Sabem, na minha vida passada eu fui um grande peixe de água salgada. Tenho absoluta certeza. Um peixe que vagava livre pelas correntes de águas frias e quentes. Uma criatura muito feliz que encontrou a plenitude ao avistar de longe o porto e a ilha, os corais e os cardumes, as estrelas-do-mar e os cavalos marinhos.
Essa é a única explicação que encontro para o meu fascínio pelo mar. Para a emoção que me invade o peito todas as vezes que, descendo a serra, eu o avisto ao longe. Para a falta que sinto dele nessa cidade tão distante do mar.
No mar é onde eu me sinto plena. É onde eu renasço. É onde sinto brotar minhas energias. Na areia é onde me elevo. É onde me sento a contemplar. É onde me sinto mais livre e mais leve.
Nunca me canso de observá-lo em suas diversas nuances. Seus azuis profundos, seus verdes intensos, seu espelho para a lua. Nunca me esqueço de suas águas cristalinas, das suas conchas de presente, das ondas que sempre me surpreendem, da espuma que se esvai devagar na areia branca como a neve, ou dourada como o sol.
Respeito sua força e sua vontade. Sua necessidade de às vezes ser cinza e revolto. Sua intenção de nos mostrar o quanto somos pequeninos diante dele, da vida, de tudo. Se eu rezasse, agradeceria todos os dias por ele, pela maré, pelos peixes, pela areia e pelo sal.
É no inverno que ele é mais belo. Nas noites frias e enluaradas ele sempre me parece imenso e impetuoso. Carregando barcos e destinos ao seu bel prazer. Escondendo as mais sublimes belezas e os mais terríveis perigos. Nos encantando e ao mesmo tempo despertando nossos medos mais profundos. Separando continentes. Separando corações.
Não posso dizer se ele precisa de mim como eu preciso dele, ou se sente saudades como eu sinto. Mas tenho certeza de que ele vem me abraçar todas as vezes que eu corro ao seu encontro. Tenho certeza de que ele me abençoa todas as vezes em que me viro para dizer até breve. Tenho certeza de que ele me levaria com ele, se assim eu desejasse. E tenho certeza de que um dia desejarei.
Quero um dia poder dormir o sono eterno como dormiu Alfonsina, vestida de mar.
Mas antes disso, quero viver como Ana, a das palavras que agora empresto novamente:
“Ana e o Mar
(Fernando Anitelli – O Teatro Mágico)
Veio de manha molhar os pés na primeira onda / Abriu os braços devagar... e se entregou ao vento / O sol veio avisar... que de noite ele seria a lua / Pra poder iluminar... Ana, o céu e o mar
Sol e vento, dia de casamento / Vento e sol, luz apagada num farol / Sol e chuva, casamento de viúva / Chuva e sol, casamento de espanhol
Ana aproveitava os carinhos do mundo / Os quatro elementos de tudo / Deitada diante do mar / Que apaixonado entregava as ondas mais belas / Tesouros de barcos e velas / Que o tempo não deixou voltar
Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina? / Quem já conseguiu dominar o amor? / Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa? / Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?
Ana e o mar... mar e Ana / Histórias que nos contam na cama / Antes da gente dormir / Ana e o
mar... mar e Ana / Todo sopro que apaga uma chama / Reacende o que for pra ficar
Quando Ana entra n'água / O sorriso do mar drugada / Se estende pro resto do mundo /
Abençoando ondas cada vez mais altas / Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar / Desse novo amor... Ana e o mar”
Milena é alguém que não vê a hora de se aposentar e dormir todo dia com o mar sussurrando ao seu ouvido.
Essa é a única explicação que encontro para o meu fascínio pelo mar. Para a emoção que me invade o peito todas as vezes que, descendo a serra, eu o avisto ao longe. Para a falta que sinto dele nessa cidade tão distante do mar.
No mar é onde eu me sinto plena. É onde eu renasço. É onde sinto brotar minhas energias. Na areia é onde me elevo. É onde me sento a contemplar. É onde me sinto mais livre e mais leve.
Nunca me canso de observá-lo em suas diversas nuances. Seus azuis profundos, seus verdes intensos, seu espelho para a lua. Nunca me esqueço de suas águas cristalinas, das suas conchas de presente, das ondas que sempre me surpreendem, da espuma que se esvai devagar na areia branca como a neve, ou dourada como o sol.
Respeito sua força e sua vontade. Sua necessidade de às vezes ser cinza e revolto. Sua intenção de nos mostrar o quanto somos pequeninos diante dele, da vida, de tudo. Se eu rezasse, agradeceria todos os dias por ele, pela maré, pelos peixes, pela areia e pelo sal.
É no inverno que ele é mais belo. Nas noites frias e enluaradas ele sempre me parece imenso e impetuoso. Carregando barcos e destinos ao seu bel prazer. Escondendo as mais sublimes belezas e os mais terríveis perigos. Nos encantando e ao mesmo tempo despertando nossos medos mais profundos. Separando continentes. Separando corações.
Não posso dizer se ele precisa de mim como eu preciso dele, ou se sente saudades como eu sinto. Mas tenho certeza de que ele vem me abraçar todas as vezes que eu corro ao seu encontro. Tenho certeza de que ele me abençoa todas as vezes em que me viro para dizer até breve. Tenho certeza de que ele me levaria com ele, se assim eu desejasse. E tenho certeza de que um dia desejarei.
Quero um dia poder dormir o sono eterno como dormiu Alfonsina, vestida de mar.
Mas antes disso, quero viver como Ana, a das palavras que agora empresto novamente:
“Ana e o Mar
(Fernando Anitelli – O Teatro Mágico)
Veio de manha molhar os pés na primeira onda / Abriu os braços devagar... e se entregou ao vento / O sol veio avisar... que de noite ele seria a lua / Pra poder iluminar... Ana, o céu e o mar
Sol e vento, dia de casamento / Vento e sol, luz apagada num farol / Sol e chuva, casamento de viúva / Chuva e sol, casamento de espanhol
Ana aproveitava os carinhos do mundo / Os quatro elementos de tudo / Deitada diante do mar / Que apaixonado entregava as ondas mais belas / Tesouros de barcos e velas / Que o tempo não deixou voltar
Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina? / Quem já conseguiu dominar o amor? / Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa? / Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?
Ana e o mar... mar e Ana / Histórias que nos contam na cama / Antes da gente dormir / Ana e o
mar... mar e Ana / Todo sopro que apaga uma chama / Reacende o que for pra ficar
Quando Ana entra n'água / O sorriso do mar drugada / Se estende pro resto do mundo /
Abençoando ondas cada vez mais altas / Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar / Desse novo amor... Ana e o mar”
Milena é alguém que não vê a hora de se aposentar e dormir todo dia com o mar sussurrando ao seu ouvido.
6 comentários:
Milena, muito lindo seu texto.
Por um minuto achei que vc teria voltado para os sábados, pois de manhã era o texto da Sisa que aparecia aqui.
Eu espero não ter atrapalhado sua visita ao mar de 12 de outubro..
amigas não podem errar, porque se erram deixam de ser amigas, e se deixam de ser amigas, é porque nunca foram...
bjs
te adoro
e vou continuar a ler seus textos toda sexta feira!
A maior beleza da natureza, para mim, é representada pelo mar. Concordo plenamente com você: existe algo mais perfeito, belo, reconfortante, energizante, desafiador, impetuoso e acolhedor que o vai e vem das ondas salgadas?
O mar é o lugar em que sinto paz. Sempre que preciso de um tempo ou de novas energias, é para ele que corro e ele sempre me recebe de braços abertos, com um enorme sorriso!
Perfeito seu texto!
Beijos.
"Tenho certeza de que ele me levaria com ele, se assim eu desejasse. E tenho certeza de que um dia desejarei." Como te disse por mail, este trecho valeu a beleza do texto. Beijos!
Nossa!! A cada dia fico mais orgulhosa da sua veia art�stica! Muito bom o texto! bjs
MI, que lindo o testo sobre o mar...
Realmente, você deve ter sido um peixe de água salgada!!!
Que orgulho de ter uma amiga escritora!!!
Lindo demais!
Sou simplesmente louca por essa música... Mas o fascínio que vc tem pelo mar, eu tenho pelo vento ^^
bjo Mí, brigada por me apresentar esse blog, cada dia gosto mais dele...
Postar um comentário