Lembro como se fosse hoje. A mãe chegava do supermercado com um pacote de compras (não aparecia seu rosto) e duas crianças, um menino e uma menina, surgiam correndo na cozinha. Ela, a mãe, abria lentamente o pacote pardo (vocês se lembram?), enquanto as crianças não se agüentavam de tão ansiosas. Do pacote saía uma lata com o rótulo colorido. A mãe também abria a lata com a mesma lentidão que havia aberto o pacote. As crianças acotovelavam-se. Enfim, lata aberta, um coelhinho de desenho animado misturava-se a pessoas reais. Uma musiquinha de fundo dava intensidade à cena e ao slogan que eu ouviria ainda muito pela minha vida afora: “Quick, faz do leite uma alegria!” Era uma propaganda.
Essa imagem me marcou de alguma forma. Não por querer experimentar o produto, mas por causa do coelhinho. Eu tinha uns quatro ou cinco anos e tudo o que uma criança dessa idade pode querer é um coelho que sai da lata ou qualquer uma dessas outras coisinhas fáceis de conseguir! Engraçado como a propaganda tem realmente o poder de incitar a imaginação, de despertar o desejo. Abri o berreiro e minha mãe prometeu comprar o produto na próxima lista. Claro que com recomendações bem didáticas, do tipo: “Vou comprar, mas não quero desperdício”; “Se eu fizer e você não tomar...”; “Vai ter que tomar tudo, se não apanha!”.
Percebi que a minha irmã também queria o coelhinho da lata e passamos a contar juntas os dias para as próximas compras do mês. Chegado o dia, compras na mesa, a lata! Minha mãe, sem saber, aumentava ainda mais a nossa ansiedade. A mesma lentidão da mulher sem rosto da propaganda minha mãe imitava, propositadamente ou não. “Abre, abre, abre”, pedíamos.
Minha mãe pegou a lata, tirou a tampa e....nada! Nos acotovelávamos também, como as crianças da propaganda, e a decepção foi geral. “Ah, tem um lacre!” “Deve ser para o coelhinho não fugir!”
Tirado o lacre...nada! “Será que ele está escondido?” “Eta coelhinho danado!” Pensamos em sacudir a lata para acordar o nosso mais novo nunca amiguinho, mas minha mãe já veio com um copão de leite e uma colher para tirar a medida de pó e preparar a bebida. Eu e Valéria, minha irmã, ficamos com medo da minha mãe machucá-lo e pedimos para nós mesmas tirarmos a quantidade de pó e jogar no leite. Ela permitiu nos supervisionado. Valéria tomou tudo. Eu não gostei, mas fui tomando meio a contragosto. “Talvez ele não queira aparecer para adultos! Lembra que a mulher da propaganda não tinha rosto?” Sem minha mãe saber, eu e minha irmã tiramos todo o pó da lata e jogamos na mesa. “Ele tem que estar em algum lugar! “É mesmo, na propaganda mostrou que vem.” Chegamos à mesma conclusão e fomos atrás da minha mãe:
- Mãe, tem que trocar a lata. O coelhinho não veio!
Vanessa hoje já sabe que não encontramos coelhos em latas, talvez em cartolas. Sabe também que se hoje é uma mulher feliz é porque um dia foi uma menina maluquinha. Ah, dedica esse texto a Paspatinha, cor de arco-íris e a Malu, não menos colorida!
Essa imagem me marcou de alguma forma. Não por querer experimentar o produto, mas por causa do coelhinho. Eu tinha uns quatro ou cinco anos e tudo o que uma criança dessa idade pode querer é um coelho que sai da lata ou qualquer uma dessas outras coisinhas fáceis de conseguir! Engraçado como a propaganda tem realmente o poder de incitar a imaginação, de despertar o desejo. Abri o berreiro e minha mãe prometeu comprar o produto na próxima lista. Claro que com recomendações bem didáticas, do tipo: “Vou comprar, mas não quero desperdício”; “Se eu fizer e você não tomar...”; “Vai ter que tomar tudo, se não apanha!”.
Percebi que a minha irmã também queria o coelhinho da lata e passamos a contar juntas os dias para as próximas compras do mês. Chegado o dia, compras na mesa, a lata! Minha mãe, sem saber, aumentava ainda mais a nossa ansiedade. A mesma lentidão da mulher sem rosto da propaganda minha mãe imitava, propositadamente ou não. “Abre, abre, abre”, pedíamos.
Minha mãe pegou a lata, tirou a tampa e....nada! Nos acotovelávamos também, como as crianças da propaganda, e a decepção foi geral. “Ah, tem um lacre!” “Deve ser para o coelhinho não fugir!”
Tirado o lacre...nada! “Será que ele está escondido?” “Eta coelhinho danado!” Pensamos em sacudir a lata para acordar o nosso mais novo nunca amiguinho, mas minha mãe já veio com um copão de leite e uma colher para tirar a medida de pó e preparar a bebida. Eu e Valéria, minha irmã, ficamos com medo da minha mãe machucá-lo e pedimos para nós mesmas tirarmos a quantidade de pó e jogar no leite. Ela permitiu nos supervisionado. Valéria tomou tudo. Eu não gostei, mas fui tomando meio a contragosto. “Talvez ele não queira aparecer para adultos! Lembra que a mulher da propaganda não tinha rosto?” Sem minha mãe saber, eu e minha irmã tiramos todo o pó da lata e jogamos na mesa. “Ele tem que estar em algum lugar! “É mesmo, na propaganda mostrou que vem.” Chegamos à mesma conclusão e fomos atrás da minha mãe:
- Mãe, tem que trocar a lata. O coelhinho não veio!
Vanessa hoje já sabe que não encontramos coelhos em latas, talvez em cartolas. Sabe também que se hoje é uma mulher feliz é porque um dia foi uma menina maluquinha. Ah, dedica esse texto a Paspatinha, cor de arco-íris e a Malu, não menos colorida!
6 comentários:
O que o ser humano tem de mais maculado e bonito é a pureza da infância, a inocência que decresce abruptamente com o passar dos anos. Esta sua lembrança, Vanessa, me fez pensar nas minhas e no que eu também acreditava, mas que não foram um choque quando descobertas falsas.
Na verdade, a felicidade da criança está em poder imaginar sem censura, sem aquela vozinha dizendo "pára, isto não existe e você está perdendo tempo".
Espero que sua paspatinha tenha uma infância feliz assim; este é um tesouro que não tem preço, a levar pela vida toda!
Ah, eu aderi à idéia da semana da criança, embora ainda não saiba o que escrever exatamente!
Beijos!
Vanessa...ou melhor Nesquique..srssrs
Essa sua historia é de dar gargalhadas...
Imagino a cena,de vc e da sua ima eperando o coelhindo sair da lata...eta Vanessa...
Muito legal sua historia..vc ira relembrar daqui a alguns ano com sua Paspatinha.
bjinhos..te adoro...
Oi Vanessa!
Você não imagina o tanto que eu ri imaginando a cena, Vanessinha e Valerinha revirando a lata pra encontrar o coelho, hahahaha... Criança é um barato.
Muito legal seu texto! Também me fez relembrar um monte de coisas da minha infância!Eu não achava q o coelho ia sair da lata, mas tinha certeza q o ovo de páscoa era deixado em baixo da minha cama pelo coelho da páscoa!rs
bjs
Vanessa, muito bom o texto.
Gostei até agora, na segunda vez que você "me contou".
Imagino você, doida pra achar um coelho dentro da lata rsrsrs...
Pela segunda vez que li, a minha primeira lembrança que me vem a cabeça sou eu vomitando quando caía trovão... não sei porque o.o
Do mesmo jeito, gosto das histórias boas, ou nem tanto de minhas "criancices" de 4,5,6,7,8 anos...espero que você leia todas as redações quinta-feira, porque pelo jeito vai sair muita coisa boa delas.
hsaushasuh!!
Oi professoraaa de literatura mais queridaa!! haush =D!
não me aguentei e tive que falar:
*V*A*N*E*S*Q*U*I*C*K*...
Beijuhss!!
o Blog tá lindooo!!
Beijus Marina! =)
Postar um comentário