segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Um abismo crescente

Ouvindo “Wish you were here” do Pink Floyd, me veio uma lembrança que parece ridícula: quando eu ligava pra rádio, pedindo, por favor, para tocar a música que eu queria. Aí eu ficava colada no rádio para colocar gravar em fita cassete a tal música que eu gostava tanto. Então eu ouvia várias vezes até decorar (obviamente que numa versão só minha, uma paródia inigualável) ou então trocar com alguma colega a letra se fosse possível!

Aí parei pra pensar nas coisas que fazem parte da minha rotina e que não muito tempo atrás não existiam nem mesmo na minha cabeça! E agora fico perdida quando passo um dia sem internet ou se não tenho um cd pra gravar algo que preciso!

Não quero ser saudosista, do tipo: como tudo era mais simples e tal... Mas parando pra pensar em quão rápido as coisas mudam, não só pra mim, mas pra toda uma geração... Pensar que meus netos não vão acreditar quando eu contar que usava internet através de uma linha telefônica!

E por outro lado, pensar que dos meus 16 alunos, 15 nunca tinham encostado em um computador até que minha escola recebeu uma doação de um micro super antigo!
Coloquei-os pra digitar seus textos e fazer um desenho no Paint e eles saíram diferentes, maiores, com a cabeça mais erguida!

Isso faz a gente para pra pensar que na mesma velocidade em que novas tecnologias se incorporam tão rapidamente em nossas vidas (que às vezes nem percebemos), aumenta o vale (pra não dize precipício) entre quem tem acesso a isto e a quem não tem...

Será que vamos continuar nos entendendo por quanto tempo? Será que ainda nos entendemos?

Por enquanto vou levando-os pra digitar um texto no Word (Windows 95) e fazer um desenho no Paint...


Renata, uma mulher não tão plugada nas novas tecnologias, mas que vai sendo levada por elas e trabalha com pessoas que não sentem nem um respingo desta maré.



6 comentários:

Kimera Kenaun disse...

Renata,

1. 'Wish you were here', amo essa música
2. Sempre que me vê o orkut minha mãe diz como era bom o tempo que não tinhámos o Windons e eu e minha irmã nos divertíamos com o "Crayola", um software de atividades para crianças com desenhos para colorir e filminho de arte educativos, mto divertido por sinal.
3.Vc percebe que os tempos mudaram qdo se vê conversando com um amigo por SMS e ñ ligando normalemnte. Mesmo que ele more na mesma cidade que vc!!!
4. Se esse lugar q vc dá aula com um PC 95 for em são paulo eu peço encarecidamente que você me passe o contato, preciso fazer um trabalho de jornalismo comunitário...

bjos

Anônimo disse...

Oi Renata!
Nossa, me veio à cabeça velhas lembranças de esperar a música tocar no rádio para gravar em fita... e rezar para o locutor não ficar falando antes da música acabar, ou colocar a vinheta da rádio...
Tenho vontade de participar de um programa voluntário de inclusão digital. Falta vergonha na minha cara de procurar um local e me oferecer. Pretendo fazer isso no próximo ano!
Bjs!

Angel disse...

É surpreendente, mas muitas pessoas, até em idade adulta, ainda nem tocaram em um computador. Sabem pra que serve, mas estão longe dessa realidade.

Pra quem lida com um deles o dia inteiro, às vezes até enche a paciência. Bom é mesmo dividir nosso conhecimento.
Ótimo texto Renata!

Sisa disse...

Oi Renata,
Eu sou mega plugada nas tecnologias, fico pensando como que vivi tanto tempo sem internet e celular. Sou tão viciada que mesmo sabendo que existem lugares onde não há nem comida (quem dirá computador), ainda fico chocada quando leio esse tipo de relato. Continue seu trabalho. Alguns desses meninos podem fazer diferença no mundo pelo simples motivo de terem tido uma oportunidade dessas, que parece pequena pra gente, mas pra eles é passo de gigante.
Beijos

Unknown disse...

Eu já tive até pesadelos de que teria de ficar 15 dias sem internet...
é o fim dos tempos mesmo, e o início de uma nova era.
nosso blog prova isso!
viva a tecnologia e a criatividade!
seus alunos se lembrarão para sempre da oportunidade =)

Paula disse...

Oi Renata.
Eu gosto dos avanços tecnológicos, e muito; meu único receio é a dependência que eles podem criar. Temos que aprender a viver a vida e a apreciar boas coisas mesmo sem tecnologia. Me assusta muito o modo desregrado como o ser humano faz uso destas facilidades...
Muito bom o texto!

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