Anastácia sonhava com bastante freqüência e, freqüentemente, lembrava de seus sonhos. Uma das coisas que a incomodava era que nem sempre conseguia entendê-los, ou pelo menos achava que os entendia, mas certeza mesmo ela nunca tinha. E nessa última noite não haveria de ser diferente.
Anastácia tinha sonhado, de novo, para não perder esse hábito, e como de costume acordou se lembrando do sonho.
Ela estava em um escritório bonito e garboso, um lugar conhecido, mas que na vida real nunca havia realmente estado; com pessoas conhecidas, que, por sua vez, eram meras estranhas, mas sonho é assim mesmo, a gente tem certeza mesmo não sabendo direito, a gente compreende, mesmo não entendendo.
Bom, o fato é que da janela deste tal escritório Anastácia e seus desconhecidos viram algo inimaginável e ao mesmo tempo já descrito em livros. Da janela do tal escritório tinham a vista de uma montanha e alguns prédios, a rua era movimentada e por volta das seis da tarde aconteceu o inesperado: macacos de medidas humanas estavam invadindo a cidade. Inúmeros macacos corriam por todos os lados dominando e rendendo as pessoas, e os tais policiais que pretendiam manter a ordem não conseguiam mais do que ser eles próprios presos pelas suas presas. O desespero invadiu a mente dos transeuntes, assim como a mente de Anastácia e seus companheiros, as perguntas que reinavam eram óbvias: o que fazer? O que está acontecendo?
Anastácia acordou encharcada de suor, apesar de ser inverno mesmo assim suava em bicas, o cobertor da cama dava nojo, a insônia imperou e o sonho não saiu de sua cabeça. Há muito Anastácia estava desiludida com o ser humano, suas crenças e valores estavam se mostrando ferramentas gastas e ludibriadas, sua idéia de evolução ia por água abaixo, o ser humano se mostrava cada vez mais passível de reprovações. Anastácia acreditava estar quase totalmente só com seu universalismo ético e suas teorias de que nascemos para melhorar e não o inverso. Com este sonho ela teve quase a certeza de que a “revolução dos bichos” iria verdadeiramente acontecer; o homem estava se transformando em macaco, era um retorno, um presságio de algo que talvez nunca tenha deixado de ser, talvez nunca tenhamos saído dos primórdios, talvez o homem nunca tenha deixado de ser macaco e o máximo de sua descoberta seja o fogo.
Anastácia estava convencida de que este era o significado de seu sonho e, afinal, por que não; os homens ainda possuem a mania de catar piolho uns nos outros, só que agora adaptamos nossa catação para os cravos e espinhas, os homens ainda andam em bandos, afastando aqueles que representam alguma ameaça. Era isso, a resposta de todas as perguntas; finalmente Anastácia não iria mais passar as noites em claro se perguntando por que era tão rigorosa com seus valores éticos e morais enquanto outros nem mesmo possuíam algum, era isso; o ser humano afinal de contas ainda era um homem das cavernas; os cortes de cabelo e as roupas, os livros e os estudos eram apenas fantasias para se tentar disfarçar o inevitável, ainda somos brutos e insensíveis, individualistas e desumanos, animais escondidos atrás de algo denominado razão. Era isso, Anastácia de agora em diante dormiria melhor, não tentaria mais entender o homem, nem o mundo, nem a política econômica mundial, nem a fome, nem o holocausto, nem as guerras irresponsáveis, nem nada; Anastácia iria dormir em paz, pois não acreditava mais na razão, afinal, ainda somos macacos.
Anastácia tinha sonhado, de novo, para não perder esse hábito, e como de costume acordou se lembrando do sonho.
Ela estava em um escritório bonito e garboso, um lugar conhecido, mas que na vida real nunca havia realmente estado; com pessoas conhecidas, que, por sua vez, eram meras estranhas, mas sonho é assim mesmo, a gente tem certeza mesmo não sabendo direito, a gente compreende, mesmo não entendendo.
Bom, o fato é que da janela deste tal escritório Anastácia e seus desconhecidos viram algo inimaginável e ao mesmo tempo já descrito em livros. Da janela do tal escritório tinham a vista de uma montanha e alguns prédios, a rua era movimentada e por volta das seis da tarde aconteceu o inesperado: macacos de medidas humanas estavam invadindo a cidade. Inúmeros macacos corriam por todos os lados dominando e rendendo as pessoas, e os tais policiais que pretendiam manter a ordem não conseguiam mais do que ser eles próprios presos pelas suas presas. O desespero invadiu a mente dos transeuntes, assim como a mente de Anastácia e seus companheiros, as perguntas que reinavam eram óbvias: o que fazer? O que está acontecendo?
Anastácia acordou encharcada de suor, apesar de ser inverno mesmo assim suava em bicas, o cobertor da cama dava nojo, a insônia imperou e o sonho não saiu de sua cabeça. Há muito Anastácia estava desiludida com o ser humano, suas crenças e valores estavam se mostrando ferramentas gastas e ludibriadas, sua idéia de evolução ia por água abaixo, o ser humano se mostrava cada vez mais passível de reprovações. Anastácia acreditava estar quase totalmente só com seu universalismo ético e suas teorias de que nascemos para melhorar e não o inverso. Com este sonho ela teve quase a certeza de que a “revolução dos bichos” iria verdadeiramente acontecer; o homem estava se transformando em macaco, era um retorno, um presságio de algo que talvez nunca tenha deixado de ser, talvez nunca tenhamos saído dos primórdios, talvez o homem nunca tenha deixado de ser macaco e o máximo de sua descoberta seja o fogo.
Anastácia estava convencida de que este era o significado de seu sonho e, afinal, por que não; os homens ainda possuem a mania de catar piolho uns nos outros, só que agora adaptamos nossa catação para os cravos e espinhas, os homens ainda andam em bandos, afastando aqueles que representam alguma ameaça. Era isso, a resposta de todas as perguntas; finalmente Anastácia não iria mais passar as noites em claro se perguntando por que era tão rigorosa com seus valores éticos e morais enquanto outros nem mesmo possuíam algum, era isso; o ser humano afinal de contas ainda era um homem das cavernas; os cortes de cabelo e as roupas, os livros e os estudos eram apenas fantasias para se tentar disfarçar o inevitável, ainda somos brutos e insensíveis, individualistas e desumanos, animais escondidos atrás de algo denominado razão. Era isso, Anastácia de agora em diante dormiria melhor, não tentaria mais entender o homem, nem o mundo, nem a política econômica mundial, nem a fome, nem o holocausto, nem as guerras irresponsáveis, nem nada; Anastácia iria dormir em paz, pois não acreditava mais na razão, afinal, ainda somos macacos.
por Silvia: Anastácia sou eu, por que escolhi esse nome ainda não tenho certeza, mas é provável que tenha inspiração no “Sítio do Pica-pau Amarelo”; mas diferente de mim, ainda acredito na razão e que estamos aqui com o intuito de melhorar e não de piorar, por mais difícil que seja de se acreditar nisso.
7 comentários:
Me fez lembrar uma passagem escrita pelo homem da minha vida:
"Meu amor
Vi chegando um trem do candango
Formando um bando
Mas que era um bando de orangotango
Pra te pegar"
Muito bom Silvia!
Gente, estou cada vez mais feliz de ver os posts! Fico feliz de fazer parte de um grupo raro que pensa. Sílvia, adorei o texto e a Anastácia. Amanhã é minha vez hehe
é.... sem dúvida estamos aqui pra melhorar sim!
E apesar de tudo estar invertido... de ponta cabeça, eu tenho fé na humanidade...
eu tenho fé!
um beijo e nitodas e boa semana!
Silvia, adorei seu texto! Tá muito legal ver cada dia o estilo diferente de cada uma. A partir desta semana já teremos os dois posts diários, e aí vai ser só correr pra galera!!
Parabéns pra nós!!!
Silvia...
Que texto bacana! Como você tem um jeito peculiar de escrever, adorei! Concordo que somos "seres humanos animais", isto faz parte de nossa natureza instintiva; e acredito que, apesar disso, nascemos para melhorar, e não para apenas cumprir o ciclo, porque temos a capacidade de raciocinar!
E olha que interessante: nosso projeto pelo menos tenta fazer as coisas melhorarem, ao unir pessoas tão diferentes e complexas que se comprometeram em escrever aqui e assim evoluir pessoal e coletivamente!
Parabéns pelo texto!
Vamos fazer uma revolução! Também fico espantada com pessoas que teimam em agir deixando de lado diretrizes tão importantes como educação, respeito, cordialidade, paciência, lealdade, honestidade e empatia. Vamos continuar plantando nossas sementes...
Sílvia,
a palavra é realmente essa:ACREDITAR. E é isso que me faz ser educadora! Seu texto nos conduz a uma reflexão profunda e à certeza de que precisamos continuar.Quem trabalha com jovens e adolescentes sabe que a realidade é mesmo essa e que é preciso fazer um movimento constante para nortear essas cabecinhas!
Grande abraço,
Vanessa.
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