sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A classificação do mundo, ou como eu sou chata pra comer

Acho que o ser humano sempre teve uma necessidade visceral de classificar o mundo. Temos a necessidade de classificar tudo à nossa volta, é uma forma de organizar as informações do mundo na cabeça, pra ficar mais fácil manter a sanidade mental em um meio onde há tanta diversidade.

Bom, pra mim, a coisa mais fácil de classificar são os fenômenos da natureza. Tanto que acabei me formando em Física. Fenômenos mecânicos, termodinâmicos, eletromagnéticos, qüânticos, entre muitos outros, são realmente fáceis de classificar, mesmo quando eles se misturam e agem todos ao mesmo tempo, se transformando e/ou interagindo pra formar um acontecimento que é complexo mesmo quando é simples. Vejo a Física como vejo o arco-íris. São cores (ou áreas) muito bem definidas, mas a transição de uma pra outra pode ser muito sutil e difícil de distinguir. Sutil e lindo.

Talvez para conseguir o objetivo inicial, que é manter a sanidade mental, meu cérebro resolveu que qualquer outra classificação do mundo seria bem mais simples, as coisas dividiriam-se em duas ou três categorias. Como exemplo, cito a História. Pra mim, a história mundial divide-se em antes e depois de Collor. Deve ser porque são minhas primeiras lembranças políticas. De Collor pra cá, a história pra mim é bastante confusa de entender. Antes de Collor é um pesadelo incompreensível. A Geografia é dividida em mais setores: mapas, paisagens e o resto. Já é complexo demais pra minha cabeça, ainda mais considerando que os nomes das capitais se infiltram na parte de mapas, enlouquecendo minha pobre cabecinha. Português se divide em escrever decentemente e literatura. E assim, classificando o mundo de forma simples e bem organizada, tenho conseguido sobreviver nesse mundo louco cheio de informações.

Bom, mas este texto foi motivado pelas muitas divisões que a Biologia me obriga a fazer. Pra mim, a natureza se divide em pedras, plantas e animais. Muito claro. Pedras não mexem. Plantas têm raízes. Animais são o resto. As plantas ainda podem dividir-se em árvores e o resto, enquanto as árvores por sua vez se dividem em pé de fruta, pé sem fruta e pinherinho de Natal. Outro dia me olharam torto porque falei que achava lindo o pé de rolha. Sei lá como chama aquilo, é a árvore que descascam pra tirar a cortiça que vira rolha.

Bom, mas aí começam meus problemas. Tem aquelas coisas intermediárias, como os fungos, só pra citar um exemplo. São animais que se disfarçam de plantas e ainda por cima merecem classificação própria na cabeça enlouquecida dos biólogos. Mas a pior parte, além de se infiltrarem em um meio apesar de serem de outro, eles costumam até se infiltrar nas cozinhas e pratos. Cogumelos, molho funghi, kefir e outros participantes do circo dos horrores vivos não merecem ser comidos. Tudo isso é muito nojento. A única coisa dessas que eu como (ou no caso, bebo) é Yakult, mesmo assim porque eu aprendi a gostar de Yakult muito antes de saber ler aquelas palavras pavorosas no frasco: LACTOBACILOS VIVOS. Tipo... VIVOS! Meu Deus, é de enlouquecer saber que a gente come coisas vivas.

Eu tenho muitas restrições alimentares. Coisas que não gosto, coisas que não posso, e coisas que não comi e não gostei. A maioria dessas coisas nojentas fazem parte do último grupo. E não adianta insistir falando que “se você provar quando é feito assim, você vai adorar”. Não vai adiantar. Mas lembre que a gente sempre pode fazer um brinde com Yakult e oferecer às amizades que duram, mesmo que uma das amigas seja meio radical e muito chata pra comer.


Sisa, 28 anos, adora legumes, verduras, não come peixe, não é fã de carne vermelha, adora aves em geral, tem preguiça de comer a maioria das frutas, não come cogumelo, classifica gelatina como “carne” e tem plena consciência que essa frescura alimentar é um absurdo em um planeta onde tanta gente passa fome.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu tb nao gosto de comer essas coisas VIVAS, aqueles queijos franceses ave maria, tenho problema pra tomar esse yakult, aqui tem uma versao parecida e meio q tenho q tomar pois é muito bom pra 'barriga'. Mas apesar do gosto do negocio nao ser tao ruim... sempre q vou tomar é um problema, pois fico sempre imaginanado todos aqueles bichinhos na minha boca :)
Quanto a biologia concordo em genero, numero e grau haha, ô povo q gosta de classificar coisas viu?

Anônimo disse...

Eu tb sou MEGA chata para comer, e tb odeio todas essas coisas vivas e/ou nojentas que o povo come por ai e adora. rs. Bom, para eu nao querer comer a coisa nem precisa ser viva ou nojenta, o fato de que nunca ter comido ou se nao for com a "cara" já é suficiente para eu classificar como uma coisa que nao comi e nao gostei. rsrs. Destesto novidades gastronomicas. Mas, por que vc classifica gelatina como carne?? Essa nao entendi... rsrssrsrsr. Bjs

Angel disse...

Frescura alimentar é comigo mesmo. Tem alimentos que só como em casa, no self-service nem pensar.

Adoro Yakult e sei que os pequeninos vivos fazem bem pra nossa flora intestinal, por isso não fico estressada com eles.

Esse queijo frances citado pela Liz é aquele mofado, que tem cheiro e gosto de mofo? Se for ECA, achei o fim da picada.

Adorei o "pé de rolha"...rsrsrsrs

Bjos!

Paula disse...

Mais uma integrante do grupo das enjoadinhas!!!!
Concordo com você, Sisa: em um mundo em que tanta gente passa fome, chega a ser absurdo e, por isso, evito falar das minhas "frescurites" para os outros, mas não consigo evitá-las...
Queijos mofados, cogumelos, dobradinha, carne mal passada, feijão escuro (aquele vermelho que fica marrom, sabe?)... Melhor parar por aqui.
Também gostei do pé de rolha.
Beijos.

Unknown disse...

Eu não sou, no geral, enjoada pra comer.

Não gosto de yakult porque acho que é leite azedo. Mas como todo o tipo de queijo mesmo sabendo que é leite azedo.
Bem incoerente mesmo, eu sei.

Já os champignons eu não como porque não gosto de olhar para eles. Me dá aflição demais aquilo no meu prato!

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