. Não deixarei de visitar vcs do mesmo jeito. rs.

Re disse...

Sisa,
Adorei o seu post no meu blog e me senti lisonjeada por também fazer parte dos blogs do Mulheres de 30, blog que me identifico demais, com todas voces! E força na peruca amiga! Veja pelo lado bom, nós somos mulheres e podemos sim ter uns ataques de tempos em tempos sem que ninguem nos olhe estranho..no maximo vão dizer: coitada, deve estar na TPM!!! Bjs

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