Meus amigos, família e os leitores assíduos do blog bem sabem que o cansaço anda comigo ultimamente. E como ninguém gosta de andar só, com ele veio a impaciência e algumas decepções.
Simultaneamente bateu aquela vontade de “dar um tempo”. Sair da rotina em um lugar calmo, longe de casa e de tudo o que representa obrigação. Então decidi que a melhor opção seria um hotel fazenda. Tive algumas indicações e escolhi o que mais me pareceu com cara de sossego: Solar do Engenho. Iria na noite de lua cheia de julho, dia 18. Afinal, para uma mulher romântica e sonhadora como eu (mais sonhadora do que romântica nos últimos tempos), a lua cheia era o atrativo que faltava. Sim, eu iria sozinha. Estranho para muitos. Natural para mim, afinal normal é viver a realidade.
Para não cansá-los, caros leitores, encurtarei a história. E isso não é fácil pra mim. Sou detalhista e gosto de contar os detalhes. Mas contarei aqui as principais partes desse passeio, desse retiro.
A Mala
Roupas
Cremes (eu adoro!)
Chips
Frutas
Livros (Obra Poética – Fernando Pessoa e A menina que roubava livros – Markus Zusak)
Folhas de papel almaço (é, isso ainda existe...kkkk)
Vinho Tinto chileno
Repertório das aulas de canto
CD do Marcelo Bravo (eu estava ansiosa para ouvi-lo)
Máquina fotográfica (da Vivi)
Bombons (A Fabi me lembrou disso, e acabei ganhando uma caixa de bombons do Walison, o filho mais fofo que eu poderia ter)
Transporte
Ônibus (ida e volta – Setelagoano) - A idéia era não me preocupar com possíveis defeitos e/ou pneu furado na estrada. A parte ruim foi ficar na rodovia, na volta, mais de meia hora esperando o ônibus passar...
O Hotel
É um casarão, tipo de fazenda, muito bem decorado, com todas as portas em madeira com pinturas diferentes em cada uma. A área de convivência (ampla sala) tem vários sofás, lareira, tudo muito aconchegante. A área em que é servido o café (e o jantar também) tem várias mesas (com toalhas de linha coloridas), fogão a lenha e pássaros entrando e saindo a todo momento.
O quarto
O corredor para o quarto 10 é comprido e coberto de tapetes de retalhos coloridos. Foi gostoso pisar nesses tapetes fofinhos. A chave do quarto é enorme, proporcional à grande porta de madeira. O quarto é amplo com uma cama de casal e uma de solteiro, banheiro com água quente na torneira (adorei!) e banheira. Senti falta de uma mesinha com cadeiras ou uma boa poltrona. No dia seguinte a mesa estava lá. Também senti falta de um aparelho de som, afinal o CD do Marcelo estava na mala... Tive que esperar chegar em casa para ouvir essa maravilha.
A banheira
Adoro banheira. Minha primeira providência foi enchê-la. Foram dois dias de prazer indescritível. Não sei se vou conseguir descrever isso... Banheira cheia, mp3 ligado, senti aos poucos aquela água quentinha. Que maravilha! Fiquei ali brincado, me divertindo com as discretas ondas na água, com o meu corpo se mexendo sozinho, com as formas que eu consegui construir no movimento do meu corpo na água. Relaxei mais do que imaginei. E reconheci meu corpo. Na rotina acelerada dos meus dias, às vezes me esqueço de admirar-me e perco a noção da minha forma, da minha beleza. Naquele momento vi e senti meu corpo perfeito. Perfeito pra mim e pra água.
A comida
No hotel, o jantar e o café da manhã foram ótimos. O almoço era no restaurante, separado do hotel (uma boa caminhada até lá). Senti falta de um bom bife de carne de boi, o almoço deixou a desejar.
A janela
Quando contei à Fabi da minha intenção de fazer esse passeio, ela disse: você tem de fazer tudo o que puder fazer sozinha. Depois do jantar, na sexta, cheguei ao quarto 10, olhei para aquela janela enorme e tive vontade de saber o quanto ela era grande. Para isso, só subindo na janela. E subi. Descobri, feliz, que a janela era do meu tamanho, ou seja, eu poderia ficar ali dançando durante horas... Não fiquei horas, mas dancei (sempre com o mp3 ligado) ali um tempão. Dança de “chacrete”, sem tirar muito os pés da janela, afinal se caísse para fora do quarto, seria uma queda de uns 3 a 4 metros.
A lua
Logo após o jantar, fui até o campo em frente ao hotel e lá estava ela, cheia, linda, iluminando tudo. Fiquei ali alguns minutos, andando e ela parecia ir comigo para todos os lados. O mais maravilhoso de estar próximo à natureza é estar mais próximo do céu.
O cavalo
Fiz dois passeios a cavalo. Nunca tinha experimentado isso. Tive medo. Até ele começar a trotar. Aí, eu queria mesmo é que ele disparasse, como nas novelas. Deve ser “tudo de bom”. Mas eles eram mansos. Adorei do mesmo jeito.
O vinho
Já que não iria dirigir em momento algum, levei uma garrafa de vinho. Deixei-a para o jantar de sábado. Tomei quase a garrafa toda sozinha, faltou dois dedinhos para acabar. E fui andando normalmente para o quarto. Pasmem! Para quem bebe somente com o coelhinho da páscoa e o papai noel, eu me saí muito bem. Após quase 700ml de vinho, eu estava quente, pronta para dormir sem cobertor. De lã e de orelha.
Saldo
Várias vezes pensei: pra que voltar!? E ao final do passeio conclui que só vivendo em uma rotina diferente daquela quietude, é possível sentir tanta paz e prazer num lugar como aquele. Só não quero me perder tanto de vista outra vez. Afinal, banheira de novo, só Deus sabe quando..kkk. Dos itens da mala, só o CD do Marcelo ficou guardadinho para eu ouvir aqui em casa, enquanto escrevia esse post. E eu amei! Saldo muito positivo!
Obs.: Nas folhas de almaço eu escrevi parte do post e uma poesia que logo estará aqui.
Angélica reencontrou-se longe de casa, brincando na banheira, dançando na janela, passeando a cavalo, aquecendo-se com vinho. Sabe que fará o mesmo passeio, ou bem semelhante, novamente. Quem sabe, da próxima vez, não precise de vinho para se aquecer...