Há algum tempo fui assistir a uma palestra cujo tema era "Gestão do Futuro". Não citarei aqui nomes de autores ou instituições, para preservar os envolvidos, pois a palestra foi um desastre. Bom, a palestrante iniciou seu discurso com o otimismo sobre o futuro, sobre a gestão das empresas, etc. Mas, quando foi contextualizar seu tema, falando das eras da industrialização, a divisão do trabalho, as características dos profissionais de cada época, começou a tropeçar em datas, séculos, fatos... E a coisa foi só piorando... Abaixo, trechos falados na palestra, por uma profissional contratada para isso:
"_A Revolução Industrial ocorreu no século XVI, por volta de 1780!
_Não vou me ater a esse assunto, pois é só contexto histórico, não importa muito ao tema!
_A televisão digital, que o governo faz tanto alarde que vai trazer para o Brasil, já existe na Europa há cerca de 50 anos!
_Se você não gosta do que está fazendo em seu trabalho, você não será um bom profissional, e é melhor você se demitir logo, e buscar outro emprego."
Essas pérolas, além de outras de puro otimismo sobre o futuro daqui a 50 anos, num mundo sem problemas, fazem inveja àquelas de alunos na prova do ENEM que recebemos por e-mail! A palestra era para mostrar o tipo de profissional que as empresas desejam, ou seja, aquele que corre atrás, que busca conhecimento, que se atualiza, que saber liderar uma equipe, que sabe usar do humor na dose certa e na hora certa para resolver conflitos, essas coisas.
Contudo, o público que assistia ao discurso empolgado (não empolgante) da palestrante, era um público misto, mas havia muita gente humilde, com empregos que são os que eles conseguiram com muito esforço, e que estão lutando para melhorar, mas não podem se dar ao luxo de largar o que fazem para procurar o que gostam. Emprego está difícil para todo mundo!
Afinal, as empresas sempre desejam este tipo de profissional, e vai continuar buscando por isto. Mas negar o passado, criar algo a partir do nada, é impossível. É preciso aproveitar o que há de bom em uma estrutura antiga, e melhorar, atualizar o que está defasado. O próprio profissional pode tentar melhorar, se atualizar, e buscar novas oportunidades, mas sem deixar de lado o que tem de bom, deve se aprimorar, mas não deve largar um emprego sem perspectiva de outro. Precisamos ser realistas! E, nisso, a palestra não ajudou em nada. Parecia um chamado ao empreendedor, à pessoa destemida, que quer se arriscar pelo que gosta de fazer. Era uma propaganda de como será o futuro e de como deverá ser o profissional para vencer na vida. E, entenda-se, vencer na vida, de acordo com o tema da palestra, é ter sucesso na carreira profissional.
O mundo do futuro que me desculpe, mas, para mim, vencer na vida sempre será viver bem, independente do cargo que se ocupa numa empresa. Pois, se carreira e riqueza fossem sinônimo de felicidade, não haveria empresários deprimidos, estressados, com todo tipo de doença de caráter psicológico!
Tania se aborrece quando gente que não sabe absolutamente nada sobre determinado assunto se atreve a falar ou escrever sobre ele.
Um comentário:
Olha só que nicho de mercado: tu pode começar a dar essas palestras. Pelo menos as informações vão estar corretas! Bota pérolas nisso!
Beijo!
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