terça-feira, 6 de novembro de 2007

Fora dos Padrões

No último mês participei de algumas discussões a respeito de mulheres às voltas com seus 30 anos. Foram discussões amigáveis, mas, infelizmente, me inspiraram a concluir que a maior parte da sociedade não desgruda dos estereótipos cretáceos.

Tenho uma colega de trabalho, com quem convivo bem, que me diz que estou “fora dos padrões”. Toda vez que a ouço dizer disso penso: QUE PADRÃO É ESSE? É LEI? ONDE ESTÁ ESCRITO ISSO? QUEM ASSINOU? ALGUM TIRANOSSAURO? Ela diz isso porque não me comporto com ela e como outras mulheres de nossa idade (33) que ela afirma que se comportam da mesma maneira. Ela sempre me aconselha: NÃO PENSO QUE UM HOMEM VAI RESOLVER A SUA VIDA, MAS SE VOCÊ ARRUMAR UM NAMORADO, SUA VIDA VAI MUDAR. ????? Ahnnn??? Como assim? Ela começou a namorar o atual namorado dizendo para as pessoas mais íntimas que tinha intenção de um relacionamento sério com alguém e caso elas tivessem quem apresentar, lá estava ela. Legal... Resultado: a colega me cobra esse comportamento, afirmando que vai dar certo comigo também. Outro ponto que, aos olhos dela, me coloca fora dos padrões femininos, é resolver a maioria dos meus problemas práticos sozinha como carregar objetos com mais de 1kg e trocar pneu de carro, por exemplo.

Se estou mesmo fora dos padrões inventados pelo tal TIRANO, é aqui que quero ficar. Não saberia me comportar como ela. Antes de tudo, não tenho o “sonho dourado” do casamento como a colega tem. Acredito que uma boa companhia pode ser bastante benéfico pra mim, mas nem por isso consigo sair por aí com minha AR15 em punho a procura de um alvo qualquer para exibir para as colegas de quartel. Não, não quero encontrar alguém para mostrar à sociedade que tenho companhia. Quanto aos problemas práticos que resolvo sozinha, a explicação está em minha personalidade. Sou amante da liberdade e sou também impaciente. Se sei fazer algo, prefiro fazer a esperar que alguém faça por mim. Admito que esse comportamento possa espantar alguns homens, mas essa sou eu.

Estar acompanhada não é nada fácil pra mim. É que a maior parte dos meus 33 anos estive sozinha. Só namorei durante 3 anos e 9 meses, mesmo assim mais ensinei que aprendi. Uma amiga outro dia me disse que me prefere sozinha que acompanhada. É que me atrapalho muito quando surge alguém em minha vida. Sei resolver melhor os problemas da vida a sós. Os problemas de uma relação ainda me confundem, falta de prática... Isso não quer dizer que eu prefira ficar só. Não. Uma boa companhia é excelente em qualquer momento, ainda mais se houver um sentimento especial para fortalecer a união. Porém, na falta dessa BOA companhia, ficar sozinha é a alternativa perfeita.

Tudo de melhor que surge em nossas vidas, vem de forma natural. Sem caça, sem estratégias, sem joguinhos, sem padrões. É assim que quero amar e ser feliz.


Angélica é adepta fiel do “antes só do que mal acompanhada”. Não sabe jogar para ser feliz porque acredita que Felicidade é transparência. Escreve aqui às terças.



4 comentários:

Carolina disse...

Angélica...
gostei do seu texto, tbm penso que antes só do que mal acompanhada, ao contrário da minha avó que diz com orgulho, "que isso, ficar sozinha é muito ruim com certeza antes mal acompanhada do que só", inclusive este era o tema no almoço de ontem..rsrs
continue assim, não corra atrás das borboletas, continue enfeitando seu jardim que elas virão até você!
bjs
boa semana

Gisele Lins disse...

Pior do que estereótipos e rótulos é alguém tentando te convencer de que você está errada em ser o que é.
Também sou fã de furadeira, troco resitência de chuveiro, faço instalação elétrica (tá, das mais simplezinhas). Também sei bordar, costurar e cozinhar que é uma belezinha. Não sou mais nem menos menininha por isso.

E sim, antes só do que mal acompanhada, sempre!!!
Parabéns pelo texto, muito bom!

Sisa disse...

Eu troco chuveiro, conserto coisa em casa, não ligo pra nada disso. Mas tenho que admitir que uma companhia me faz falta, e preciso me trabalhar muito antes de acreditar que sozinha eu posso estar 100% feliz. Por outro lado não caio na conversa de qualquer fumo de rolo só pra ter companhia não...

Paula disse...

Angel, adorei seu texto! Concordo plenamente com o que você disse. As pessoas tentam se enquadrar em padrões e esquecem de ser o que são de verdade: vivem uma farsa para os outros e, o que é pior, para si mesmas...
Ninguém é feliz forçando a barra e uma dádiva da vida é deixar as coisas acontecerem naturalmente.
Caçar com AR15 não tem futuro mesmo rsrs!
Beijos.

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