Exatamente uma semana atrás tive uma sensação de desamparo que poucas vezes senti na vida. Fui ao correio e, chegando 40 minutos depois, dei de cara com a porta do meu apartamento aberta, duas vizinhas na porta me procurando pra fechar, e Hector, meu notebook, tinha sumido sem deixar vestígios. Sensação de impotência, injustiça, desespero quando se acontece uma coisa dessas longe do colo da mãe da gente.
Burocracia. Ligar pra administradora dos aluguéis da Universidade, pra polícia... Que surpresa boa. Não que eu tenha queixa da polícia brasileira. As poucas vezes que precisei, foram ótimos comigo. Mas o profissionalismo, a acolhida e a doçura dos policiais daqui me encantaram. Fui parar na delegacia inchada de tanto chorar. Desesperada, desamparada, chateada, parava o que estava falando pra ter uma crise de choro enquanto Laeticia me ligava desesperada perguntando se estavam me tratando bem.
Sim, fui muito bem tratada. Com direito a ganhar lenço de papel para as lágrimas. Viatura me trazendo em casa pra buscar documentos que faltavam. Convite pra uma pizza que chegava pro jantar dos plantonistas. Coisas simples que me davam a sensação de que eu não estava tão sozinha quanto parecia. Palavras de conforto que vinham na hora que eu mais precisava. Depois mandaram à minha casa mais dois policiais que fizeram recolha de vestígios, de (poucas) digitais, enfim. Tive a sensação de que tudo que podia ser feito estava sendo feito, e isto me deu uma confiança muito grande.
No dia seguinte obtive mais informações e voltei à polícia. Novamente fui recebida muito bem. Recebi instruções de como agir diante da nova pista, recebi atenção, uma sensação de um pouco mais segurança, mesmo que não tenha sido necessário ligar pra eles, como eles se ofereceram pro caso de sentir medo.
Na madrugada de domingo pra segunda Hector foi abandonado na porta do meu apartamento. Segunda cedo fui levá-lo pra perícia, e novamente fui bem recebida, inclusive com convite para ir à delegacia conversar se algum dia me sentisse sozinha, ou quisesse conversar. Fico sinceramente emocionada de ver pessoas estranhas dando seu melhor, sendo humanas em uma situação em que alguém se sente tão frágil.
Pra melhorar minhas surpresas, mandei um mail para o Embaixador do Brasil em Portugal, pedindo que enviasse uma carta de agradecimentos à polícia daqui, pela forma como me trataram, que foi muito além da obrigação deles. Vinte minutos depois, recebi a ligação do Embaixador, em pessoa, pra saber o que havia acontecido e para pegar o nome e o telefone do chefe de polícia. Ele fazia questão de telefonar e falar com ele, agradecendo pelo tratamento que me foi dispensado. Cordial, amável, prestativo. Fiquei emocionada por reconhecer naquele homem alguém por quem eu realmente me sinto representada.
Ontem levei à delegacia cartões de agradecimentos e bombons pra equipe. Acho importante tentar ser gentil e atenciosa com pessoas que fizeram diferença na nossa vida. Assim a gente cria um círculo virtuoso e sempre surge uma esperança de que sim, esse mundo louco que a gente vive tem jeito.
Burocracia. Ligar pra administradora dos aluguéis da Universidade, pra polícia... Que surpresa boa. Não que eu tenha queixa da polícia brasileira. As poucas vezes que precisei, foram ótimos comigo. Mas o profissionalismo, a acolhida e a doçura dos policiais daqui me encantaram. Fui parar na delegacia inchada de tanto chorar. Desesperada, desamparada, chateada, parava o que estava falando pra ter uma crise de choro enquanto Laeticia me ligava desesperada perguntando se estavam me tratando bem.
Sim, fui muito bem tratada. Com direito a ganhar lenço de papel para as lágrimas. Viatura me trazendo em casa pra buscar documentos que faltavam. Convite pra uma pizza que chegava pro jantar dos plantonistas. Coisas simples que me davam a sensação de que eu não estava tão sozinha quanto parecia. Palavras de conforto que vinham na hora que eu mais precisava. Depois mandaram à minha casa mais dois policiais que fizeram recolha de vestígios, de (poucas) digitais, enfim. Tive a sensação de que tudo que podia ser feito estava sendo feito, e isto me deu uma confiança muito grande.
No dia seguinte obtive mais informações e voltei à polícia. Novamente fui recebida muito bem. Recebi instruções de como agir diante da nova pista, recebi atenção, uma sensação de um pouco mais segurança, mesmo que não tenha sido necessário ligar pra eles, como eles se ofereceram pro caso de sentir medo.
Na madrugada de domingo pra segunda Hector foi abandonado na porta do meu apartamento. Segunda cedo fui levá-lo pra perícia, e novamente fui bem recebida, inclusive com convite para ir à delegacia conversar se algum dia me sentisse sozinha, ou quisesse conversar. Fico sinceramente emocionada de ver pessoas estranhas dando seu melhor, sendo humanas em uma situação em que alguém se sente tão frágil.
Pra melhorar minhas surpresas, mandei um mail para o Embaixador do Brasil em Portugal, pedindo que enviasse uma carta de agradecimentos à polícia daqui, pela forma como me trataram, que foi muito além da obrigação deles. Vinte minutos depois, recebi a ligação do Embaixador, em pessoa, pra saber o que havia acontecido e para pegar o nome e o telefone do chefe de polícia. Ele fazia questão de telefonar e falar com ele, agradecendo pelo tratamento que me foi dispensado. Cordial, amável, prestativo. Fiquei emocionada por reconhecer naquele homem alguém por quem eu realmente me sinto representada.
Ontem levei à delegacia cartões de agradecimentos e bombons pra equipe. Acho importante tentar ser gentil e atenciosa com pessoas que fizeram diferença na nossa vida. Assim a gente cria um círculo virtuoso e sempre surge uma esperança de que sim, esse mundo louco que a gente vive tem jeito.
Sisa ama o ser humano, principalmente quando não há dúvidas de que ele merece este nome.
11 comentários:
Sisa, lindo texto...
tenho quase certeza de que o que aconteceu com vc foi uma exceção à regra... sorte sua!
já trabalhei na delegacia de polícia, e não era isso que via todos os dias!
e ainda bem que vc acredita no ser humano, continue assim..rss
bjs
"Héctor" !!! Seja Bem vindo... rsrsrsr
Tem coisas que só acontecem com você né Sisa?? rs
Pelomenos, no mínimo, você vai poder contar pros seus netos, afinal, foi praticamente um episódio do CSI, muito chique!!!
Espero que o Hector não tenha ficado traumatizado...vc eu sei que tá pronta pra próxima aventura.
Bjim!!!
Acho que suas lágrimas comoveram profundamente os lusitanos, por isso esse tratamento tão especial e cuidadoso. Mas, de qualquer forma, foi muito bom que tenha sido assim. Espero que você, mocinha chorona e querida, esteja bem. Beijos e um ótimo final de semana!
Rsssssssssss... Acabo por comentar...
Muitas vezes estamos t�o ofuscados com o brilho do diamante que esquecemos que nos faz mais falta um peda�o de carv�o para nos aquecer que uma j�ia enorme que nos fa�a estar escondidos com medo de tudo. Talvez as suas l�grimas corram porque as rela�es humanas precisam de ser regadas. Talvez tu sejas a respons�vel pelas coisas boas que te acontecem.
E j� agora... "Anda c� se faz favor..." rsssssssssssssss
N�o pares de chorar.
Realmente essas surpresas são confortantes, enchem o coração de alegria e esperança. Que bom que tudo se resolveu e vc ainda fez amigos....
Beijos
Oi Cecília!
Lendo seu texto, confirmei um sentimento (na verdade, mais uma esperança) de que o bom ser humano existe independente do lugar, da situação ou da conveniência.
Fazer o bem não importa a quem provoca uma sensação muito boa na gente; e quando somos o "quem", a sensação é mais confortante ainda!
Só uma coisa: sem mais surpresas até fevereiro, ok? Rsrsrs.
Beijos!
O ser humano é mesmo surpeendente.Há sim pessoas boas e muitas, graças a Deus. Agora conta pra todo mundo essa história da pizza direito, viu?! Rssss!!!
Bjs!
Ô Cecilia..que pena que aconteceu isso com vc...a vida tem dessas coisas msm..mas o importante é que as pessoas dai,me refiro aos policiais,te trataram bem..
Espero que vc esteja bem..
Mil beijos..adoro vc...
Sisa,
É bom saber que nossos compatriotas são bem amparados aí em Portugal. Fico realmente feliz com isso!
Já vi muita gente que, estando em um país estranho, se viu desamparada, mal atendida e até mesmo discriminada em situações onde o que mais precisava era o apoio e a compreensão das autoridades competentes.
Muito legal sua história. Nos dá realmente esperança de que as coisas podem mudar...
Abraço.
Aaaaaah, comeu pizza?Levou bombom?
Todos muuuuuito prestativos...rsrs
Bem que minha mãe me disse!!!!
Mil beijos linda!!!!E boa sorte em sua nova fase com Hector!!!
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