Recomeçar

Sempre que a gente leva uma paulada nas costas, parece que nunca mais vai conseguir levantar. E quando digo paulada nas costas, não estou querendo dizer no sentido literal da frase não, e sim em todas essas ‘pegadinhas’ da vida. Morte, acidente, desilusão amorosa, problemas no trabalho, problemas financeiros e assim vai. Já percebi que principalmente depois dos 30 a gente tem mania de continuar na ‘inércia’, ‘seguir a onda’. Para vocês que não se lembram do Segundo Grau (ou ensino médio??), o Princípio de Inércia (1ª lei de Newton) diz que um corpo que não é submetido à ação de nenhuma força ou que é submetido a um conjunto de forças de resultante nula não sofre variação de velocidade. Isto significa que, se está parado, permanece parado, e se está em movimento, permanece em movimento, e a sua velocidade se mantém constante. Na verdade, melhor ainda, ‘todos os corpos são “preguiçosos” e não desejam modificar seu estado de movimento: se estão em movimento, querem continuar em movimento; se estão parados, não desejam se mover. Essa “preguiça” é chamada pelos físicos de Inércia e é característica de todos os corpos dotados de massa’. Então… como eu estava dizendo, depois dos 30 temos esta tendência de ficar na inércia. Se estamos em um casamento ou relacionamento que não está agradando, temos aquela tendência de deixar rolar mais um pouco, mais um pouco…e assim se vão anos. O mesmo acontece no quesito trabalho, se finalmente achamos aquela posição que parecia dos sonhos, mas que na realidade não é, a gente acaba acomodando e ficando, ficando…. de uma maneira, cada vez mais infeliz.

A gente tem que aprender a RECOMEÇAR… Na verdade, não importa se você vai se refazer da ‘sua paulada’ 2 dias depois ou 20 anos depois, o importante é recomeçar, tentar.

Essa coisa de recomeçar, veio na minha cabeça essa semana, por causa da história de uma amiga. Essa amiga viveu mais de 30 anos em um casamento falido, mas nunca tinha coragem de recomeçar a vida, sempre tinha medo. Passou anos sofrendo, achando que no próximo ano ia melhorar… mas no neste último ano, finalmente essa amiga acordou, e apesar dos problemas financeiros resolveu enfrentar essa nova vida sozinha. Com 55 anos de idade, achou que a vida afetiva já tinha acabado, afinal estava muito velha para essas coisas. Mas o destino tratou de dar um jeito nisso. Hoje esta amiga achou um novo amor, uma pessoa que dá para ela todas as coisas que o marido nunca deu: carinho, atenção, companheirismo. Se vai durar para sempre não sei, mas só essa tentativa já valeu a pena.

Eu posso ir mais longe ainda com minhas histórias de recomeço. Outro dia, assistindo à um programa americano de televisão (The Oprah Winfrey Show), vi a história de uma menina que bem podia ser uma de nós. Essa menina tinha sido uma boa aluna na faculdade, terminou os estudos em economia cedo e logo conseguiu um bom emprego na bolsa de valores de Nova York. Aos 30 e poucos anos já era chefe do departamento que trabalhava, e ganhava muito bem. Mas apesar do prestígio e do dinheiro, ela não estava satisfeita com seu dia a dia, de muito trabalho e de muita responsabilidade. Depois de muito pensar e planejar, ela decidiu largar o emprego, não só o emprego, mas toda a carreira dentro da economia. Hoje ela é trapezista, ginasta, e apesar de ganhar menos de 50% do que ganhava antes, está muito feliz. Bom, acho que não preciso comentar mais nada, né? Claro que nem todo mundo precisa ir ao extremo como ela fez.

Eu sei que esse tema pode parecer meio clichê, mas a gente mesmo assim tem essa tendência de esquecer, deixar para depois, ficar na inércia. O que muita gente não percebe é que aquela força que precisamos pra nos tirar da inércia, esta na verdade dentro da gente. Por isso eu digo para vocês minhas amigas, nunca é tarde para recomeçar!!

Liz acredita em recomeços, depois de uma desilusão no seu mestrado em física, não baixou a cabeça, e mesmo sabendo que a maioria dos seus colegas neste momento está começando ou terminando o doutorado, resolveu RECOMEÇAR e mudar totalmente de área. Começou recentemente um novo mestrado, agora no departamento de medicina (em neurociências). Ah sim, e está muito feliz com sua decisão, diga-se de passagem.