“Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata”.
(Reverência ao Destino, Carlos Drummond de Andrade)
Eu fiquei imaginando quando este dia chegaria e se eu teria coragem de compartilhar meu lado mais reflexivo (e também triste e sombrio) com vocês... O dia chegou e eu tive coragem. Talvez seja um pouco cedo, mas como o meu descompasso com o “senhor tempo” é grande, não poderia esperar que fosse de outra forma.
Hoje estou muito sensível (mais que o normal) e me questionando (muito mais que o normal) sobre o que tenho feito de minha vida...
Será que naquele instante antecedente ao de partir haverá algo de bom eternizado em meu coração?
Será que realmente terei vivido ou amado intensamente? Qual é este limite?
Será que terei caminhado pela trilha mais fácil ou terei seguido meus instintos? Mesmo sabendo que isso me custaria muito...
Será que já é muito tarde para pensar no que terei guardado? Não devia estar pensando nisso há mais tempo?
Será que terei sido franca comigo mesma algum dia? Ou ainda usarei a máscara que carrego como fardo? Não por vontade, simplesmente por não saber ao certo se deveria tirá-la...
O eterno, infelizmente para mim, ainda tem um saldo negativo hoje e, por esta razão, costumo chamá-lo de cicatriz... Ter deixado de lado muito cedo as bonecas que talvez ainda hoje devessem me acompanhar; ter acreditado que nos mais difíceis momentos eu caminharia sozinha; ter assumido como regra que jamais me mostraria de verdade a alguém por medo, por vergonha, por insegurança e por proteção (daí usar a máscara)... Estas convicções, que fiz o possível e o impossível para sustentar, são reflexos de instantes ruins eternizados, minhas cicatrizes, as quais sempre quis esconder, mas acabei por destacar, diante de tais atitudes...
Tenho medo, estou muito assustada. Hoje eu me conheço melhor, o que é bom, mas este processo de autoconhecimento traz em si muitas dúvidas e infinitas questões pairam no ar... Eu me pergunto se conseguirei agir de maneira a ser esta pessoa que encontrei, da qual realmente gosto e a única que me libertará deste vazio. Conseguirei ser este “eu” que descobri? E do alto dos meus 27 anos, não tão bem eternizados, sinto certa angústia, deveras crescente...
Em um dia tão repleto de perguntas, para as quais ainda não achei as respostas que gostaria, consegui encontrar uma certeza: independente de êxito, lutarei para fazer diferente o que em mim me incomoda, pois há em meu coração esperança e força de vontade para isso. Estas sim, decorrentes de um instante mágico, que talvez devesse ser o único a chamar de eterno em minha vida...
Conversamos novamente na próxima quarta-feira. Fiquem bem!
“Paula é uma montanha russa quando a questão são seus sentimentos. Está um pouco sensível demais hoje e repleta de incertezas, mas acredita que um dia sempre vem após o outro e é isso que a mantém viva... Escreve aqui toda quarta-feira”.
11 comentários:
Oi Paula,
Coincidentemente hoje acordei sensível também, ontem a noite fiquei refletindo sobre minha vida, minhas conquistas, minhas não conquistas, onde estou profissionalmente, onde quero chegar...Isso me fez acordar hoje com um estado de espiríto meio confuso, mas o final do seu post me deu força para mudar o que também acho q preciso e lutar para que meus sonhos cada vez mais se tornem realidade.Obrigada!
bjs
"Ando tao a flor da pele, qualquer beijo de novela me faz chorar..."
Eu tambem ando muito sensivel. Forca pra gente!
Beijos
Oi Paula, gostei muito do seu texto. E pode ter certeza, realmente independente de qualquer exito, o melhor caminho é continuar lutando para fazer tudo diferente. E tenho certeza que um dia conseguimos. Beijos
Esses dias tem seu valor... com certeza. Aproveite! bjs
Concordo com a Aline.
Esses dias reflexivos são necessários para nosso crescimento e aprendizado.
É como um balanço de tempos em tempos.
Pelo menos é para ser proveitoso.
Gente, estou realmente aliviada. Eu me sentia um et. Agora tôvendo que esses momentos reflexivos fazem parte da vida das pessoas.
Pois é.... Lendo esse post a gente tem a sensação que alguém roubou nossos diários e publicou, né? Também tive minhas ondas de reflexão esses dias. Será uma pandemia?
E hoje li um texto (aliás, um pedaço do livro que estou lendo) sobre máscaras, e de como são essenciais na minha profissão. Fiquei meio em choque quando li que até mesmo a autenticidade é uma máscara, mas depois dei o braço a torcer. A cada dia que passa tenho mais certeza que atrás de cada máscara que tiramos tem outra, outra e mais outra...
Lindo post, lindo o blog.
PS.: Apesar de comentar pouco, tenho lido sempre! Não largo de vocês de jeito nenhum, e vou estar na primeira fila na entrevista do Jô!
Acho que todos nos perguntamos quem somos realmente, se estamos vivendo de acordo com o que acreditamos ou apenas vivendo, se estamos dirigindo a nossa vida ou sendo apenas os caronas; e tem sempre aquele momento em que a gente acha que poderia ser melhor do que é, ser mais feliz, mais alegre, mais entusiasta, mais tudo de bom. Bom, tenho percebido, pelo menos em mim que eu quero sim, ser essa pessoa, e estou me policiando para não fazer mais o que eu não gostava, mas continuava fazendo; mesmo que eu tenha que forçar a barra comigo, está na hora de sermos felizes do jeito que queremos, afinal a gente tem esse poder dentro de nós e mereçemos. Beijos mil.
Que bom que você encontrou forças no texto, Débora, já valeu o dia!
Eu nem preciso dizer quanto estou à flor da pele, não é, Sisa rsrs?
A saída é essa Vivian: lutar, mesmo correndo um grande risco de quebrar a cara no final!
Aline e Milena, concordo que estes dias têm seu valor e que um balanço é fundamental. Mas só depois que passam rs!
Também me senti um ET quando enviei o texto Laeticia! Mas pelo visto é mais comum que se pensávamos...
Persona do cerrado, obrigada! Pensei quando você ia comentar um texto meu, pois adoro ler seus comentários! Acho que é uma pandemia mesmo! Mas passa, como toda pandemia que se preze!
É, Silvia, questionar até que não é tão difícil. Agora, encontrar a tal força interior é dureza! Você mencionou "ser motorista e não passageiro na vida"; engraçada coincidência, pois estou escrevendo um post com este título!
É, às vezes pensamos em explodir nesses momentos de questionamento. Ainda bem que agora estamos juntas para nos entendermos.
Parabéns pelo texto
Bjos
Angel
Obrigada, Angel!
Sorte que estes dias passam e que não precisamos de medidas extremas, como explodir rsrs!
Bjs.
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