sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Minha vida dá um livro

Falando sério, minha vida dá um livro, e pior, de comédia. Eu tenho o dom de me enfiar em cada roubada que parece brincadeira. A Louise costuma falar que esse meu jeito atrapalhado sempre arrumando confusão é meu charme. Vai ser charmosa assim lá em Portugal, viu?

Domingo eu consegui perder um trem de Lisboa aqui pra Covilhã da forma mais idiota que uma pessoa pode perder um trem. Cheguei 40 minutos antes à estação, 15 minutos antes estava na plataforma. Normalmente não presto atenção nos avisos, mas justamente neste dia prestei. Falaram que vinha o trem e que haveria uma manobra. O trem passou correndo, achei que ia fazer a tal manobra e voltar. Quando tive a curiosidade de dar uma espiadinha, ele estava parado lá na parte da frente da plataforma. Comecei a correr igual doida, e quando estava a 20 metros dele, ele foi embora. E eu fiquei pra trás. Detalhe, era o último meio de transporte da civilização pra cá no dia. Tive que dormir em Lisboa e voltar só no dia seguinte. Até o vendedor da passagem riu de mim (pelo menos pude trocar a passagem sem pagar a diferença).

Bom, na segunda-feira o dia correu razoavelmente normal (cheguei na hora do almoço de Lisboa e vim pra Universidade). Na terça-feira resolvi acordar um pouco mais cedo pra chegar mais cedo e compensar um pouco a manhã perdida na segunda. Saindo de casa toda atrapalhada, entre bolsa, mala de computador, 3 sacos de lixo pra pôr pra fora, sombrinha, e isso tudo mal conseguindo mexer de tanta roupa e dois pares de luva na mão, PUM! Bati a porta com a chave por dentro. A porta é daquelas que a maçaneta não roda por fora. Fiquei trancada pra fora. Eu moro sozinha, gente, podem ter dó de mim. Resolvi bater na porta da vizinha (coitada), e perguntei se ela sabia o esqueminha de abrir a porta (tem um esqueminha), ela não sabia. Liguei pra um amigo que me passou pra uma amiga que me deu o telefone do chaveiro e disse (sotaque lusitano nessa parte) “Não estranhes que não percebes nada do que ele diz”. Liguei pro camarada. Entendi tudo que ele disse. Ele não entendia nada do que eu dizia. Eu passava o endereço e ele entendia que eu estava na cidade vizinha e perguntava se eu tinha carro pra buscá-lo. Desisti. Liguei pra senhora da Universidade que toma conta dos apartamentos e perguntei se ela podia me indicar quem podia abrir a porta pra mim. Ela me deu um telefone, liguei. Me disseram que não faziam o serviço e me deram o telefone do mesmo senhor com quem eu não consegui me comunicar. Minha vizinha viu minha cara de desespero e perguntou se minhas janelas estavam abertas, que tinha uma escada na parte de trás do prédio.

Lá fomos nós debaixo de chuva. Ela colocou a escada, chamou outro vizinho que subiu, certificou que a janela não estava trancada, mas disse que tinha medo (tinha que escalar uma grade pra subir). Aí eu deixei minhas coisas com a vizinha e corajosamente subi. E pulei pra dentro. Ahá, que orgulho! Quem precisa de chaveiro? Só que a porta que dava da varanda pra dentro de casa estava trancada. E não tinha jeito de descer. Fiquei trancada passando frio em um cubículo de 2 metros quadrados. Quase comecei a chorar, pedi pra alguém me jogar o celular e o vizinho subiu a escada pra me entregar. Falou que tinha um senhor que abria porta, oba! Indicou o mesmo que não me entendia. Aí quando falei que não funcionava, ele me deu uma dica de como explicar pro homem entender, e funcionou. Pra vocês terem idéia de como a comunicação com ele foi eficiente, eu perguntei “Quanto tempo o senhor demora?” e ele respondeu “Dez euros”. E eu só torcia pra ele realmente ir. A vizinha disse que ia esperá-lo, quando ele abrisse a porta ela ia me soltar. Um tempão depois (e eu passando frio) uma bolinha acerta o vidro da varanda. Era a vizinha falando que o homem não apareceu. Liguei desesperada pra ele, que já estava chegando. Me destrancou e eu ainda tive que pegar 10 euros emprestados com a vizinha porque na véspera eu tinha jantado todo meu dinheiro...

Fui pra Universidade atrasada e pensando como eu tinha conseguido fazer uma situação que uma pessoa resolveria de forma normal (ligando pro chaveiro, esperando, pegando a chave e pagando) virar um carnaval daqueles. Chegando lá, contei minha saga pros meus amigos portugueses que morreram de rir de mim (vamos combinar, com razão). Chegando na cantina, meu amigo fala com o cozinheiro (sotaque lusitano de novo) “Hoje ela veio, hoje ela não perdeu o comboio!” Ou seja, virei piada da turma duas vezes na mesma semana. Ainda bem que dessas piadas até eu morro de rir. Um dia eu tomo jeito!


Sisa é um desastre, mas não perde a esperança de um dia deixar de ser tão atrapalhada.



8 comentários:

Anônimo disse...

kkkkkkkkk
Sisa,
Realmente a sua vida daria um livro, mas daqueles gostosos de ler, divertidos, tipo os do Luis Fernando Veríssimo. Se não acontecessem essas coisas com você sua vida não teria tanta graça, realmente acho que é o seu charme!!! rs
OBS: Já reparou que quanto mais pressa agente tem mais as coisas atrasam??? rs

Mia disse...

E eu que pensava q Murphy era meu amante!!! Aquele cachorro ama muitas outras! Kkkkkkk
Daria um superlivro!

=*

Gisele Lins disse...

Hahahahaha!

Muito bom, Sisa, muito bom mesmo! Dei muita risada e me identifiquei bastante também (meu apelido hoje é Fibs, porque eu tb sou bem atrapalhada e avoada, hahahahaha).
Um beijão!

Unknown disse...

meu, e que graça teria se não fosse assim??
você não teria tanta história pra contar =)

Angel disse...

Eu também sou atrapalhada, do tipo que chuta pé de mesa, esbarra em todo móvel que vê pela frente...
E sou distraída, lerdinha mesmo.
Mas adorei sua história, fico feliz de saber que eu não sou a única anormal do mundo...rsrsrs

Beijos

Anônimo disse...

já ri um "mucado" disso vo rir mais...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Paula disse...

rsrsrsrsrs
Ai Cecília, realmente sua vida dá um livro! Ainda bem que é um daqueles de comédia que a gente não se cansa de rir. Falando sério: esta é a melhor forma de viver! Pra quê tanta tensão com tudo, só para envelhecer antes?!
Beijos.

Anônimo disse...

Vou receber royalties, afinal, a GAIATA foi feita por mim...
E já tou doida prela voltar pro Brasil...

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