terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O Rastro do Progresso

Moro na mesma casa há 31 anos. Gosto do bairro, da casa, afinal cresci aqui. Porém, o progresso é inevitável e modificativo. Surpreendo-me, agora, em busca de um local mais sossegado para morar, como já foi aqui.

Em frente à minha casa tinha uma chácara. No início era bem cuidada pelos proprietários. Alguns anos mais tarde foi “abandonada” e consequentemente passou à propriedade pública devido à dívida de IPTU.

Sempre sonhamos (nós, moradores do local) em ver esse terreno transformado em algo útil. Por mim, o melhor projeto seria um cemitério, não perderíamos tanto o sossego. Muito foi dito, pouco foi feito durante anos. Até que um projeto real foi publicado: teríamos aqui uma estação do BHbus. Bom? Sim e não. Seria prático e facilitaria nosso acesso ao centro da cidade. Por outro lado, perderíamos o ar puro (das muitas árvores frutíferas da chácara) e ganharíamos a poluição dos veículos.

Como muita coisa relativa à administração pública muda, o projeto mudou. A antiga chácara é, agora, canteiro de obras do Vila Viva. Serão construídos vários apartamentos e uma área de lazer. Este espaço está destinado às famílias da Vila São José (favela próxima à minha casa) que precisam sair de onde estão para dar espaço às obras de extensão da Av. Pedro II. Enfim, é o progresso.

A maior parte das árvores já foi cortada, nosso ar está mais quente, os pássaros mais raros, o barulho dos caminhões e tratores nos leva à loucura de domingo a domingo.

O objetivo da obra é nobre, várias famílias serão beneficiadas. É “nobre” também o ano em que a obra acontece, temos eleições municipais em outubro. Nada mais oportuno.

Cresci num lugar sossegado, de dar inveja a muita gente. Agora já não consigo me imaginar vivendo aqui diante de tanto progresso. O trânsito será intenso, barulho, movimento... Tenho natureza jeca, gosto de barulho de pássaros, ar puro, momentos de silêncio, rua de pedra, paz. Quero ir embora, ceder esse lugar a quem gosta de movimento, tem bom relacionamento com o progresso urbano. Não é o meu caso. Não sei para onde vou, nem quando, porém espero que seja breve e que encontre um cantinho bem jeca, que nem eu.


Angélica não gosta do cheiro do progresso urbano. Pensa que o rastro desse progresso leva embora, sempre, um tantinho de nossa paz. Tem a nítida impressão que, num futuro próximo, deixará a “cidade grande” em busca do sossego que não mora mais aqui.

4 comentários:

Paula disse...

Angel, o progresso tem dois lados: as melhorias são fundamentais para as pessoas, mas trazem consigo um ônus... Você está certa: se não está bem, tem mais é que procurar um lugar que atenda às suas expectativas. Afinal, a vida é curta demais, não é?
Boa sorte em sua busca pela casa ideal!
Beijos.

Gisele Lins disse...

Angel eu me considerava uma urbanóide extrema, mas a vida me trouxe pra um lugar bem pacato e confesso que morri de saudades de sua tranquilidade, de acordar com os passarinhos e o galo, e de poder esquecer a janela aberta. Boa sorte pra vc na busca por um novo lugar tranquilo! Um abraço!

Sisa disse...

Nossa, eu sou taurina demais pra conseguir abandonar um lugar onde vivi mais de 30 anos! Eu me apego demais, e precisaria de muito mais que isso pra me tirar do lugar, rs... Boa sorte pra encontrar o cantinho novo, e não esqueça de convidar as Mulheres de 30 pra fazer uma visitinha!

Anônimo disse...

em minha cidade acontece o mesmo e sou favorável ao progresso e ao ronco das máquinas!

http://curralinho.blogspot.com

CHEIRO DO PROGRESSO

Assim a jornalista Érika Lettry poderia ter iniciado a sua matéria de O Popular do caderno Circuito Goiano do dia 13 de março de 2008. Não conheço desenvolvimento sem sacrifícios.

Sou da opinião, que os odores exalados pelas indústrias geradoras de empregos poderiam com certeza serem chamados de cheiro do progresso.

Na cidade de Inhumas milhares de empregos são gerados pela Usina Alcooleira, bem como nas cidades de Itapuranga e Anicuns, que são cidades vizinhas. Na cidade de Nazário existem dois curtumes e uma fabrica de gelatina, que é produzida dos detritos do couro e também exalam odores e a população é satisfeita com os empregos gerados.

Na cidade Itaberaí existe (graças a Deus) a Superfrango, que é forte geradora de empregos, e asseguro que dificilmente encontramos uma família, que não dependa desta indústria, que mudou a concepção de vida de Itaberaí e região.

Temos sim de preservar a nossa qualidade de vida. Fui secretário do Meio Ambiente em 2001 e atendendo aos reclames populares estive com o empresário Zé Garrote, que mostrou as suas instalações e pude ver o respeito, que esta empresa tem com o meio ambiente.

Nas lagoas de decantação vi dezenas de jacarés, centenas de garças e ainda o que mais me sensibilizou foi à área preservada bem como cerrado e um brejo enorme (nascente), que foi respeitada e não se pensou em aproveitamento deste terreno.

Assim se tivéssemos uma empresa sólida e com respeito ao meio ambiente como a Superfrango, que tem as suas licenças em dia. O que acontece é que temos um cheiro característico de todos os segmentos e peculiar: abatedouro tem o seu, bem como a granja tem o seu; usina de álcool tem o seu consultório de dentista tem também o seu cheiro típico.

Achei deveras infeliz a matéria da nobre jornalista, que esqueceu de frisar a melhoria da condição de vida dos itaberinos em se comparando com as nossas cidades vizinhas.

Itaberaí hoje é uma cidade pólo, tem centenas de galpões de frango e cumprindo a sua função social, que é de levar o homem para morar no campo (louvável), diminuindo os bolsões de misérias.

Itaberaí hoje tem problemas (deficiência) de mão de obra, pois, a Superfrango emprega a nossa população e das cidades ao redor.

A função social está sendo cumprida com desvelo e pela iniciativa privada.

Assim acho por bem a retratação de O Popular pelo equivoco lançado via mídia de Jornal, pois, deveria verificar o PIB de Itaberaí antes e depois da Superfrango; que está em fase de expansão e trazendo melhorias ao nosso povo goiano.

Concordo com o cheiro do progresso e nem por isso vou deixar de ir ao dentista pelo fato do consultório ter um cheiro desagradável, porém, característico de seu ramo de negócio.

Bruno Calil Fonseca é presidente do PSC de Itaberaí.

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