Quando eu era criança, eu tinha um apêndice, diferente daquele que só serve pra dar apendicite. O apêndice, ou a apêndice do meu corpo, melhor dizendo, era os braços que eu precisava pra pegar alguma coisa no alto. Era as pernas que me levavam pela escola pra socializar, tímida que sempre fui. Era o olhar ameaçador que me defendia quando algum coleguinha queria brigar comigo. Era a cúmplice que me encobria quando eu fazia algum malfeito.
Minha apêndice também às vezes não concordava comigo, me dava uma pancada e me mandava ficar quieta. Até nisso minha apêndice ajudou minha vida, me ensinando a noção de perigo, e ensinando que manda quem pode, e obedece quem tem juízo. Resumindo, minha infância foi aditivada sempre com super poderes que estavam sempre dois anos, dois números no sapato, vinte centímetros e vinte quilos na minha frente.
A gente cresceu e a apêndice deixou de ser meus braços longos e pernas rápidas pra ser meu grilo falante, aparecendo e interferindo em horas certas pra evitar que eu caísse em uma roubada. Passou a ser o toque de bom humor na minha vida quando me matava de vergonha na frente dos meus namoradinhos. Tudo isso com alguns centímetros e vários quilos a menos que eu. Mesmo assim não me vingo das pancadas, afinal, como ela sempre me diz, “quem foi rei nunca perde a majestade”.
Depois a gente cresceu mais. Aparentemente eu já não precisava mais de braços longos, pernas rápidas, e o grilo falante já não era mais tão necessário assim. Mas quem pensa que abri mão da minha apêndice se engana. Ela se tornou ainda mais indispensável na minha vida, porque agora que eu não preciso do apêndice do corpo mais, eu enxergo que ela sempre foi, e principalmente foi, o apêndice da minha alma. Desses que servem pra bem mais coisas do que pra inflamar.
Sisa tem 28 anos e desde a barriga da mãe ama uma apêndice chamado Laeticia. Acredita que os amigos são os irmãos que a gente escolhe, mas que os irmãos são os amigos que a gente ganha de presente antes de nascer.
Minha apêndice também às vezes não concordava comigo, me dava uma pancada e me mandava ficar quieta. Até nisso minha apêndice ajudou minha vida, me ensinando a noção de perigo, e ensinando que manda quem pode, e obedece quem tem juízo. Resumindo, minha infância foi aditivada sempre com super poderes que estavam sempre dois anos, dois números no sapato, vinte centímetros e vinte quilos na minha frente.
A gente cresceu e a apêndice deixou de ser meus braços longos e pernas rápidas pra ser meu grilo falante, aparecendo e interferindo em horas certas pra evitar que eu caísse em uma roubada. Passou a ser o toque de bom humor na minha vida quando me matava de vergonha na frente dos meus namoradinhos. Tudo isso com alguns centímetros e vários quilos a menos que eu. Mesmo assim não me vingo das pancadas, afinal, como ela sempre me diz, “quem foi rei nunca perde a majestade”.
Depois a gente cresceu mais. Aparentemente eu já não precisava mais de braços longos, pernas rápidas, e o grilo falante já não era mais tão necessário assim. Mas quem pensa que abri mão da minha apêndice se engana. Ela se tornou ainda mais indispensável na minha vida, porque agora que eu não preciso do apêndice do corpo mais, eu enxergo que ela sempre foi, e principalmente foi, o apêndice da minha alma. Desses que servem pra bem mais coisas do que pra inflamar.
Sisa tem 28 anos e desde a barriga da mãe ama uma apêndice chamado Laeticia. Acredita que os amigos são os irmãos que a gente escolhe, mas que os irmãos são os amigos que a gente ganha de presente antes de nascer.
8 comentários:
(olhos cheios d´água) Acho que de tudo de bom que nossa mãe nos ensinou, ter no irmão um amigo de verdade foi dos ensinamentos mais valiosos. Tb acho que irmãos são presentes que a gente ganha. Mas no meu caso, foi depois que eu nasci mesmo hehe. Ter um irmão amigo não tem preço. E apesar das diferenças, que não são poucas, e de alguns buracos na tábua, somos amigas de verdade.
Ai que lindo!!!! Sempre admirei a cumplicidade entre vcs duas.
Gostaria muito de dizer que tb tenho um irmão apêndice...mas fico feliz com os amigos apêndices que conquistei pela vida.
Beijos!!!!
Cecília...
Este é um dos textos mais bonitos que você escreveu! Estou com os olhos mareados até agora...
É realmente uma benção poder ter uma pessoa assim na vida!
Como eu não conheço pessoalmente vocês duas, já tinha idealizado na minha cabeça como seriam estas duas irmãs aqui do blog. E com este texto vi que não errei muito rs.
Parabéns!
Ai! Amei, morri, lindo; como sempre e não sei como vc consegue expressar os sentimentos de forma que a gente sinta também....lindo! Beijos, Silvia.
Nossa! que texto lindo! por algum acaso (eu n sei qual) tbm me identifico! adorei a metáfora.
Eu que já gosto de chorar, encontrei um bom motivo. Ainda bem que somos só nós dois (eu e o computador).
Amei o texto! É lindo ver uma amizade sincera entre irmãos.
Gostaria de viver uma história como essa, mas acho que não vai dar, não nessa encarnação.
Pra compensar tenho poucas e grandes amigas. Graças a Deus!
Estou tentando fechar a torneirinha, mas não consigo...rsrsrs
Beijos!
Um dos maiores orgulhos da minha vida é ter duas filhas tão amigas que parecem irmãs e tão irmãs que, mesmo sendo inteiramente diferentes, se amam e se dão incondicionalmente uma à outra. Assim são Laeticia e Cecilia.
Tenho certeza de que essa é uma conquista delas e que nossas vidas serão muito gratificantes, porque estão umbilicalmente ligadas. E bons sentimentos são contagiantes.
Nossa, nunca quis tanto ter uma irmã mais velha como quis ao ler esse texto!
Maravilhoso!
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