segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Sobre Amélias e Patrícias

Quanto mais ouço “Ai, Que Saudades da Amélia”, mais penso no quanto Mário Lago foi imensamente injustiçado. Amélia ficou sendo a pior das criaturas, considerada submissa, servil, na cultura popular. E a gente aplaude Vinícius de Moraes, que tinha em seu discurso “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”!

Saindo em defesa da Amélia, acredito que ela era a sim a mulher de verdade, da maioria dos lares brasileiros. Afinal, o oposto da Amélia, creio ser hoje a Patricinha, a garota riquinha e fútil, que não gosta de trabalhar e vive para o consumo e as baladas! Que me perdoem as Pats, mas prefiro o comportamento das Amélias. Afinal, na música de Lago, a Amélia era a companheira, a mulher trabalhadora. E o não ter “a menor vaidade” é somente para comparar ao excesso de vaidade da outra, daquela que faz “tanta exigência”, e “só pensa em luxo”, e nem quer saber se o companheiro tem posses para mantê-la em alto padrão. A mulher a quem se opõe a figura da Amélia na música só pensa nela, não é companheira, e só quer o luxo. Se pararmos para uma reflexão, creio que sejamos mais Amélias do que Pats! Aliás, devíamos ter orgulho disso!

A mulher da sociedade atual cuida da casa, trabalha fora, tem uma carreira, estuda, tem família. Ela não é submissa, mas faz tudo. Amélia não era submissa, ela era companheira, ela fazia tudo, como tantas donas de casa da época e também de hoje!

É preciso fazer justiça a Mário Lago, que naquela época soube homenagear a figura feminina que não estava nas capas de revista, nem nos desfiles de miss. Ele, tão desprestigiado por sua Amélia, soube ver a mulher de verdade, em tempos que voz feminina só se ouvia a das “Cantoras do Rádio”.


O Ministério da Saúde Mental adverte: Tania é louca, e não é vacinada! Leia seus textos com moderação!

9 comentários:

Professora Vanessa disse...

Interessante, Tânia! Nunca tinha pensado a respeito. Vou valorizar mais o meu lado Amélia...
Bjs!
Vanessa

Unknown disse...

Eu também vou passar a buscar o meu lado Amélia. Também não sou Patrícia. E agora tenho crises de identidade... rs
Muito bom Tânia!

Sisa disse...

Eu tenho que admitir que sempre gostei dessa vida doméstica. Só que não somente a vida doméstica. Mas isso de cuidar da casa, de pessoas... acho bacana. Eu assumo a Amélia que existe dentro de mim!

Gisele Lins disse...

Pô Tânia, bacana!
Estes dias ainda comentávamos: quem foi, quem foi que começou a revolução dos sutiãs? Eu mato! Já pensou que belezinha, dividir seu tempo entre ficar bonita, aprender as lides e dividir a vida com as amigas? Hã?
Ei, gente, estou brincando, é claro, mas poderia não ser tanto ao outro extremo de hoje em dia, heim?
Ainda bem que temos alguns "Amélios" que também nos são companheiros!

Paula disse...

Tânia, adorei o mini resumo! Você é muito engraçada!
Quanto ao texto? Eu sempre tive um pouco deste lado Amélia: curtir minha casinha, meu marido, as minhas aventuras na cozinha... Não me envergonho, porque nem por isso deixei de buscar uma profissão e de ralar para me estabelecer nela. Acho que este lado me equilibra até.
Bjs.

Anônimo disse...

Tania, adorei o texto.
Estou fazendo parte dessa vida de 'Amelia moderna' ja tem um tempo. E é muito bom ser reconhecida!

Angel disse...

Que loucura adorável! Seu texto é ótimo e eu adoro Mário Lago. Ele nos deixou ótimas recordações, inclusive essa homenagem que só as Pats não devem saber cantar.
Bjos
Angel

Advokete disse...

Gente, preciso de um psicanalista! Não me encaixei totalmente no Amélia e estou à léguas da Paty!!

Trabalho e estudo igual uma doida, cuido da minha família (incluindo marido e cachorro), mas não sei nem ferver água sem queimar a mão! POr outro lado, conserto chuveiro e troco gás e lâmpada que é uma beleza.

Acho que sou mutante!

Anônimo disse...

É isso aí Tânia. É preciso priorizar os valores. E viva Mário Lago.

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